terça-feira, 6 de março de 2012

Na Síria, de Agatha Christie

Editora: Tinta da China
Ano de Publicação: 2010
Nº de Páginas: 290
O único livro assinado Agatha Christie Mallowan, da extensa obra bibliográfica da autora, foi este Na Síria (Come, Tell Me How You Live - título da edição original).
De cariz descritivo e informativo, este livro responde à pergunta que muitas pessoas faziam à escritora, sobre como e onde se vive em uma escavação arqueológica e o que se faz nessas expedições quando não se é um arqueólogo?
Após começarmos a ler esta «crónica inconsequente» (palavras da autora), vamos tendo a percepção de que o acrescento Mallowan faz todo o sentido. O seu apelido de casada, fez com que os seus habituais leitores tivessem a noção de que este não seria mais um livro de ficção policial, que Mr. Poirot ou Miss Marple fariam parte.
O livro está escrito na primeira pessoa, e não é mais do que o retrato de muitos dos seus dias pelo deserto da Síria, acompanhando o seu marido Max, arqueólogo, nas inúmeras expedições.
Christie prova com este livro o seu maravilhoso senso de humor, relatando as mais diversas e caricatas eventualidades ocorridas nessas viagens, tais como: os hotéis miseráveis; casas impróprias de se habitar; divertidos equívocos culturais; a relutância em tentar aprender o árabe; a comida e os cozinheiros; as divergências entre as religiões e nacionalidades, entre outros episódios, tal como o seguinte:
«Nunca fui pessoa que tivesse uma aversão exagerada a ratos, mas numa noite em Amuda foi uma experiência que nunca esquecerei…assim que apagamos os candeeiros, dezenas de ratos saem das paredes e do chão. Correm alegremente por cima das nossas camas, das nossas caras..ratos a puxarem-nos os cabelos – ratos! Ratos! RATOS!.
Acendo uma lanterna. Horrível! As paredes estão cobertas de criaturas estranhas, pálidas e rastejantes.»
Na sua autobiografia, Agatha refere-se a este livro como «ligeiro e frívolo», e acrescenta: «quem também não gostou muito do livro foram os meus editores. Estavam desconfiados e desaprovadores, com receio de que o livro fosse completamente despropositado. Estavam preparados para desconfiar de Na Síria ou, na verdade, de qualquer outra coisa que me afastasse dos meus romances policiais.»
Foi prazeroso ter conhecimento que «esses dias» e «esses lugares» descritos, existiram e que não são ficção.
Na Síria, é um livro da belíssima colecção de viagens da Tinta da China.

2 comentários:

MJ FALCÃO disse...

Vim espreitar a mulher fabulosa, Agatha!
Abraço

FLAMES (Mariana e Roberta) disse...

Gostava muito de ter e ler este :(