quarta-feira, 22 de maio de 2013

«Servidões» é o novo livro de poemas inéditos de Herberto Helder

Servidões
de Herberto Helder
Depois da publicação de A Faca não Corta o Fogosúmula & inédita e de Ofício Cantante, chega às livrarias na próxima segunda-feira, dia 27 de Maio, um novo livro de poemas inéditos de Herberto Helder, Servidões.
Livro de tiragem única que contém o poema:
 
até cada objecto se encher de luz e ser apanhado
por todos os lados hábeis, e ser ímpar,
ser escolhido,
e lampejando do ar à volta,
na ordem do mundo aquela fracção real dos dedos juntos
como para escrever cada palavra:
pegar ao alto numa coisa em estado de milagre: seja:
um copo de água,
tudo pronto para que a luz estremeça:
o terror da beleza, isso, o terror da beleza delicadíssima
tão súbito e implacável na vida administrativa

  • Primeiras páginas aqui e índice aqui.

Herberto Helder
Poeta e ficcionista, Herberto Hélder (1930, Funchal) frequentou a Faculdade de Letras de Coimbra e exerceu actividades profissionais ligadas ao jornalismo e à edição, tendo colaborado em diversas publicações como Graal, Poesia Experimental 1 e 2 e Pirâmide. Na sua poesia, integra a herança do Surrealismo, de Rimbaud e dos Contos de Maldoror de Lautréamont, assumindo todavia um percurso único nas letras.
Para Fernando Guimarães (cf. A Poesia Contemporânea Portuguesa e o Fim da Modernidade , 1989), na poesia de Herberto Hélder confluem duas tendências poéticas: uma de libertação da palavra, que liga a sua obra à experiência surrealista pelo encontro da imaginação com a linguagem e pela aproximação ao poder mágico da palavra; e uma poética de encontro com a palavra, que encerra o poeta no domínio da linguagem, pela experimentação lúdica, pela criação de grandes espaços metafóricos construídos a partir da recorrência de temas e termos condutores. Ao mesmo tempo, António Ramos Rosa (Incisões Oblíquas , 1987) vê uma distinção entre a poesia de A Colher na Boca , correspondente a uma primeira fase da sua experiência poética, onde o poema "é a um tempo mediação mítica e elemental e nele se transmudam originariamente todas as relações entre a consciência e a realidade" (p. 78), e a experiência de Poemacto e Máquina Lírica , onde a poesia hebertiana sofre uma transformação estrutural, o jogo verbal e os exercícios sobre a materialidade da linguagem tornando-se então dominantes; para, num terceiro momento, a partir de Retrato em Movimento , voltar a "um discurso em que a matéria do universo está presente com uma violência extrema". É este sentido de abolição da censura racional que preside também à sua obra ficcional, marcando Passos em Volta uma ruptura na narrativa dos anos 60, pela sua densidade imagística e irregularidade narrativa.
Foi galardoado com o Prémio Pessoa em 1994, que recusou. 
  • Obras do autor publicadas pela Assírio & Alvim:


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