quarta-feira, 25 de setembro de 2013

«O Aperto do Parafuso», de Henry James

Editora: Sistema Solar
Ano de Publicação: 2013
Nº de Páginas: 176

É confiado a uma preceptora a educação de dois sobrinhos de um respeitável senhor, que ausente de Bly, a propriedade rural onde moram Flora e Miles, dá ordem à jovem professora para que não o incomode com eventuais problemas que as crianças de oito e dez anos possam originar. Esta admoestação é a primeira das muitas 'estranhezas' que a educadora pressentirá nessa sumptuosa moradia. Ao narrar esta história ela afirma que inicialmente, no contacto que teve com as crianças, «havia neles o esplendor da saúde e da felicidade» e que não imagina por que o seu pupilo mais velho tenha sido expulso do colégio pois nele existe um «ar subtil e indiscritível de quem não conhecia mais nada no mundo além do amor.» Só que a sua tensão começa a ficar alterada quando Mrs Grose, a governanta, lhe conta que muitas perceptoras já tinham passado pela casa e ido sempre embora. A preceptora sendo inteligente e determinada resolve não se deixar intimidar pelos acontecimentos que tiveram lugar na casa e prossegue a educar os seus pupilos: «Eles só me tinham a mim (…) eu era um biombo — me punha-me à frente deles.»
Desde as primeiras páginas de O Aperto do Parafuso o leitor pressente que algo de aterrorizador irá acontecer a qualquer virar de página; aos poucos, através da linguagem que o autor utiliza, é criado suspense. Esse momento dá-se quando a preceptora visualiza uma figura de «olhar profundo e duro», junto a uma torre, no cair de uma noite. Esta será a primeira de sucessivas ‘aparições’ que têm lugar nos arredores e interior de Bly, e que exigem da jovem professora «sangue-frio». Quando ela descreve fisicamente os dois ‘visitantes’ à governanta esta diz corresponderem às figuras de dois mortos que viveram na casa: Peter Quint, um criado, e Miss Jessel, ex-perceptora das crianças. Neste ambiente sinistro a agitação e medo tomam conta da educadora (personagem a que Henry James não deu nome) e ela se depara tendo calafrios quando deambula na casa. Com o passar dos dias a preceptora chega à conclusão de que um complot existe entre as almas dos ‘visitantes’ e os miúdos: «Os quatro mantêm-se», conta-nos, «em permanentemente contacto.» Com o juízo que ainda julga ter ela fará o improvável para não deixar os seus ‘meninos’ autodestruírem-se.
O Aperto do Parafuso (obra traduzida em português também como O Calafrio) é um drama psicológico, repartido em vinte e quatro capítulos, que aborda temas do imaginário sobrenatural. Henry James criou com sucesso personagens enigmáticas, de enes máscaras, e não os faz despir desses eus facilmente, fazendo com que o leitor crie apego à leitura. A verdadeira genialidade deste livro resume-se à habilidade que Henry James tem de criar uma espiral crescente de suspense no imaginário de quem a lê. The Turn of the Screw foi originalmente publicado em 1898 e considerado a produção mais misteriosa da extensa obra jamesiana, que tem títulos como Washington Square e Os Manuscritos de Aspern.

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