sexta-feira, 4 de abril de 2014

«A Alma Humana», um dos mais bem conseguidos ensaios de Oscar Wilde



de Oscar Wilde


Páginas: 80
Editora: Colares Editora
 
«A primeira reacção do leitor dos nossos dias ao ver Oscar Wilde debruçar-se sobre os benefícios que os homens retirariam de uma sociedade regida pelo socialismo é o espanto: não é Wilde um dândi, um esteta, um provocador nato, numa palavra, um individualista? De facto assim é, para Wilde “O socialismo em si será precioso simplesmente porque desenvolverá o individualismo”, Eis um postulado que deve tudo ao paradoxo, senão mesmo à provocação, muito à maneira de Wilde… Esqueçamos então os nossos a priori sobre Wilde e os nossos a posteriori sobre o socialismo e as suas imperfeitíssimas tentativas de encarnar no século XX, e acompanhemos Oscar Wilde na sua demonstração, Oscar Wilde, demasiadas vezes reduzido ao escritor mundano ou ao homossexual vítima da repressiva moral vitoriana, era um homem do seu tempo, com múltiplos centros de interesse, entre os quais se encontravam a política e as questões sociais, E estas questões, ele aborda-as não apenas com a sua grande cultura, sensibilidade e liberdade de artista, mas também com o recuo e o acume daquele cuja homossexualidade o colocou à margem da sociedade do seu tempo, Sob a máscara do artista celebrado, existe o homem só (e que sabe que é vulnerável), sob a máscara do mundano, o crítico da hipocrisia, sob a superficialidade do paradoxo, a arma da dialéctica e sob a provocação ou a insolência, a intrepidez de pensamento, A Alma Humana reflecte todas estas facetas. (…)»
Danièlle  Birck (in prefácio) 


Excertos:
«A maioria das pessoas malbaratam a existência em virtude de um altruísmo doentio e exagerado» (p. 17)

«A verdadeira perfeição do homem consiste não no que ele tem, mas no que ele é.» (p. 26)

«O que um homem verdadeiramente possui está em si mesmo. O que está no seu exterior não deveria ter a mínima importância» (p. 27)

«Quão admirável será para nós a verdadeira personalidade de um homem quando depararmos com uma! Simples e naturalmente, ela desabrochará como uma flor ou desenvolver-se-á como uma árvore. Não tomará parte em conflitos, não contestará nem discutirá. Não quererá provar nada. Saberá tudo, mas não estará agrilhoada ao conhecimento. Terá o dom da sabedoria e a sua virtude não se medirá pela bitola dos bens materiais. Não possuirá nada, porém, terá tudo e, independentemente do que lhe tirar, não perderá nada, de tão rica que será. Não se imiscuirá continuamente nos assuntos alheios, nem pedirá aos outros que se lhe assemelhem. Amá-los-á. Justamente porque são diferentes.» (p. 29)



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