domingo, 21 de fevereiro de 2016

«A Morte de Ivan Ilitch», de Lev Tostoi

Editora: Alêtheia
Data de Publicação: Dezembro de 2015
N.º de Páginas: 150

Rússia. Década de 1880. Ivan Ilitch é um juiz conceituado que chega ao patamar cimeiro da hierarquia jurídica. A sua índole está em concordância com o que é esperado pela alta sociedade russa: inteligente, agradável e correcto. Tivera uma infância feliz, estudara Direito com dedicação, e os seus colegas o denominavam um ser sociável e alegre. Depois que casara e tivera filhos, contudo, o seu ânimo desfalece pouco a pouco.
No plano profissional, era um homem ambicioso, todavia competente. Na esfera pessoal, com o desenrolar dos anos perdera a proximidade com os seus familiares; mesmo sendo uma figura prezada pela elite social, os seus consanguíneos “não só evitavam encontrá-lo como nem se lembravam da sua existência”.
Ivan era um esposo e pai respeitado, um juiz eficiente e um cidadão com um status quo invejável. Visto de fora era um exemplo a seguir e a idolatrar. Mas seria ele uma boa pessoa? Ao longo da sua vida, deixara-se levar de acordo com os padrões de uma sociedade sustentada pelas aparências. Este homem teve que ficar doente para perceber que toda a sua vida fora desperdiçada. Será perante a enfermidade e a mais voraz das solidões que este homem de 45 anos percebe que foram poucos os momentos da sua vida que tiveram realmente significado. Será ao mesmo tempo que sente dores no corpo que lhe pesa a dor mais profunda: a que lhe corrói a alma…
A Morte de Ivan Ilitch, obra publicada em 1886, quatro anos depois de Tolstoi escrever Confissão (título também já publicado pela Alêtheia), é uma novela que testemunha os últimos meses de vida do personagem referido no título. Curiosamente e inteligentemente, logo no primeiro capítulo, o escritor russo informa o leitor sobre os primeiros momentos após a morte do protagonista, para nas páginas seguintes contar o percurso de Ivan Ilitch até esse ‘destino’, que é o de todos nós.
Um texto ímpar sobre a temática da morte, condensado em pouquíssimas páginas, escrito por um dos maiores nomes da literatura universal, que deixa o leitor a reflectir sobre o que faz e leva nesta e desta vida.
(Texto publicado na revista Mais, do Diário de Notícias da Madeira, em 21/02/2016)

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