quinta-feira, 20 de outubro de 2016

«Terra Abençoada», de Pearl S. Buck

Editora: Clube do Autor
Data de publicação: Setembro de 2016
N.º de páginas: 360

China, no início do século XX. Foi na cidade de Anhwei que Wang Lung nasceu e foi lá que ele fez-se homem. Este camponês vive com o seu velho pai, a quem teme desiludir, e por isso segue a fio todas as suas ordens. O sustento destes homens vem e sempre veio da terra; gota a gota de suor, Wang arranca dela o alimento e, do alimento, o dinheiro. O velho viúvo patriarca, que com o avançar da idade necessita de cuidados redobrados, decide arranjar uma mulher para se inteirar desses trabalhos, e decide juntar o útil ao agradável: manda o filho escolher/comprar uma escrava à Casa de Hwang, a mansão mais sumptuosa da cidade, para casar com ele. E assim a jovem de vinte anos chamada O-lan entra na sua vida.
Por esta escrava um pouco lenta e néscia, «uma criada de servir, fiel e muda», Wang Lung não sente qualquer sentimento nos primeiros meses em que estão casados. Aos seus olhos e aos do pai, O-lan é simplesmente um objecto, mesmo quando a sua barriga começa a emergir, para dar vida ao primeiro dos cinco filhos que eles virão a ter: Nung En, Nung Wen, a «tolinha» e o casal de gémeos.
A vida de quem subsiste da terra é imprevisível, ora os “frutos” que dela extraem são abundantes, ora não chegam a eclodir. Na primeira vaga de fome a assolar a cidade, eles partem para Kiangsu, no sul do país, «antes que nos esqueçamos de que somos humanos e comecemos a comer-nos uns aos outros». Depois de uns tempos a família regressa à terra, e com o passar dos anos e décadas, com o proveito que a terra lhe dá, Wang Lung vai adquirindo mais parcelas de terra, tornando-se um homem rico.
Ambição, abundância, determinação, orgulho, poder, submissão, pobreza, subserviência, resiliência, de tudo isto fala esta história que tem como fundo a China rural e pré-revolucionária.
Pearl S. Buck (1892-1973) viveu durante quarenta anos na China, e por isso a etnografia e modus vivendi das gentes deste país está traçada de forma intensa, vívida. Em Terra Abençoada, é bem notória a habilidade que a escritora tinha para observar e descrever esta cultura.
Em suma, esta obra agora reeditada pela editora Clube de Autor (pertencente à colecção ‘Os Livros da Minha Vida’), cuja tradução esteve a cargo de Dina Antunes e cujo prefácio assina Helena Sacadura Cabral, é um romance de sublime feitura, com personagens e passagens inesquecíveis. Um clássico intemporal.

1 comentário:

Paula disse...

Eu acho que tenho este livro. Mas com outra capa!!
Adoro a escrita da autora!!