segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O primeiro livro de Canek Sánchez Guevara a ser publicado em Portugal

Uma das recentes publicações da Editora Ponto de Fuga intitula-se 33 Revoluções, uma novela da autoria de Canek Sánchez Guevara. A tradução portuguesa esteve a cargo de Viriato Teles.

Sinopse
O autor levou sete anos a completar a novela 33 Revoluções. Começou a redigi-la em França, em finais de 2007, e deu-a por terminada em 2014, na Cidade do México, poucos meses antes de falecer. Trata-se do mais depurado dos textos que escreveu (novelas e contos, alguns poemas, ensaios, crónicas de viagem), a sua obra mais definitiva e a primeira publicada em Portugal.
33 Revoluções é o relato do dia-a-dia enfastiado de um burocrata numa ilha onde tudo se repete, como num disco riscado. A cidade cenário desta novela é a Havana dos anos 90 do século XX, ainda que o nome dela nunca seja referido, e o tédio, a frustração e o desencanto do protagonista pudessem acontecer em outros lugares do mundo.
Com uma escrita ritmada e seca, 33 Revoluções apresenta uma visão crua e desencantada da vida em Cuba, mas recusa o dualismo das paixões extremas em que, como escreveu Canek, «parece haver só duas opiniões em confronto, quando na verdade são muitas mais as vozes participantes, abafadas pela gritaria de ambos os lados».

O autor
Canek Sánchez Guevara, nascido em Cuba em Maio de 1974, começou a chamar a atenção do mundo, primeiro por uma questão genética: era neto do icónico guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara (1928-1967), que se tornou imagem de marca dos ideais românticos da revolução cubana. A essa condição, suficiente para aguçar a curiosidade, juntava-se a visão muito crítica do regime de Fidel Castro, que Canek nunca escamoteou, embora recusasse fazer disso um modo de vida. Politicamente, definia-se como «anarquista, libertário, liberal ultrarradical, democrata subterrâneo, comunista-individualista, ego-socialista. Enfim, qualquer coisa que não me seja imposta e que eu não possa impor aos demais.» Com uma infância repartida por vários países e a adolescência vivida em Cuba, Canek saiu definitivamente da ilha em 1996, um ano após a morte da mãe, Hilda Beatriz Guevara Gadea e encetou o seu próprio caminho de «vagabundo profissional, observador internacional, antropólogo urbano, filósofo de supermercado, cronista do que carece de interesse, escritor de nada em concreto». Andarilho, anarquista, músico com passagens por bandas punk e de heavy metal, Canek também morreu prematuramente (aos 40 anos, em Janeiro de 2015), deixando inédita uma obra que prometia fazer dele, por mérito próprio, uma das vozes mais estimulantes da nova literatura latino-americana.

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