Editora: Dom Quixote Nº de páginas: 240 Ano de publicação: 1999 |
Desgraça, romance publicado primeiramente em 1999, narra a história de David Lurie, um professor universitário de Cape Town, na África do Sul, que leciona Literatura e Comunicação.
É um homem de meia-idade, divorciado e que vive só. Para saciar a sua líbido ele encontra-se amiúde com uma prostituta, alimentando o seu desejo promíscuo e inerente. Quando esta mulher que proporciona-lhe prazer afasta-se do seu caminho, David retoma ao seu pacato quotidiano.
É então que uma aluna sua, Melanie, subitamente o desperta e seduz, pelo simples instinto de tornar esse corpo fresco e jovem, seu.
Este envolvimento professor-aluna, para não falar da questão matemática das idades, causa-lhe a expulsão da universidade, além de reacções moralistas, estereotipadas e precavidas de ignorância, vindas das pessoas do seu círculo próximo, colegas, vizinhos, familiares.
Desiludido e querendo deixar a humilhação para trás, decide se refugiar no campo, onde vive a sua filha Lucy.
Todavia a desgraça tende a persegui-lo…
A sua filha cultiva a terra, tratando dos animais e vive em tolerância com os seus vizinhos de raça negra. É uma mulher aprisionada ao seu eu, amedrontada com os seus problemas interiores e acomodando-se a uma vivência de redenção. Tomando conhecimento da submissão da filha, David confronta-a e pede para que ela volte para a cidade junto com ele. Mas Lucy é de índole forte e persiste na sua convicção em ficar.
A partir desta parte do livro, uma desgraça abala novamente, não só a vida David, mas a de Lucy. O professor passa de culpado a inocente, em duas desgraças diferentes, uma passada na cidade, outra no campo, sendo o sexo, o elo comum entre essas desonras.
O sexo como um veículo ao prazer, consentido entre os seus praticantes, versus, o sexo como expressão de vingança, violência e acto forçado.
O sexo como um veículo ao prazer, consentido entre os seus praticantes, versus, o sexo como expressão de vingança, violência e acto forçado.
Em pano de fundo, mas notório para perceber os acontecimentos decorridos nesta obra, temos o período pós-Apartheid na África do Sul, e suas consequências após extinção, ou seja, a vingança da parte dos negros, que viveram tempos de humilhação.
Li muito recentemente uma biografia de Nelson Mandela (ver aqui), e tomei conhecimento do antes, durante e do após apartheid, dos acontecimentos que fizeram derrubar esse sistema político e do erguer de um novo país, pelas mãos e ideias de Nelson Mandela. Portanto, tinha já assente os ideiais por trás deste tema, que Coetzee apresenta e testemunhou, pois este é um romance de cariz autobiográfico.
Um livro com uma história forte, intensa, aflitiva, com personagens imprevisíveis e densas psicologicamente.
Em suma, Desgraça é um livro indispensável ao leitor exigente, que não dispensa um livro com qualidade.
É um livro excelente para ler agora nos dias frios.
É um livro excelente para ler agora nos dias frios.
Parece ser uma boa recomendação de leitura... livro que pelo que entendi vivencia os dramas enfrentados pelo ser humano... Vou colocar na minha lista ;)
ResponderEliminarOlá Miguel Pestana,
ResponderEliminarCostumo visitar o seu blogue e em especial as suas opiniões sobre os livros que lê.
O seu blogue prima pela diferença. Continue
Olá Miguel!
ResponderEliminarEis um livro que adorei!
http://nlivros.blogspot.com/2008/07/desgraa-jm-coetzee.html
Uma das melhores opiniões que já li sobre este livro. É dos meus preferidos também.
ResponderEliminarContinue com o belo trabalho que tem feito no blogue.
Carlos Valente
Obrigado Carlos pelo seu estímulo. Ei de seguir, com certeza.
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