Editora: ASA
Ano de Publicação: 2011N.º de Páginas: 704 |
Nasceu em 1890 e faleceu no ano de 1976. Entre o hiato que percorre as duas datas, Agatha Christie (AC) viveu intensamente, a nível pessoal e literário. A presente autobiografia traça a vida da escritora até aos seus setenta e cinco anos (de 1890 a 1965). Feitas as contas, só não estão incluídos no livro os últimos onze anos da sua vida. Começou-o em 1950 e as primeiras páginas foram escritas aquando da sua estada no Iraque. Levou quinze anos a escrevê-lo, tendo a obra publicada postumamente, em 1977, um ano após a sua morte; AC queria que a sua autobiografia viesse à tona post mortem (este seu desejo é compreensível. E se é. Todas as suas memórias, as boas e as infelizes, ficaram impressas no livro e ela menciona algumas pessoas com quem não se deu bem, e que porventura, podiam ficar ressentidas. Não que ela se importasse, longe disso, mas o bom senso sempre fez parte da sua índole). A introdução está feita. Vamos aos factos.As suas peripécias enquanto menina, a sua adolescência rebelde, os primeiros amores e suas nostalgias fazem parte das suas recordações. A sua infância é descrita com os máximos detalhes, por ter sido uma fase da sua vida onde estabeleceu contacto com o mundo do imaginário — mal ela imaginava que as suas brincadeiras com os seus amigos fictícios iriam continuar pela vida fora. A seguinte citação prova isso mesmo: «Sempre fui sobrecarregada pela imaginação. Isso serviu-me bem na minha profissão.»Desde muito pequena que AC tomou o gosto pela leitura e escrita, devorando livros atrás de livros. Começou por escrever poemas, que de vez em quando eram publicados em jornais locais. Nunca, jamais, passava pela cabeça de Miss Christie que um dia se tornaria escritora: «Seria muito mais interessante se pudesse dizer que sempre sonhei em ser escritora e que estava determinada a consegui-lo, um dia, mas honestamente tal coisa nunca me passou pela cabeça.» O seu gosto pela música clássica, pelas aulas de piano, pela dança e pela matemática, em nada a fazia prever o rumo que a sua vida lhe iria reservar.Como surgiu o seu primeiro livro, O Misterioso Caso de Styles? «Foi enquanto trabalhava no dispensário que pensei pela primeira vez em escrever uma história policial.» E escreveu-o. «Eu escrevera um livro policial; este fora aceite e ia ser publicado. Para mim, o assunto acabava aí.»Contudo, escreveu o primeiro, e assinou um contracto com a editora, que obrigava-a a escrever no mínimo mais quatro. Esta foi a força-motriz que a fez escrevê-los, mas por obrigação e por dinheiro: «o melhor de escrever naquele tempo, era que eu relacionava o trabalho directamente com dinheiro. Eu era uma amadora total, não tinha nada de profissional. Para mim, escrever era um divertimento. Como biscate, escrevia livros.» A afirmação revela o seu carácter sincero e humilde.A 'Duquesa da Morte' durante a primeira e segunda guerra mundial, voluntariou-se para ajudar os combatentes vitimados, prestando serviços de saúde em hospitais. Ajudando as enfermeiras e médicos serviu-lhe de bastante, pois teve que aprender para que servia os compostos químicos que utilizava para acalmar a dor de tantos enfermos, e isso serviu-lhe de muito útil para ter um know how para as tramas dos seus futuros policiais. No entanto o período turbulento da guerra, não fez com que ela pusesse a escrita de lado: «Nunca tive dificuldade em escrever durante a guerra.»Se pensam que neste livro AC fala muito nos seus livros, de onde vinha as ideias para escrevê-los, não, não o faz. A extrema maioria das páginas falam da sua vida privada, da família, dos amigos e das suas viagens (abro parêntesis para alertar que Agatha sempre fez questão de manter privada a sua vida pessoal, enquanto viva; é conhecida a sua aversão a entrevistas e acontecimentos sociais) Claro que a autora revela como fez nascer Poirot e Miss Marple e outros personagens, e cita alguns dos livros que mais prazer obteve em escrever, independentemente de terem sido um sucesso ou não de vendas: «O único livro que me deixou completamente satisfeita foi Ausente na Primavera. Escrevi esse livro em apenas três dias. O resultado final foi aquele que eu desejava, e isso é a maior alegria que um autor pode ter.» Acrescento que esse livro, curiosamente foi escrito sob o pseudónimo de Mary Westmacott.No seu primeiro casamento com o coronel Archie, e já depois do nascimento de Rosalind, a filha de ambos, o casal inicia uma viagem marítima à volta do mundo. Ao virar as páginas, enquanto AC relata tudo e todo os pormenores de tal viagem, ficamos a saber que o navio em que Christie e o marido vinham, atracou no Funchal por umas meras cinco horas. AC viajou imenso, não por causa de fazer publicidade aos seus livros, mas por puro deleite que ela tinha por desvendar novas culturas, conhecer novas pessoas, o que revelou-se muito inspirador para os seus romances. Muitos dos personagens que ganhavam vida nos seus livros, eram na verdade, inspirados em pessoas reais, que Christie ia conhecendo. Depois do seu segundo casamento, as suas viagens eram mais para acompanhar o marido, um arqueólogo, nas suas escavações.Um hobbie muito dispendioso que a escritora tinha era o de “possuir” casas, de procurá-las, comprá-las, vivê-las e vendê-las. Ficamos estupefactos com a vasta quantidade de casas onde ela viveu. AC chegou a uma altura em que era dona de oito casas. Mas houve uma que a marcou para sempre: Ashfield.O retrato de AC por ela própria: «Sou muitas coisas: bem-disposta, distraída, tímida, afectuosa, completamente desprovida de autoconfiança.» Era também uma pessoa que não gostava de foco, de dar entrevistas, pois eram alturas em que sentia-se embaraçada: «Dificuldades em me exprimir, sempre as terei. Provavelmente, é uma das razões pelas quais me tornei escritora.»A vida da que foi declarada como a melhor escritora de romances policiais do século XX, nem sempre foi um mar de rosas. Quem ler esta autobiografia tomará conhecimento disso mesmo. Houve alturas na vida de AC que o sofrimento esteve muito presente e que a própria não deixou de fora das páginas da história da sua vida: «Gosto de viver. Já estive, por vezes, louca de desespero, terrivelmente infeliz, dilacerada pela dor, mas ao longo de tudo isso, soube sempre, com bastante certeza, que o mero facto de estar viva é algo grandioso.»; «Olhei para o que escrevi e estou satisfeita. Fiz o que queria fazer.»Mas que viagem, esta, a da Dama do Crime. Autobiografia é um livro fácil de se ler, prazeroso, muito útil para quem é fã dos policiais da escritora, e é uma obra onde é notória a sinceridade e humildade com que os mais diversos factos da sua vida são mencionado, sem falsas modéstias. A memória do seu passado e a idoneidade em escrevê-lo é extraordinária, para deleite dos fiéis seguidores da sua extensa obra. Como bónus e para apensar às suas palavras, o leitor é surpreendido com variadíssimas fotos da própria, em diversas fases da sua vida e de alguns seus familiares e amigos.Uma nota final, mas fulcral para que esta crassa autobiografia tenha sido de aprazível leitura e sem quiproquós: a maravilhosa tradução de Elsa Vieira.
Não costumo ler autobiografias, mas esta terei de ler! Adoro a tia Agatha! :)))
ResponderEliminarJá a estou a ler há uns tempos e é um fantástico livro!
ResponderEliminarTambém sou fã da Agatha! Boa escolha, pois...
Abraço
Pedro,
ResponderEliminarSou fã da Agatha Christie.
Venho agradecer a visita e a sugestão para ouvir a música final do filme Help.
Visitei o endereço que deixou e gostei da sua crítica.
Um belo filme, não haja dúvidas!
Boa noite.
Desculpe Miguel por ter trocado o nome, não leve a mal.
ResponderEliminarComo te disse num post anterior, sou capaz de ler esta autobiografia... É certo que já sabia alguns aspectos da sua vida, mas há muito para desvendar neste livro, nomeadamente tudo o que estava por trás da sua escrita :)
ResponderEliminarTete também não sou de ler (auto)biografias, embora tenha muitos títulos em vista que vou com certeza ler;
ResponderEliminarMJ Falcão, sim eu sei que também é fã da Dama do Crime! Depois quero ver a sua opiniao no seu blogue;
Ana, de nada. Quando quiser, volte cá ao blog. É sempre bem vinda!
É isso mesmo José. Não tem como ler através das palavras da própria, sobre o que se passou ao longo da sua vida.
ResponderEliminarOlá Miguel,
ResponderEliminarNunca li nada desta grande senhora mas já vi no cinema algumas das suas fantásticas histórias.
Esta autobiografia parece interessante, mas vou ficar pela leitura do teu post que me "forneceu" suficiente e boa informação.
Obrigada!
Curioso vim olhar e descobri alguém fascinado por filmes e livros também !!! Muito bom. Blogger interessantíssimo !
ResponderEliminarAdoro biografias, mas essa autobiografia tem um gosto especial, por eu ser fã dela e pelo modo que ela escreve. É ótimo de ler.
ResponderEliminarHoje vou começar a ler um dos livros que ela escreveu sobre pseudônimo. Sempre tive uma grande curiosidade por esses livros...
Ahh, e sobre a Sandra Bullock, confesso que não vi "Premonições", normalmente assisto as comédias dela... Não me interesso por filmes de suspense e afins, prefiro esse gênero nos livros...
Volte sempre lá no blog, hein?
Tenho este livro em casa e tenho também vontade de o ler.
ResponderEliminarMas acho que ter de ler algumas obras da autora primeiro. Senão é capaz de me passar muita mensagem ao lado.
Não achas? ;)
Olá Marco,
ResponderEliminarÉ aconselhável leres pelo menos um livro da Agatha antes de leres a autobiografia. É que é assim, podes não gostar da maneira como ela escreve, ou dos policiais em si (o que duvido), e assim lias este livro - gigante - de forma e conteúdo, já com uma ideia.
Sei que tens «Uma visita inesperada» dela também. Aconselho-te a leres esse primeiro. Foi o último que li dela e é Muito Bom!
É a minha sugestão.
Obrigado por passares cá.
Parece muito interessante o livro.
ResponderEliminarJoana Azevedo Pereira
Não costumo ler autobiografias mas esta talvez seja uma a ler. Fiquei curiosa.
ResponderEliminarDália Antunes
(Nome seguidora: kassie; e-mail: daliaantunes@hotmail.com)
Sou fã da Agatha Christie, adorava ler e...ter este livro!!!
ResponderEliminarGosto muito da autora, mas a minha filha é um fã incondicional e ofereceu-me a autobiografia. Agora estou a tentar ganhar " Na Síria" para lhe oferecer. Quem sabe? Bom fim de semana.
ResponderEliminarhelena frontini
Também não sou fã de biografias. Aqui há muitos anos li um título da AC que já nem me lembro qual foi, mas na altura gostei bastante.
ResponderEliminarEste título não me puxa muito, mas se ganhar o passatempo sem dúvida que o leio!
Abraço,
Ana Rute Primo.
Agatha Christie narra 75 anos da sua vida. Faleceu com 86 anos de idade, a terceira escritora mais lida do mundo, somente ultrapassada por Shakespeare e pela Bíblia! E isto, diz tudo!
ResponderEliminarArnaldo Santos
Não costumo ler muitas biografias/autobiografias, mas como fã da Agatha Christie que sou, esta vou ter mesmo que ler! Parece ser um bom livro.
ResponderEliminarO que dizer desta fantástica autora? A minha favorita de todos os tempos. Boa crítica Miguel :)
ResponderEliminarEu já tinha ficado curiosa com a sinopse do livro agora depois de ler a tua opinião ainda fiquei mais. Deve ser um livro mesmo emocionante de ler.
ResponderEliminarUma grande escritora , sempre com livros fantásticos.
ResponderEliminarGostei da critica. Parabéns pelo fantástico Blog.
Adoro esta autora! Tenho muita curiosidade por esta biografia.
ResponderEliminarNão costumo ler biografias, mas acho que esta vou ler, parece-me ser muito interessante.
ResponderEliminarInês Rodrigues
Ela é, sem dúvida, a minha autora preferida no que toca a policiais.
ResponderEliminarTenho curiosidade em conhecer a sua escrita noutro género literário.
Susana Cardoso
Sou fãda Agatha Christie, fiquei curiosa com este livro.
ResponderEliminarApesar de não ser a minha escritora de policiais preferida,sou fã incondicional dela,cresci a ler os livros dela na colecção Vampiro,e espero ter a oportunidade de ler a sua Autobiografia mesmo não gostando nada desse tipo de leitura:)
ResponderEliminar"A memória do seu passado e a idoneidade em escrevê-lo é extraordinária"
ResponderEliminarPor esta simples descrição fiquei com vontade de ler!
Deve ser um livro fantástico, adoro ler a Dama do Crime.
ResponderEliminarTambém sou fã de Agatha Christie a mais de 20 anos,tenho a colecção completa e não me canse de os reler.
ResponderEliminarAinda não tive a possibilidade de comprar a Autobiografia, mas está na minha lista de prioridade.
Bjs Linda
Há muito tempo que ouço falar da Agatha Christie pelo meu irmão que é um grande fã e eu como leitora inveterada que sou nunca liguei muito, mas agora que li esta crítica deveras interessante, o meu apetite cresceu e penso que será desta que vou ler:D
ResponderEliminarMagali Viana Martins
A melhor escritora de sempre, de qualquer género literário!
ResponderEliminarUma escrita extremamente envolvente =) Gosto muito.
ResponderEliminarSalomé
Os primeiros policiais que li foram da Agatha Christie :)
ResponderEliminarSou fã e esta autobiografia pareceu-me muito interessante.
Sou fanática por Agatha Christie, adoro os seus livros cheios de suspense... Já li alguns e a vontade é de devorá-los até desvendar o final da história.
ResponderEliminarNão sou grande fã de Autobiografias, mas esta terei de ler!
Há 20 anos era uma fã incondicional da Agatha Christie, devorei todos os seus livros, depois alarguei os horizontes dentro do género policial e hoje temos obras verdadeiramente excepcionais, mas, esta senhora será sempre uma autora imperdível com uma obra absolutamente arrasadora e imtemporal!
ResponderEliminarHumpft esqueci-me de colocar o nome no meu comentário :)))
ResponderEliminarO nome de seguidora que aparece é macy e corresponde a : Teresa Maria Valente de Carvalho (
Já li um livro desta autora e adorei. Biografias só li uma, talvez esta seja a 2ª.
ResponderEliminarJoana Jorge
Confesso que nunca li nada dela mas tenho muita curiosidade, mesmo! :))
ResponderEliminarAinda não li o li, mas me interessou.
ResponderEliminarPara quem quer saber sobre o processo criativo de Agatha e sobre os livros tem que ler um livro que estou lendo: Os Diários Secretos de Agatha Christie - John Curran
Obrigada por compartilhar esse belo livro.
Existe imenso a aprender com a Agatha e este livro está recheado de maravilhas que desconheço, mas que estou desejoso de ler..
ResponderEliminarDavid Valente Guerreiro
Fiquei curiosa, de certeza que vou ler..
ResponderEliminarUma Mulher Fantástica e uma Escritora de Excepção. Responsável pelo meu vicio de Leitura!
ResponderEliminarNome de Seguidora: Elsa Ramos
Agatha, um ícone da literatura mundial!
ResponderEliminarBruno Martins Azevedo
A Agatha é um fenómeno no panorama literário e é imperativa esta leitura de forma a compreendermos a mente e coração da escritora e mulher do quotidiano.
ResponderEliminarEspicaças-te-me a curiosidade. Muito bom.
ResponderEliminarMónica Silva
Olá Miguel,
ResponderEliminarA tua crítica a esta autobiografia é simplesmente maravilhosa. Adorei.
Infelizmente nunca li nenhum policial dela.
Marcelino Vicente Jesus
Uma belíssima crítica para o que me parece ser um belíssimo livro. Sou fã da autora e esta parece-me ser uma óptima oportunidade de conhecê-la melhor. Esta é, sem dúvida, uma obra a ler.
ResponderEliminarPedro Serra
Sou fascinada pela Agatha Christie desde a primeira vez que li um livro dela! Arrebatou-me completamente!
ResponderEliminarDepois de ler esta crítica, estou ainda com mais vontade de descobrir a mulher por detrás da escritora!
Gosto muito de biografias e de policiais. Nada melhor do que um livro com um pouco dos dois. Estou muito curiosa.
ResponderEliminarParabéns pelo blog e pela iniciativa.
ResponderEliminarTenho este livro e é realmente fantástico.
Claudia Ribeiro
Uma grande autora, intemporal!
ResponderEliminarVioleta Moreira
Esta já está lá em casa, agora é só ter tempo para lhe pegar.
ResponderEliminarEsqueci-me do nome no comentário anterior :)
ResponderEliminarAntónio Alves
Bem que gostava de ler também este livro.
ResponderEliminarFrederico Baptista
Uma delícia de se ler a Autobiografia de Agatha Christie... Amo seus livros, que me acompanharam desde a adolescência,mas esta, sem dúvida é a sua melhor obra.Uma vida interessante, rica de fatos marcantes, exposta ao público com muita sinceridade e até humildade.Ao ler essa obra a gente entende porque optou por essa desafiante tarefa de instigar o raciocínio lógico do leitor e sua imaginação. Porque isso de amar o mistério, o desconhecido, e procurar desvendá-lo, é parte integrante de sua vida. O mais interessante, a meu ver, é o fato de que ela nunca parece ter considerado sua obra tão importante como suas próprias experiências de vida.Os fãs da obra de sua obra não devem deixar de ler esse livro!
ResponderEliminar