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quinta-feira, 8 de março de 2012

A Oriente do Silêncio, de Rui Rocha

Editora: Esfera do Caos
Ano de Publicação: 2012
Nº de Páginas: 104
Rui Rocha desde muito cedo conviveu com as culturas e as poesias chinesa e japonesa, a de Wang Wei e Bashō, respectivamente. Portanto, este pequeno livro de poesia faz reminiscência a essas duas culturas orientais, tão bem conhecidas do autor, que desempenha actualmente o cargo de Director do Instituto Português do Oriente, em Macau, onde reside desde 1983.
Nas páginas deste livro encontramos uma série de poemas haicai (haikai ou haiku). Passo a definir esta poesia e recorrendo a várias «fontes» que dessa «água jorram», cito: é uma forma poética de origem japonesa, que se funda nas relações profundas entre homem e natureza; que valoriza a concisão e a objectividade; que caracteriza-se pelo valor fulcral dado à palavra, à imagem e à musicalidade». A acrescentar que os poemas têm (apenas) três linhas.
A poesia de Rui Rocha evoca a nostalgia noctívaga da lua e do silêncio, e é depurada de ideias e pensamentos negativos, estando em completa sintonia com a essência da poética haicaísta, pois é íntima, sincera e espiritual:

«a lua de ontem
trouxe-me o teu olhar
quando me fitou de frente»

«duas bocas tocam-se.
o silêncio invadiu
o lugar das palavras.»

E como é fantástico transmitir tanto, em tão pouquíssimas palavras.
Em Portugal a poesia haicai não é muito conhecida, e muito poucos foram os poetas que dela buscaram inspiração. Poucos, mas de grande gabarito, tais como Eugénio de Andrade (1923-2005), Herberto Hélder (n. 1930) e Camilo Pessanha (1867-1923). Três poetas que cultivaram essa forma breve e sintética de poesia, nascida no séc. XVII, por Matsuo Bashô.

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