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quinta-feira, 5 de julho de 2012

«O Mostrengo», de Fernando Pessoa

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O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,

E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:

«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,

Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»

E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»

5 comentários:

  1. Continua a ser a voz mais adequada ao poema.

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  2. Sei este poema de cor desde miúda! :)))

    Quer dizer, agora só mais ou menos! Uma professora da minha irmã obrigou-a a decorá-lo e eu de tanto a ouvir a declamar acabei a decorar também... :D

    Vou ouvir na voz de João Villaret, um grande declamador! :)

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  3. Óptima ideia ter vindo espreitar o blogue...

    Bom fim de semana

    Me desculpará, mas ideia das letras de verifucação é que está longe de ser óptima, rrss

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  4. Olá São,

    obrigada pelos 2 feedbacks.

    A verificação de palavras é somente para evitar SPAM.

    Volte sempre.

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