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sábado, 8 de setembro de 2012

O Romancista Ingénuo e o Sentimental, de Orhan Pamuk

Editora: Editorial Presença
Ano de Publicação: 2012
Nº de Páginas: 144

O que se passa na mente de quem lê romances? De que maneira os lêem? Estas e outras interrogações emergem em O Romancista Ingénuo e o Sentimental, do escritor turco Orhan Pamuk (n. 1952), laureado com o Prémio Nobel da Literatura em 2006.
O livro é constituído por seis ensaios baseados no mesmo número de palestras em que o autor foi orador, na Universidade de Harvard, há três anos.
O tema do conjunto de conferências foi inspirado no ensaio Sobre a Poesia Ingénua e a Sentimental, do poeta e filósofo Friedrich Schiller. Nesse livro, escrito em 1796, o autor situa o seu compatriota Goethe entre os poetas ingénuos e a si mesmo entre os sentimentais. Pamuk irá se basear nesta obra de Schiller várias vezes ao longo da sua reflexão sobre «a arte do romance.»
A definição do género literário romance – pelo escritor – é breve e constitui o incipit do livro: «Os romances são vidas segundas, vidas paralelas à nossa.» (p.11)
O autor revela o seu ponto de vista sobre o romancista ingénuo: é aquele que pouco se preocupa com os aspectos artificiais da escrita e escreve sem rédea; enquanto o romancista sentimental é reflexivo, fascinado pelas técnicas narrativas, e que tem uma hiperconsciência dos métodos que utiliza. Pamuk opõe a «literatura verbal» à «literatura visual», dando-nos como exemplo destas duas vertentes, dois escritores russos: Dostoievski, como o principal escritor visual; enquanto Tolstoi, o oposto.
«Anna Karenina é um dos romances mais perfeitos jamais concebidos.» (p.63) Estas palavras de Pamuk sobre o romance de Tolstoi é ampliada e abrange todos os seis ensaios. Uma passagem do livro, em que a heroína viaja de comboio é constantemente enfatizada, ora para exemplificar xis, ora para justificar ípsilon constatação.
Além de Anna Karenina, Pamuk refere Moby Dick e A Montanha Mágica, como seus romances favoritos. Os escritores e suas obras abordados neste livro são inúmeros: W. Shakespeare, H. Balzac, J. Joyce, etc.
O autor de O Museu da Inocência baseia-se em sua própria experiência como um leitor não-ocidental de livros ocidentais e como escritor, e revela-nos neste conjunto de ensaios que encontrou um equilíbrio entre os dois tipos de romancistas de que fala neste livro.
O Romancista Ingénuo e o Sentimental tem como objectivo explorar as reacções que os romances provocam nos leitores. Podemos dizer que a meta foi alcançada, com distinção.
Nota: 4 de 5.
(Texto publicado na edição de Setembro da revista Madeira Digital.)

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