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domingo, 7 de outubro de 2012

Trás-os-Montes, de Tiago Patrício

Editora: Gradiva
Ano de Publicação: 2012
Nº de Páginas: 164

Raquel Ochôa e Paulo Bugalho foram os autores distinguidos em 2009 e 2010, respectivamente, com o Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís. O escritor madeirense Tiago Patrício (n. 1979) é o mais recente autor galardoado com o prémio que distingue, anualmente, um romance inédito de autor português, sem nenhuma obra publicada no género. A obra já está nas livrarias e tem o título Trás-os-Montes.
Lendo um pouco da biografia do autor, somos transportados de cidade a cidade, de porto a porto. Tiago Patrício é um andarilho e, se por vezes ele precisa de mudança, de descobrir novos mundos, também urge em si uma necessidade de se “enclausurar”, estar só, «para compreender os caminhos do silêncio no processo de criação literária» - diz o autor.
Este seu romance tem como personagens quatro crianças que tanto estão a entrar na adolescência, como já sentem o mundo dos adultos muito (de) perto, devido ao amontoar de acontecimentos que se sucedem na aldeia transmontana onde vivem. Teodoro, Raquel, Edgar e Óscar são crianças com famílias desestruturadas (como a maioria, parêntesis à parte), e como vivem na ruralidade, todos os acontecimentos são conhecidos com brevidade, não deixando tempo para estes rapazes pensarem no que fazem, ou no que está a acontecer nas suas vidas.
A infância e a adolescência, e o reflexo da idade adulta entrelaçam-se e, ora presenciamos as brincadeiras de meninice, as leituras proibidas, os primeiros namoros, as descobertas do corpo, e esses momentos genuínos moldam e enraízam as suas memórias, tanto pelas amizades feitas, como pelas vicissitudes que acontecem. As crianças são cruéis, ao mesmo tempo que verdadeiras, e num ápice o término da infância chega, e com ele o iniciar de outra fase, mais sombria.
Uma escrita com uma estrutura concisa, contida no seu propósito e económica em excessos narrativos. O autor de O Livro das Aves delineou uma sintaxe que atrai o leitor (prólogo, introdução, corpo e conclusão), juntando-lhes uma escrita fluída, mas de transmissão densa, perfazendo e depurando um texto inicial de 400 páginas, em consistentes 162.
Portanto, uma bela estreia e um escritor a seguir.
Tiago Patrício além de romancista, poeta e dramaturgo, é também actor, tendo já actuado em peças de Harold Pinter e Herberto Helder (este último, seu conterrâneo –, tal como o autor deste texto).

7 comentários:

  1. Olá. Por acaso li a notícia no jornal aquando do prémio a este autor, mas não sabia que o livro já tinha sido publicado.
    Parece ser uma romance muito bom pela tua opiniao.

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  2. Sim Cátia, aconselho a sua leitura. Vale muito a pena.

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  3. Este livro deixou-me curiosa, hei-de ver se o apanho aí por uma livraria para lhe dar uma folheadela... :)

    É sempre bom que surjam novos autores, ainda por cima se de qualidade! :)

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  4. Olha que o livro não tem muitas folhas..
    Quando deres por ti, estás a terminar de ler o livro na livraria :)

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  5. Sou transmontana nascida e criada transplantada para Lisboa com raízes profundas na aldeia que me viu nascer ... Quero e vou ler esse livro
    Bjs zira

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  6. Nascida e criada numa linda aldeia transmontana ... Transplantada para Lisboa com raízes profundas no meio que me viu nascer ...tenho curiosidade em ler o livro... Bjs e obrigada zira

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  7. Espero que desfruta a leitura tal como eu.

    Obrigada pela sua visita.

    Apareça sempre que quiser.

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