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Editora: Livros Horizonte
Ano de Publicação: 2012
Nº de Páginas: 160
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O conjunto de ensaios literários intitulado Confissões de um jovem escritor, é o resultado das quatro Conferências Richard Ellmann, em que Umberto Eco (n. 1932) foi orador, em Harvard, em 2008. Antes de mais, Eco explica aos ouvintes – e agora aos leitores – por que se proclama «um jovem escritor» aos 76 anos: «(…) publiquei o meu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, o que significa que iniciei a minha carreira de romancista há apenas vinte e oito anos.»Eco convida-nos a visitar os bastidores dos seus romances, revelando-nos pormenores inéditos sobre como teceu essas narrativas e contando-nos histórias peculiares acerca deles.«Escrever da esquerda para a direita» foi o título que o autor atribuiu à primeira palestra, que centra-se nas diferenças entre a escrita criativa e escrita científica. É neste discurso que somos informados que o filósofo e semiólogo começou a escrever o seu primeiro romance, por ter aceitado um desafio de uma amiga.Sobre Literatura, Eco afirma que esta «(…) não serve apenas para entreter e consolar as pessoas.» (p. 29) No ensaio seguinte, o autor de O Pêndulo de Foucault diz-nos que usa com frequência a técnica [literária] de dupla codificação e, conta-nos algumas histórias de leitores que o abordaram por terem interpretado algum trecho de um seu livro, apenas regendo-se por um código interpretativo. A distinção entre o «Leitor Modelo» (leitor sofisticado) e o «Leitor Empírico» (leitor popular) é-nos apresentada através de exemplos testemunhados pelo jovem grande mestre italiano.Em que sentido Anna Karenina «existe»? Esta é a questão central do terceiro ensaio. O autor analisa esta personagem fictícia, porventura, a mais real de todas da Literatura. Explica-nos a grandeza emocional e significado semiótico existêncial dessa personagem concebida por Tolstoi.O último ensaio é dedicado a diferentes classes de listas (longas) incorporadas por Eco e por autores como Joyce e Whiman em seus livros. Este é o quarto ensaio em que Eco surpreende, pelo humor, ironia e erudição. A temática da enumeração serve de remate final à apresentação de Eco, confessando este [sobre as listas] «(…) um prazer ler e escrever.» (p. 145)Concluindo: são vários os pontos de interesse neste livro ensaístico, certamente recomendado a estudantes da Teoria da Literatura, escritores, tradutores, críticos literários e editores. Eco é um escritor perspicaz e a sua capacidade de apresentar o complexo, recorrendo à simplicidade, faz de Confissões de um jovem escritor um livro lúdico, envolvente e escrito com elegância.
Nota: 4 de 5.
(Texto publicado na edição de Janeiro da revista Madeira Digital.)
1 comentário:
Tenho ouvido maravilhas deste senhor, mas ainda não conheço a obra.
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