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sexta-feira, 12 de abril de 2013

«O Que É a Arte?», de Lev Tolstói, é publicado pela Gradiva


O Que É a Arte?
de Lev Tolstói
Colecção: Filosofia Aberta
Páginas: 264
Ano de edição: 2013
ISBN: 978-989-616-524-6

Sinopse
De um autor enorme, conhecido sobretudo como romancista, esta é uma obra influente de reflexão sobre a natureza da arte, intelectualmente provocadora e destemida, só ao alcance de alguém com a coragem e a honestidade intelectual de Tolstói. Um conjunto de reflexões que não perdeu actualidade, pois o debate permanece aceso: afinal, o que pode ser considerado arte? As obras de, por exemplo, Damien Hirst serão arte? Quem as rotula como tal? Com que fundamento? Tolstói faz estas mesmas perguntas, e responde-lhes, relativamente aos artistas seus contemporâneos.

A obra de Tolstói como romancista dispensa apresentações. Porém, o autor russo foi muito mais do que um grande romancista, dedicando a parte final da sua vida ao ensaísmo filosófico. O Que é a Arte? é talvez o ponto mais alto da reflexão filosófica de Tolstói, tendo levado cerca de quinze anos a escrever, o que mostra a importância que o próprio Tolstói dava ao tema em causa. Como ele mesmo refere, a arte é uma coisa séria; não é uma mera questão de beleza, e ainda menos de divertimento ou de obtenção de prazer. A arte autêntica é acessível a todos e define-se, segundo Tolstói, pela sua capacidade de comunicar sentimentos que contribuam pra a união das pessoas e para o aperfeiçoamento moral de toda a comunidade. Estas são as bases da teoria da arte que veio a ser conhecida como «teoria da expressão», assente numa definição funcionalista da arte. Teorias que continuam a ser estudadas e discutidas pelos filósofos interessados nos problemas da definição e do valor da arte.

Trata-se de uma obra intelectualmente provocadora e destemida, só ao alcance de alguém com a coragem, a honestidade e o prestígio intelectual de Tolstói. O seu carácter provocador e as suas reflexões não perderam actualidade. De tal modo que, mesmo os que não concordarem com muitas das ideias aqui expressas, irão beneficiar muito com a sua leitura. Principalmente esses.

Ao responder à pergunta que intitula este ensaio, Tolstói começa por passar em revista as principais concepções da arte de Platão a Nietzsche, seu contemporâneo, passando pelos estetas e teorizadores do gosto do séc. XVIII (Baumgarten, Hutcheson, Burke, Kant) e pelos mais destacados pensadores do seu próprio século (Fichte, Schelling, Hegel, Schopenhauer, Darwin, Spencer, Marx), procurando mostrar que, no essencial, são todas erróneas.

As suas críticas visam também algumas obras de Miguel Ângelo, Shakespeare e Beethoven, sendo particularmente impiedoso com Wagner, Verlaine e Baudelaire. Acima de tudo, denuncia o que considera ser uma arte inautêntica, vazia, incompreensível e elitista, procurando sustentar as suas conclusões com abundantes exemplos da literatura, da pintura e da música.

O panorama artístico europeu do seu tempo, fervilhante de supostas novidades, é por ele caracterizado como completamente artificial e perverso, destacando negativamente as multidões de artistas simbolistas, impressionistas e decadentistas, adeptos da ideia de arte pela arte.

Em contrapartida, propõe uma concepção da arte que esteja de acordo com a sua verdadeira natureza: uma arte cujo conteúdo se encontra nos sentimentos humanos mais elevados, impregnada de religiosidade autêntica e acessível a todas as pessoas.

A arte é, assim, uma forma de comunicação de sentimentos autênticos, com os quais o artista contagia os destinatários das suas obras, criando uma espécie de comunhão de sentimentos. Por isso, a arte tem uma função moral e social.

LEV TÓLSTOI (1828, Iasnaia Poliana - 1910, Astapova), autor de obras universais como Guerra e Paz (1865-69), Ana Karenina (1875-77), A Morte de Ivan Ilitch (1886) ou Sonata Kreuzer (1889), é por muitos considerado um dos maiores romancistas de todos os tempos. Nascido no seio da alta aristocracia russa, pai de treze filhos e autor mundialmente reconhecido, acabou por ser assaltado pelas dúvidas próprias dos «homens inúteis» que usufruem de todo o sucesso e riqueza no meio da miséria do povo. Isso levou-o a procurar um verdadeiro sentido para a sua vida, encontrando-o numa religiosidade despojada e interior, avessa à Igreja e seus rituais, bem como numa vida simples, entre os mais simples. Foi durante este último período da sua vida que se dedicou ao ensaísmo filosófico, escrevendo sobre questões morais, religiosas, políticas e estéticas, de que se destacam Confissão (1882) e, precisamente, O Que é a Arte? (1898).  

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