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quinta-feira, 20 de junho de 2013

«O Que É a Arte?», de Lev Tolstói, é apresentado no dia 22 de Junho



O Que É a Arte?
de Lev Tolstói


Editora: Gradiva
Colecção: Filosofia Aberta
Páginas: 264
Ano de edição: 2013
ISBN: 978-989-616-524-6



A apresentação do livro, por Abílio Hernandez Cardoso, decorrerá no dia 22 de Junho, na Mercearia de Arte Alves & Silvestre, na Rua Alexandre Herculano, 16 C R/C Dto., 3000-019 Coimbra





Sinopse

De um autor enorme, conhecido sobretudo como romancista, esta é uma obra influente de reflexão sobre a natureza da arte, intelectualmente provocadora e destemida, só ao alcance de alguém com a coragem e a honestidade intelectual de Tolstói. Um conjunto de reflexões que não perdeu actualidade, pois o debate permanece aceso: afinal, o que pode ser considerado arte? As obras de, por exemplo, Damien Hirst serão arte? Quem as rotula como tal? Com que fundamento? Tolstói faz estas mesmas perguntas, e responde-lhes, relativamente aos artistas seus contemporâneos.

A obra de Tolstói como romancista dispensa apresentações. Porém, o autor russo foi muito mais do que um grande romancista, dedicando a parte final da sua vida ao ensaísmo filosófico. O Que é a Arte? é talvez o ponto mais alto da reflexão filosófica de Tolstói, tendo levado cerca de quinze anos a escrever, o que mostra a importância que o próprio Tolstói dava ao tema em causa. Como ele mesmo refere, a arte é uma coisa séria; não é uma mera questão de beleza, e ainda menos de divertimento ou de obtenção de prazer. A arte autêntica é acessível a todos e define-se, segundo Tolstói, pela sua capacidade de comunicar sentimentos que contribuam pra a união das pessoas e para o aperfeiçoamento moral de toda a comunidade. Estas são as bases da teoria da arte que veio a ser conhecida como «teoria da expressão», assente numa definição funcionalista da arte. Teorias que continuam a ser estudadas e discutidas pelos filósofos interessados nos problemas da definição e do valor da arte.

Trata-se de uma obra intelectualmente provocadora e destemida, só ao alcance de alguém com a coragem, a honestidade e o prestígio intelectual de Tolstói. O seu carácter provocador e as suas reflexões não perderam actualidade. De tal modo que, mesmo os que não concordarem com muitas das ideias aqui expressas, irão beneficiar muito com a sua leitura. Principalmente esses.

Ao responder à pergunta que intitula este ensaio, Tolstói começa por passar em revista as principais concepções da arte de Platão a Nietzsche, seu contemporâneo, passando pelos estetas e teorizadores do gosto do séc. XVIII (Baumgarten, Hutcheson, Burke, Kant) e pelos mais destacados pensadores do seu próprio século (Fichte, Schelling, Hegel, Schopenhauer, Darwin, Spencer, Marx), procurando mostrar que, no essencial, são todas erróneas.

As suas críticas visam também algumas obras de Miguel Ângelo, Shakespeare e Beethoven, sendo particularmente impiedoso com Wagner, Verlaine e Baudelaire. Acima de tudo, denuncia o que considera ser uma arte inautêntica, vazia, incompreensível e elitista, procurando sustentar as suas conclusões com abundantes exemplos da literatura, da pintura e da música.

O panorama artístico europeu do seu tempo, fervilhante de supostas novidades, é por ele caracterizado como completamente artificial e perverso, destacando negativamente as multidões de artistas simbolistas, impressionistas e decadentistas, adeptos da ideia de arte pela arte.

Em contrapartida, propõe uma concepção da arte que esteja de acordo com a sua verdadeira natureza: uma arte cujo conteúdo se encontra nos sentimentos humanos mais elevados, impregnada de religiosidade autêntica e acessível a todas as pessoas.

A arte é, assim, uma forma de comunicação de sentimentos autênticos, com os quais o artista contagia os destinatários das suas obras, criando uma espécie de comunhão de sentimentos. Por isso, a arte tem uma função moral e social.

LEV TÓLSTOI (1828, Iasnaia Poliana - 1910, Astapova), autor de obras universais como Guerra e Paz (1865-69), Ana Karenina (1875-77), A Morte de Ivan Ilitch (1886) ou Sonata Kreuzer (1889), é por muitos considerado um dos maiores romancistas de todos os tempos. Nascido no seio da alta aristocracia russa, pai de treze filhos e autor mundialmente reconhecido, acabou por ser assaltado pelas dúvidas próprias dos «homens inúteis» que usufruem de todo o sucesso e riqueza no meio da miséria do povo. Isso levou-o a procurar um verdadeiro sentido para a sua vida, encontrando-o numa religiosidade despojada e interior, avessa à Igreja e seus rituais, bem como numa vida simples, entre os mais simples. Foi durante este último período da sua vida que se dedicou ao ensaísmo filosófico, escrevendo sobre questões morais, religiosas, políticas e estéticas, de que se destacam Confissão (1882) e, precisamente, O Que é a Arte? (1898). 

Abílio Hernandez Cardoso licenciou-se em Filologia Germânica pela FLUC com a dissertação “Faulkner e o negro”, doutorado em Literatura Inglesa também pela Universidade de Coimbra com a dissertação sobre James Joyce, intitulada “De Ítaca a Dublin: Ulysses ou a odisseia da palavra”. Professor aposentado da Universidade de Coimbra onde lecionou Literatura Inglesa e História e Estética do Cinema, disciplina criada por proposta sua em 1992, desempenhou vários cargos e funções, entre eles: Diretor do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra (até 2011), Presidente de Coimbra, Capital Nacional da Cultura (2003), Pró-Reitor da Cultura da Universidade de Coimbra (1994-98), Diretor do Teatro Académico de Gil Vicente (1996-2001), Presidente da Associação Portuguesa de Programadores Culturais e Membro da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário do Cinema. Atualmente é Professor Titular da “Cátedra Manoel de Oliveira” da Universidade Portucalense, e mandatário da candidatura do movimento Cidadãos por Coimbra às próximas eleições autárquicas em Coimbra. Continua a publicar regularmente, sendo as mais recentes publicações: “De Hiroshima a Marienbad: diálogo com o cinema que nos olha” in Atas do Colóquio Internacional DIÁLOGOS EM MARIENBAD: Relações entre Literatura e Cinema (Universidade dos Açores), 2013 (no prelo); “Cinema e poesia ou o coração da memória”, in Revista de História das Ideias, Vol. 32, 2012; “De La Ciotat a Auschwitz, Hiroshima e Sarajevo: como se constrói uma memória, como se esquece uma cidade…”, in Cine y Ciudad, Ed. Francisco Salvador Ventura, Santa Cruz de Tenerife:Intramar Ediciones, 2011.

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