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terça-feira, 20 de agosto de 2013

«O Que é a Arte?», de Lev Tolstói

Editora: Gradiva
Ano de Publicação: 2013
Nº de Páginas: 264
O que é e quais são os requisitos mínimos para que algo produzido por alguém ou pela natureza, seja um quadro, uma música, um livro, seja designado como obra de arte? Como distinguir a arte sublime da cópia ou da falsa arte? Qual o valor da arte? Respostas a estas e outras perguntas sobre Arte, que estetas e pensadores ao longo dos séculos tentaram encontrar uma solução, são abordadas numa obra de carácter ensaístico sobre um tema que «me é próximo — a arte», diz Tolstói, o autor do livro O Que é a Arte?, obra que, pelo autor russo, foi moldada ao longo de quinze anos e originalmente publicada em 1898.
A arte influencia a forma como vemos, ouvimos, sentimos e raciocinamos sobre as coisas comuns do nosso quotidiano. Segundo o autor de Anna Karenina a arte influencia, mas ela não é influenciável. Com clareza e recorrendo a vários exemplos esclarecedores de todos os tipos de arte Tolstói explica-nos que «para definir qualquer actividade humana é necessário compreender qual o seu significado e importância» — o valor da arte é o assunto do primeiro capítulo, dos vinte, deste livro. A questão acerca da natureza da arte é antiga, sendo que muitos estetas atribuem os primeiros pensamentos sobre a arte a Platão. O certo é que desde a antiguidade o tema não tem deixado de inquietar um leque vasto de filósofos, desde Sócrates a Nietzsche, e é precisamente uma visita pela história da arte desde as transformações sofridas desde a Grécia Antiga, até ao fim do século XIX, que Tolstói nos guia.
É no capítulo V que o autor define a arte: «(…) é uma actividade humana que consiste em alguém transmitir de forma consciente aos outros, por certos sinais exteriores, os sentimentos que experimenta, de modo a outras pessoas serem contagiadas pelos mesmos sentimentos, vivendo-os também (…) não é, acima de tudo, um prazer; é antes um meio de comunicação indispensável para a vida (…)». Diz-nos também que não devemos olhar para ela — a arte — como um veículo de prazer, e sobre arte versus prazer encontramos na página 76: «As pessoas compreenderam que o significado da comida é alimentar o corpo, no instante em que deixaram de considerar que a finalidade desta actividade é o prazer. O mesmo acontece com a arte. As pessoas só compreenderão o significado da arte quando deixarem de considerar que a finalidade desta actividade é a beleza ou, por outras palavras, o prazer.»
É no capítulo XII que Tolstói apresenta um dos textos mais incisivos, mordazes, sobre o que leva as pessoas a optar pelas falsificações da arte. Entre as razões que ele enumera estão a crítica de arte e as escolas de arte. Tolstói diz que o público que lê os textos dos críticos de arte é influenciado por «eruditos, portanto, por pessoas pervertidas e simultaneamente seguras de si», pessoas que «se deixam contagiar pela arte completamente deturpada ou atrofiada» (…) o mal maior dos críticos é que (…) prestam especial atenção e elogiam obras racionais e inventadas, e são estas que apontam como exemplos dignos de imitação» (…) «Qualquer obra falsa, elogiada pelos críticos, é a porta pela qual imediatamente irrompem os hipócritas da arte.» O escritor russo é a desfavor das escolas que ensinam arte: «Nenhuma escola pode provocar sentimentos numa pessoa e ainda menos pode ensinar-lhe aquilo que é a essência da arte: manifestar o sentimento do modo que lhe é próprio.»
Na capítulo conclusivo de O Que é a Arte?, o autor de Ensaio Sobre o Ciúme remata: «A arte não é um prazer, consolo ou passatempo: a arte é uma actividade grandiosa. A arte é o órgão da vida humana que converte a consciência racional das pessoas em sentimentos.»
Tolstói é maioritariamente conhecido pelos seus grandiosos romances e contos que escreveu. Todavia este ensaio, do último período da sua vida, em que se dedicou à reflexão filosófica, evidencia todo o seu génio e intelecto elevado ao seu expoente máximo. Что такyое искусство? (título original a partir do qual Ekaterina Kucheruk traduziu do russo este livro) é uma obra que cativa, estimula, intriga e, principalmente, faz reflectir sobre o que é a arte. Uma mais-valia deste livro são os quatro tipos de notas de rodapé elucidativas que são apresentadas: as do editor russo, as da tradutora, as do revisor científico — Aires Almeida — e as do próprio Tolstói.

9 comentários:

  1. Tólstoi chega ao fundo da questão sobre o que é arte ou falsa arte.
    Ele aprofunda o assunto e ajuda-nos a tentar chegar a uma conclusão sobre uma pergunta que há muito é feita pela humanidade.

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  2. Tólstoi tenta chegar ao fundo de uma das questão que atormentam a humanidade há anos. A questão sobre o que é arte.

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  3. Tolstói, alguém que vergonhosamente ainda não li.

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  4. Tolstói, alguém que vergonhosamente ainda não li...

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  5. Faz parte da minha lista de presentes para o Natal e este vai direitinho para o meu cunhado que é arquiteto

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  6. Um livro que faz reflectir sobre o que é a arte, que tanto pode er um livro, quadro, uma música. Um livro que todos devem ter a "arte" de ler.

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  7. Nunca li nada de Tólstoi... Parece-me que este livro poderá ser um começo bastante interessante!

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  8. Imperdível! Uma óptima reflexão sobre o paradigma da Arte na Humanidade. Como actor e "fazedor" de teatro, recomendei a todos os meus colegas. E recomendo a qualquer pessoa, sem dúvida.

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