A Segunda Morte de Anna Karénina
de Ana Cristina Silva
Ano de Publicação: 2013
Páginas: 224
Editor: Oficina do Livro
ISBN: 9789897410963
Nas livrarias a 17 de Setembro
Sinopse
Violante tinha, desde criança, um talento raro para a representação e,
com a ajuda de Luis Henrique, um grande actor com quem acabou por
se casar, tornou-se uma das mais aplaudidas actrizes portuguesas do
princípio do século XX. Contudo, os que a vêem brilhar e afirmar o seu
génio no palco dos maiores teatros nacionais desconhecem o terrível
segredo que minou a sua vida e levou para longe o marido numa noite
que podia ter acabado em tragédia. Agora, que Violante visita, longe
da multidão, o jazigo de Rodrigo - um jovem oficial português caído na
guerra das trincheiras em França -, espera finalmente sentir o
desgosto da mãe que não chegou a ser, mas descobre que o filho que
não criou carregava, afinal, no peito um peso tão grande ou maior do
que o seu. E, com o espectro das recordações que essa revelação
desencadeia, regressa também inesperadamente o próprio Luís
Henrique, desejoso de obter, ao fim de tantos anos, a resposta que
Violante não lhe pôde dar. O problema é que, numa conversa entre
dois actores de excepção, nunca se sabe exactamente o que é
verdade.
A Segunda Morte de Anna Karénina é um romance sobre o amor sem
limites, a traição e os custos da vingança - e também uma obra
arrojada sobre as tensões homossexuais reprimidas, sobre as vidas
desperdiçadas de tantos portugueses na Primeira Guerra Mundial e
sobre as diferenças - se é que existem - entre o teatro e a vida real.
Excerto:
"Entre o meu espírito e o meu corpo, estavam o
meu amor por ti e a infelicidade da Ana Matilde. Todos os dias, ao
instalar-me diante da minha mulher para tomar o pequeno-almoço,
sentia-me realmente ignóbil. Quantas vezes já vira a sua face com
aquela imperceptível crispação pela manhã? As acusações nunca se
expunham abertamente, mas pairavam no ar, tornando-o carregado. O
silêncio rebentava na sua boca. Os suspiros repetiam-se até à exaustão.
Por vezes tentava suavizar o ambiente falando-lhe de coisas banais.
Noutra época, a Ana Matilde forjaria histórias, reinventando este ou
aquele episódio com a sua imaginação. Mas agora mantinha-se calada, como
se quisesse evitar que as palavras levassem a uma conversa desagradável
que não queria ter. E a sua atitude acabava por me irritar porque,
nesse silêncio, o seu olhar não desistia nunca de me solicitar. Quase
lhe queria mal por não se resignar, por não aliviar a pressão sobre mim e
acrescentar culpa à minha culpa"
A autora
Ana Cristina Silva é docente universitária no ISPA-IU. Doutorada em
Psicologia da Educação, especializou-se na área da aprendizagem da
leitura e da escrita, desenvolvendo investigação neste domínio com obra
científica publicada em Portugal e no estrangeiro. Publicou até ao
momento sete romances, Mariana, todas as Cartas (2002), A Mulher Transparente (2003), Bela (2005), À Meia Luz (2006), As Fogueiras da Inquisição (2008), A Dama Negra da Ilha dos Escravos (2009) e Crónica do Rei-Poeta Al- Um’Tamid (2010), Cartas Vermelhas (2011,
seleccionado como Livro do Ano pelo jornal Expresso
e finalista do Prémio Literário Fernando Namora) e O
Rei de Monte Brasil (2012, finalista do Prémio
SPA/RTP).
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