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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

«O Profeta e a Arte da Paz», de Kahlil Gibran

Editora: Sinais de Fogo
Ano de Publicação: 2011
Nº de Páginas: 272

O Profeta é uma das obras de maior referência que a maioria dos leitores e estudiosos gibranianos elegem, de todos os escritos que Kahlil Gibran (1899-1931) escreveu. Este livro já é constantemente alvo de reedições, em Portugal e em todo o mundo, devido à sabedoria intemporal que o autor libanês transpôs para o livro. Em 2008 a Duncan Baird Publishers, uma editora inglesa líder na execução de livros ilustrados deu à estampa uma edição especial que junta os livros O Profeta (1926) e O Jardim do Profeta (1935). Além desta duas obras conjuntas foi coligido alguns dos textos mais notórios de Gibran, nomeadamente: O Louco, O Percursor, Areia e Espuma e O Errante. São 272 páginas que compõem O Profeta e a Arte da Paz, publicado há dois anos (em Set. 2011) pela Sinais de Fogo.
A história de O Profeta: Almustafá esperara doze anos na cidade de Orfalés pelo navio que havia de o levar de volta à sua ilha natal. No dia em que se prepara para deixar a cidade a sua alegria se mistura à grande tristeza da despedida. Antes de embarcar o homem sábio dirige-se à multidão que com ele viveu nos últimos anos — mesmo embora alguns o tenham visto como um homem solitário e misantropo — para deixar umas últimas palavras de apreço pela hospitalidade com que o receberam. «O amor só conhece a sua profundidade na hora da separação», assim começa o profeta. E assim vai semeando a sua poderosa mensagem de auto compreensão e crescimento espiritual, e a cada pessoa do público cabe indicar-lhe um tópico sobre o qual desejam que Almustafá os elucide. O seu discurso incide em temas como o Amor, Amizade, Dor, Alegria e Tristeza. O sábio leva o povo a se questionar acerca das suas ideias e acções limitadoras, aquelas que barram e impedem o seu crescimento pessoal e espiritual. Por fim, após saciar a sede de conhecimento da população, e minutos antes de regressar à sua ilha de origem Almustafá diz: «Cantastes para mim na minha solidão, e dos vossos desejos construí uma torre no céu. Mas agora o sono voou, e o nosso sonho chegou ao fim.»
Através de simples mas significativas parábolas, em O Profeta, Kahlil Gibran oferece-nos através de uma escrita límpida e poética, num estilo que é profundamente contemplativo, eivado de uma sabedoria profunda, uma visão moderna da espiritualidade. É um livro que cativa pela filosofia da vida nele contida. Em suma, o autor nos convida a aproveitarmos o que há de mais elevado em cada um de nós, na nossa vida. Sobre o protagonista deste livro Kahlil escreveu — como é-nos revelado na introdução desta obra, por Joe Jenkis (um dos biógrafos do autor) —, o seguinte: «Este profeta já me ‘escreveu’ antes de eu ter tentado ‘escrevê-lo’ a ele, criou-me antes de eu o ter criado.»
O design, a excelência editorial e gráfica cuidada, as mais de 70 ilustrações, o tipo de papel de gramagem espessa, o facto de várias obras estarem coligidas numa só; todos estes prós desta edição convidam o leitor a adquirir, ler e expor O Profeta e a Arte da Paz na sua biblioteca.

Excerto:
«No vosso sonho desperto, quando estais absortos e escutais o vosso eu mais profundo, os vossos pensamentos, quais flocos de neve, caem, vibram e envolvem todos os sons dos vossos espaços num silêncio branco.» (pp. 160-161)


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