Editora: Assírio & Alvim
Ano de Publicação: 2013Nº de Páginas: 176 |
O mais recente livro de poesia de José Tolentino Mendonça vai buscar alimento à forma poética de origem japonesa, que se baseia e busca inspiração, maioritariamente, nas relações profundas entre homem e natureza. O haiku, poesia pessoalíssima, minimalista e parca em palavras, quanto à forma é composta por três versos curtos. Resultado de uma viagem que o poeta madeirense realizou ao Japão há três anos, este livro — como escreve o autor na introdução — é uma homenagem a Matsuo Bashô e Jack Kerouac.O autor de O Estado do Bosque (Assírio & Alvim, 2013), dispôs em seis partes (Escola do Silêncio, Vida Monástica, Guia Para Perder-se nos Montes, Amanhecer na Primeira Cidade, Amanhecer na Segunda Cidade, Livro das Peregrinações) uma quase centena e meia de poemas, que revelam registos de instantes fugazes, que nos aguçam os sentidos (em conjunto ou em paralelo). Nos versos deste livro é-nos transmitido, de forma confidencial e subtil, os imprecisos momentos do aqui e agora. As primeiras páginas de A Papoila e o Monge são dedicadas ao silêncio; é com estes silêncios consentidos, ao mesmo tempo intimistas, que o poeta nascido em Machico ordena «calar para fazer dizer». Como é fantástico transmitir tanto, com tão pouquíssimas sílabas e tão comunicadores silêncios. Esta primeira parte dedicada ao silêncio é o expoente do livro. Nela podemos encontrar o seguinte haiku: O silêncio só raramente é vazio / diz alguma coisa / diz o que não é.A Papoila e o Monge é um pequeno grande livro do tipo de poesia haiku, que poetas como Camilo Pessanha, Eugénio de Andrade e Herberto Hélder, deixaram colheita. É também uma obra exemplar para quem queira descobrir esta forma de poetar.Excertos:
«Silêncio:contemplar a neveaté confundir-se com ela»«Podes interrogar a papoilamas a papoilanada responde»«As nuvens hoje parecemmonges que tomam o cháem silêncio»
Li este livro em pouco mais de 15/20 minutos e ZERO, para mim foi ZERO; talvez o defeito seja meu...
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