Páginas

terça-feira, 15 de abril de 2014

«Holocausto Brasileiro», o livro choque do Brasil chega a Portugal







Sessenta mil pessoas foram mortas num hospital psiquiátrico brasileiro, com a conivência de médicos e funcionários. Esta é a história real e chocante de um crime que aconteceu ao longo do tempo, até bem perto dos anos 80. E é essa a história que a jornalista Daniela Arbex conta em Holocausto Brasileiro. Foi uma investigação que lhe valeu o prémio de Melhor Livro Reportagem 2013, atribuído pela Associação Paulista de Críticos de Arte, e será adaptada para televisão ainda este ano. Um livro da Guerra e Paz editores que chega às livrarias a 16 de Abril, com a marca do Clube do Livro SIC.

O que aconteceu às vítimas? Eram internadas como doentes mentais no Hospício de Colônia, muitas sem qualquer fundamento clínico para o diagnóstico. Eram meninas violadas que engravidaram dos patrões, homossexuais, epilépticos, mulheres que os maridos não queriam mais, alcoólicos, prostitutas. Ou simplesmente seres humanos em profunda tristeza. Sem documentos, sem roupa e sem destino, tornaram-se filhos de ninguém. Crianças, mulheres e homens, aos milhares, foram violentamente torturados e mortos.

Um genocídio feito pelas mãos do Estado, uma história chocante e macabra do século XX, que roubou a dignidade e vida a 60.000 pessoas. Nos períodos de maior lotação, morriam 16 pessoas por dia dentro dos muros do Colônia. Pessoas que comiam ratos e bebiam água do esgoto. Eram exterminadas com choque eléctricos tão fortes, que toda a cidade ficava às escuras, por sobrecarga da rede. Os cadáveres eram vendidos às faculdades de medicina e, quando o número de corpos excedia a procura, eram decompostos em ácido, no pátio, diante dos pacientes. Os ossos eram comercializados. Nada ali se perdia. Excepto a vida.

Daniela Arbex estará em Portugal de 5 a 8 de Maio, para divulgação e promoção do livro. A sessão de lançamento de Holocausto Brasileiro decorre a 7 de Maio, às 18h30, na Fnac do Colombo, em Lisboa.
 

1 comentário:

  1. Me interesso pelo assunto mas deixo aqui umas indagações e sugestão: Alguém falou na Dra Nise da Silveira
    que em contrapartida lutou para mudar esta triste e desumana realidade? Se recusou a usar choques e qualquer tipo de tortura? Que implantou entre outros arte como terapia na transformação dos pacientes verdadeiramente doentes? Há livros sobre ela e inclusive um filme atual.

    ResponderEliminar