«O Nadador», de Joakim Zander

Editora: Suma de Letras

Data Publicação: Julho 2014
N.º de Páginas: 464

Joakim Zander (n. 1975) é um advogado sueco a trabalhar actualmente na Finlândia. O autor já viveu e trabalhou em países como a Bélgica, Israel, Síria e EUA. Em 2010 publicou a sua tese de doutoramento, pela qual foi galardoado com o Prémio Rabobank, e mais recentemente, em Setembro de 2013, publicou o seu romance de estreia, intitulado Simmaren. A edição portuguesa foi lançada pela Suma de Letras e intitula-se O Nadador. Trabalhou na tradução da obra João Reis.

O ponto de partida do romance é Julho de 1980, onde uma bomba vitima uma diplomata do Ministério dos Negócios Estrangeiros e deixa uma bebé de dois meses órfã. O pai da menina, um espião americano em missão, abandona-a, pondo a profissão em primeiro plano, mas durante os trinta e três anos seguintes os sentimentos de culpa, raiva e vingança («As raízes da vingança são eléctricas») não o deixará de consciência tranquila. O passatempo preferido deste homem, é a natação, «nada para manter a culpa afastada».

Klara Walldéen é portadora de um passado triste, onde a solidão e a vulnerabilidade fizeram-na estudar Direito. A vida desta advogada do Parlamento Europeu tem uma viragem completa quando é subitamente contactada, após três anos de comunicação rompida, pelo ex-namorado, Mahmoud Shammosh, que encontra-se em apuros. Assim, fica envolvida sem querer numa rede de espionagem internacional, que a levará a viajar por vários países europeus. Traições, expiações e mortes, tudo vale para que uns documentos confidenciais não caiem nas mãos erradas.

A acção da história ocorre em diversos países, Bélgica, França, Suécia, Holanda, Afeganistão, EUA, Síria, e é intercalada por vários acontecimentos decorridos em 1985, 1988, 1991, 1996, 2002 e 2003. A trama principal de O Nadador passa-se em Dezembro de 2013 e estende-se até inícios de 2014, e são várias as vozes narrativas que através de frases curtas e de capítulos breves, o escritor estreante delineia este thriller. Contudo, apenas um narrador exprime-se na primeira pessoa: o nadador.

Com um início lento e pouco promissor, onde várias vozes e tempos narrativos se misturam e criam desorientação ao leitor, O Nadador é um romance que só ganha alguma intensidade — para desagrado de que quem o lê — após metade do livro estar folheado. A trama é complexa e por isso faz com que o leitor leve o seu tempo para estudar e compreender qual a mensagem que o autor quer transmitir, com a obra. Com mais dados sobre a história talvez este fosse um romance que funcionasse em pleno. Lendo um pouco sobre a biografia de Joakim Zander ficamos a saber que este é um romance, que não sendo biográfico, tem muitos pontos em comum com o percurso profissional do autor.

Excerto

«Sei que fui atingido antes de sentir a dor. Como sei sempre. Como sempre soube. Que a s ligações são mortais. Não é a mentira, mas a verdade, que ameaça a nossa existência. A seguir, a dor. Algures no estômago. Algures nas costas. Intensa e mortal. Escorrego na neve que cobre as rochas. Rodopio e caio. A dor de novo. No ombro, na mão. O tempo cessa.» (p. 407)