Editora: Editorial Presença
Data Publicação: 19/08/2014N.º de Páginas: 304 |
Toda a história de A Caminho de Casa gira em torno de dois irmãos italianos de feitios opostos: Marco e Andrea. O primeiro, mais novo três anos, sempre foi rebelde e ao longo dos seus quarenta anos construira relações pouco duradouras, com medo de assumir responsabilidades. A música sempre fora um dos seus escapes preferidos, pois enquanto ouvia as suas bandas de eleição o seu mundo interior atribulado era posto em stand by, por breves momentos. Actualmente mora em Londres e é sócio de um restaurante, sendo um coleccionador inveterado de affairs e de promiscuidade. Decidiu há alguns e deixar a cidade de Milão para trás, tal como as suas relações com o pai e irmão, assim que a sua mãe falecera. Todavia a cicatriz profunda que permanece na sua e na vida do seu irmão, essa, é perpétua. Andrea que sempre fora um homem estudioso, correcto, integro e benevolente, é engenheiro e em vias de se separar da sua mulher. Frágil é o adjectivo que melhor define a sua essência.«Marco (…) observava o irmão (…) e perguntava-se quem era aquele rapaz que partilhava o quarto com ele. Um estranho. Um desconhecido. Como podiam ser tão diferentes se eram irmãos?», é possível ler-mos no primeiro capítulo deste livro, num dos vários flashbacks que fazem reminiscência aos anos (19)80, à infância e adolescência dos irmãos. Só a partir do segundo capítulo do romance que é conhecido o ponto de partida que o autor definiu para estruturar todo o romance: quando o pai de ambos é hospitalizado de urgência e Marco e Andrea voltam a se reunir novamente. Conflitos interiores vindos ao de cima, raivas acumuladas e por extravasar, medos vencidos e outras emoções acontecem até ao término da narrativa. A família Bertelli afinal, conclui-se após virar a última página desta obra dramática que reflecte uma grande experiência de vida de Volo: é apenas o retrato de mais uma família desarticulada, como todas as da vida não-ficcional. Há alguma que não o seja? Todas as famílias têm as suas histórias em relação a familiares em fim de vida e todas descobrem que nesta altura da vida tudo o que resta é a memória. A Caminho de Casa é um belo exemplo de uma dessas histórias. A linguagem que Fabio Volo utiliza é directa, sem preâmbulos, muitas vezes utiliza vocábulos grosseiros quando as frases saem do personagem Marco, para atribuir ênfase ao modo de viver dele. Uma estratégia sintáxica por parte do autor que resulta bem.La Strada Verso Casa, o sétimo romance de Fabio Volo, o quarto com tradução [de Rossana Appolloni] para português, foi publicado em Itália em Outubro de 2013 e em Portugal há cerca de seis semanas, e vendeu mais de 500.000 exemplares em apenas três meses, em solo italiano. O escritor que nasceu em Lombardia, em 1972, é já um nome de referência no meio editorial não só em Itália, mas em outros países onde os seus livros têm ganhado leitores.Excerto«Quando a morte não é inesperada, quando a sua sombra esteve presente a cada instante, já não se fica muito surpreendido, a dor que se sente é acompanhada também por um forte sentido de libertação.» (p. 177)
Opa tenho alguma curiosidade neste autor mas sempre que vou para comprar um livro dele, outros chamam-me a atenção e acabo por não trazer... mas, visto esta parecer uma história entre dois irmãos, talvez seja este o que me irá conquistar...
ResponderEliminarUm beijinhoo*******