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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Chiado Editora publica o 2.º romance do autor Patrique Feijão


O Mundo que Nos Faz, a Nós que Fazemos o Mundo
de Patrique Feijão

Género: Romance
N.º de páginas: 238
Edição: Chiado editora
Colecção: Viagens na Ficção
Data de publicação: 08/02/2015

Texto de apresentação da obra
“O beijo é das melhores coisas desta vida, principalmente quando a entrega a essa troca de movimentos musculares é inteira. Não há redor durante um beijo verdadeiro. Estamos sós, mais nada existe, assim se pára o tempo. Confusões salivares, movimentos musculares, o mais puro de todos os ares que nos confunde a alma como se de uma transfusão espiritual se tratasse. Conspiração interligada, partilha encruzilhada, planetária emoção da transposição de barreiras virtualmente reais, vimos do nada, exactamente o sítio para onde vamos, como se de um ciclo corrupto se tratasse, mas nesta etapa de tão flagrante viagem, são os salpicos de pólen que sobrevivem ao tempo, é o ósculo. És muito mais bonita vista daqui, assim perto de nariz a roçar, peles coladas e pestanas quase enroladas. Lábios enroscados, olhos flamejados, mesmo que encerrados, é uma das formas de voar, como se de liberdade se tratasse. Línguas infiltradas, respirações descoordenadas, mesmo que desafinadas, é assim que uma orquestra celestial se consegue amestrar. É uma prosa poética esse beijo, é o versejo que rima mesmo que não entoe, que harmoniza mesmo que doa, suaviza a luta dos que permanecem em fuga, como se de uma abstracta amálgama de cores se tratasse, não é arte que se descarte, é a mais bonita de todas as formas de arte. É uma prosa poética, esse beijo.”

Excertos
«Há seres mais inconformados que outros. Uns estão bem e deixam-se ficar, outros estão bem e mudam-se, talvez por nunca terem sabido que estavam bem. Uns estão mal e mudam-se, outros estão mal e deixam-se ficar por todas as muitas razões que existem. Depois há os eternamente inconformados, internamente amarfanhados, bem e mal ao mesmo tempo, ou talvez com pequenos intervalos que podem ser de apenas dois dias, ou dois minutos, momentos de escuridão num lugar repleto de luz, em permanente dúvida, principalmente devido as todas as certezas que carregam, e pelas questões infinitas que já tem respostas alcançadas. O que faço aqui? Quem é esta gente? Como vim aqui parar? Quando foi que o meu caminho se desfez ao longo do percurso que já perdi de vista? Mas, afinal, alguém me sabe dizer quem é esta gente e o que fazem aqui à minha volta? Que foi que perdi? Onde foi que me perdi? Tenho de sair daqui. Tenho de sair daqui o mais depressa possível.»

«Há cérebros que se movem tão depressa que nem a dormir se calam, os seus donos nem saberiam explicar qual é a diferença entre estar acordado e a sonhar se o corpo não conhecesse o cansaço. Há cérebros que são uma voz que não se cansa nem fica rouca sempre a conversar com quem o transporta, os seus proprietários não o conseguem controlar. Sair à noite sozinho ajuda, não é pelo divertimento, é mais pelo barulho, as luzes, a confusão dos outros que distrai e, finalmente, se consegue pensar sem ter uma voz interior, como se uma discoteca fosse uma igreja. O pensamento consegue correr a uma velocidade muito superior ao controle que se tem sobre ele mesmo, ele até consegue correr sem consentimento, ele consegue planear e transportar corpos, é difícil de acompanhar tão rápido que é, quase impossível de domar como se fosse um animal selvagem no seu habitat natural, mas, se nos esforçarmos, é possível dominar parte do seu funcionamento e usá-lo para executar trajectos que sirvam para alguma coisa de importante. O que se passa dentro da cabeça de cada ser humano, por mais incompreensível que seja, é o lado mais visível de tudo o que é mágico. Há cérebros tão rápidos que só se entende a sua velocidade quando o despertador já não acorda.»



Para ler mais trechos do livro e colher outras informações, basta seguir a página do autor no Facebook, aqui, visualizar os vídeos que constam na sua página do Youtube, aqui, ou visitar o site http://patriquefeijao.pt.vu/.


O autor
Patrique Feijão nasceu em Paris em 1980, cresceu em Portugal e é cidadão do mundo. É um aprendiz de adulto e eterno perseguidor de sonhos. Dedica-se a viver, a sentir, a partilhar, a viajar, a apaixonar-se e, nos intervalos, escreve.
O mundo que nos faz, a nós que fazemos o mundo é o seu segundo romance, por vezes frio, num discurso frontal, o confronto entre o interior e o exterior é posto em causa através de personagens que vivem em pessoas extraordinárias mas que se vestem com vidas normais.

Outra obra do autor: A vida mais estranha que já tive (Papiro Editora, 2012).

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