Editora: Booksmile
Data de publicação: 9/05/2016 N.º de páginas: 192 |
Um porquinho nasceu demasiado pequeno e frágil. O senhor Avelar, o dono, queria, por essa razão, desfazer-se dele o quanto antes. Não fosse os suplícios de Flor, a sua filha mais nova, prometer que tomaria conta do recém-nascido, ele teria uma morte prematura e cruel. Assim nasce um elo de ligação de cumplicidade e amizade entre os dois. Todavia, por ser um porquinho irrequieto, o pai de Flor manda-o para a quinta do irmão, onde existe mais espaço e outros animais onde Abílio pode conviver.Mesmo com a separação física, a rapariga não deixa de visitar o celeiro do tio, onde Abílio está instalado, porque «estar junto do porquinho deixava-a feliz». No estábulo, o porquinho conhece ovelhas, cordeiros, um casal de gansos e Tenório, o rato mais sem escrúpulos que vive na quinta. Mesmo assim, Abílio sente-se só, sem um amigo de verdade. Sem se esperar, ele faz uma amiga muito especial, não sem antes ele a julgar pelas aparências: «feroz, implacável, manhosa, cruel». Abílio atormentava-se com as dúvidas habituais que surgem com cada nova amizade, mas depressa descobriu que estava enganado acerca de Carlota, a aranha que vivia na parte mais alta da pocilga. «À medida que os dias passavam, Abílio gostava cada vez mais de Carlota»Será esta aranha inteligente e experiente que dará conselhos sábios ao pequeno porco, como: «não te deixes levar pelas emoções», «nunca te apresses e nunca te stresses», e ensiná-lo-á palavras novas como «sedentário», «tolo», «versátil», «definhar». Mas acima de tudo, Carlota faz uma promessa a Abílio, a de que lhe salvaria a vida, pois ele nem sequer sabe o que lhe pode acontecer quando chegar o Natal. Carlota, com as suas teias e artimanhas, convence a família Zacarias e toda a população vizinha de que Abilío é um animal especial.A pequena Flor, vai acompanhando todas estas mudanças na vida do seu amigo de quatro patas, mas ao mesmo tempo ela vai ganhando outros interesses próprios da sua idade. Esta é uma das diversas e importantes reflexões que o autor transmite neste livro, a de que nada nem ninguém é nosso para sempre; com a transitoriedade da vida tudo se transforma, tudo acalma.Dividido em 22 capítulos, A Teia de Carlota, é um livro infantil que tem muito a oferecer aos leitores a partir dos 8 anos (idade recomendada) e aos adultos. Temas como a solidão, a amizade, o amor, a lealdade e a empatia têm realce ao longo da história. O texto de E. B. White (1899-1985), que além de escrever histórias para crianças foi um grande ensaísta, tendo ganhado o Prémio Pulitzer pelo conjunto de sua obra em 1978, lembra-nos a abrir os olhos e a mente para as maravilhas e milagres que muitas vezes se encontram nas mais simples coisas. Embora não seja a parte visual a mais importante neste livro — o texto fala por si — há que salientar as cerca de 50 ilustrações a preto e branco da autoria de Garth Williams (1862-1937).Outra área que não pode ser descurada e mencionada nesta resenha é a tradução. A transposição de Charlotte’s Web (1952) para língua portuguesa esteve a cargo de Carla Maia de Almeida (n. 1969), escritora, formadora e tradutora na área do livro infantil (obras de Maurice Sendak, Tomi Ungerer e Munro Leaf contam-se entre as que já traduziu.)A Booksmile já anunciou que em 2017, os livros Stuart Little e Trumpet of the Swan, outros dois clássicos de E. B. White, serão publicados.Uma das mais recentes versões cinematográficas deste livro intemporal é datado de 2006, e conta com as vozes de Julia Roberts e Oprah Winfrey, entre outros.«Uma teia de aranha é mais forte do que parece. Não se parte facilmente, ainda que seja feita de fios finos e delicados.»
Muito obrigada pela sugestão. Embora os meus alunos sejam mais velhos, será, certamente, uma boa obra a ler com eles.
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