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quarta-feira, 21 de junho de 2017

«A Árvore dos Desejos», de William Faulkner

Editora: Ponto de Fuga
Data de publicação: 05/05/2017
N.º de páginas: 72
Ela dormia ainda, mas sentia-se a ascender do sono, como um balão: era como se fosse um peixe-dourado num aquário de sono, a ascender, a ascender pelas águas quentes do sono até à superfície. E então acordaria.
Ela é Dulcie, a rapariga que protagoniza esta história infantil, a única que se conhece do Prémio Nobel de Literatura de 1949, William Faulkner (1897-1962). O primeiro leitor de The Wishing Three (título original traduzido para português por Vladimiro Nunes e Fátima Fonseca) foi Victoria Franklin a futura enteada do escritor , que recebeu esta história dactilografada e encadernada pelas mãos do próprio autor, em 1927, no dia do seu oitavo aniversário.
A história inicia-se quando Dulcie na noite de véspera do seu aniversário, acorda e à sua frente está um estranho rapaz ruivo com uma sacola ao ombro a olhar para ela. A vidraça do seu quarto está aberta e por esta ela vislumbra uma névoa cerrada; o vento sopra as cortinas, mas ela não se amedronta com a presença do rapaz misterioso, Maurice, que lhe diz: «Tudo pode acontecer quando alguém faz anos». Quando ele convida a rapariga para saírem pela floresta em busca de uma árvore mágica, ela aceita. Com eles vão a ama, um vizinho e o irmão pequeno de Dulcie.
Quando partem, está a chuviscar, as árvores apresentam-se «negras e tristes», mas quando começaram a trilhar a floresta o tempo melhora, o sol aparece, os pássaros cantam. Num passo de magia póneis, bolos e outros elementos aparecem da sacola de Maurice e o passeio torna-se divertido, mesmo quando se se deparam com um velho de barbas longas.
Pelo caminho avistam uma árvore que só tem folhas brancas, e o grupo, sem reflectir no acto, apanha cada um uma folha, e seguem viagem. Atingido o objectivo da caminhada, uma outra árvore humanizada lhes ensinará uma importante lição…
A Árvore dos Desejos é uma história cujo texto é muito imagético, onde William Faulkner entrelaça de forma bastante cativante os mundos reais e fantásticos. Nesta odisseia replecta de aventura e ânsia para com o desconhecido, os leitores mais pequenos ficarão a perceber que quando fazemos uma acção que visa prejudicar o outro ser vivo (humano, animal, etc.), teremos de enfrentar uma consequência.
Esta obra póstuma lúdica e inteligente está enriquecida com ilustrações que destacam-se pelo seu traço linear e singelo e esboçado a tinta da china, do conceituado artista americano Don Bolognese (n. 1934).
De referir que até à primeira edição impressa (de 500 exemplares), em 1964, além de Victoria Franklin, pelo menos outras três crianças receberam uma cópia de A Árvore dos Desejos.

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