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Editora: Clube do Autor
Data de publicação: 05/07/2017 N.º de páginas: 344 |
Depois do seu livro de estreia, Numa Floresta Muita Escura (Abril, 2016), a Clube de Autor publicou no início de Julho o novo romance de Ruth Ware, escritora inglesa que segundo o Guardian é considerada a Agatha Christie do século XXI — um elogio arrebatador para uma autora que apresenta o seu segundo trabalho no panorama dos tríleres de crime psicológico.Traduzido por Eugénia Antunes a partir de The Woman in Cabin 10, esta nova história remete o leitor para a actualidade londrina e norueguesa. Quem nos narra todos os acontecimentos da trama é Laura (Lo) Blacklock, uma jornalista de viagens de 32 anos, que fica incumbida de fazer a cobertura da viagem inaugural de um pequeno mas luxuoso barco. Todavia, devido a dois acontecimentos (a sua casa é assaltada e ela tem uma discussão com Judah, o namorado) que antecedem a esse seu novo desafio profissional, a sua ansiedade dispara exponencialmente, fazendo com que o seu estado anímico e psicológico fique destabilizado.Já em pleno cruzeiro, a bordo do Aurora Borealis, com apenas 10 camarotes, Lo auspicia que essa viagem não seja apenas de trabalho; idealiza recuperar energias e relaxar. Mas logo na primeira noite, estando no seu camarote, ela acorda sobressaltada devido ao som estridente de alguém ou algo a ser lançado ao mar. Lo ao abrir a portada, repara que na balaustrada da varanda anexa, a do camarote n.º 10, há pingos de sangue. Depois de reportar o sucedido ao chefe de segurança do barco, este informa que não há justificação para iniciar uma investigação policial, e aconselha-a a descansar um pouco. Pelos vistos, o excesso de álcool que bebeu ao jantar e o seu histórico médico depressivo não jogam a seu favor, e ninguém acredita no que ela diz, principalmente que pediu nessa tarde um rímel emprestado a uma rapariga que estava nesse camarote. «Há um assassino neste barco. E ninguém sabe disso a não ser eu», diz, e acrescenta: «Se a história vier a público, o futuro do Aurora não será muito risonho.»Quem é afinal a mulher do camarore 10? A amante de algum dos magnatas que estão a bordo? Alguém que tentava sair do país clandestinamente? Ou será que tudo será fruto da mente «neurótica» de Laura Blacklock? Estas interrogações permanecem em supense até ao virar da última página.A primeira impressão que ficamos sobre A Mulher do Camarote 10 após lermos a sua sinopse é a de que a história tem grande potencial para captar bons momentos de leitura — crimes em alto mar, em cruzeiros, não são assim tão vulgares em romances psicológicos. Após folheadas as primeiras páginas, é notório o talento de que Ruth Ware em tecer um bom início de trama e apresentar uma personagem principal tão complexa. É através de pequenos laivos de prolepses — um recurso narrativo que funciona bem neste romance — ao longo dos capítulos que a autora vai desvendando e criando mais suspense no leitor, fazendo com que este auspicie chegar ao epílogo o quanto antes. A verdade é que a parte final revela-se muito intensa e surpreendente.A Mulher do Camarote 10, que já se sabe que vai ser adaptado para cinema em breve, é uma leitura que recomenda-se para quem é seguidor deste género de livros. Em relação à comparação que os média têm feito de o estilo literário de Ruth Ware ser idêntico ao de Agatha Christie, esse paralelo revela-se infundamentado — quem leu mais de 30 policiais da ‘Rainha do Crime’ tem a obrigação de refutar esta comparação inusitada e desnecessária em termos de marketing.De referir também que a equipa de design da Editora Clube de Leitor podia estar mais em sintonia com o editor que ficou encarregue deste título, pois a imagem do grande navio que vem na capa não corresponde ao pequeno barco que é descrito no romance.
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