O Farol do Amor
de Marguerite Vallete Rachilde
Do texto de apresentaçãoO farol, símbolo fálico, e as águas, símbolo matricial feminino, passam em Rachilde por uma relação demente; e o que apreendemos como metáfora neste Farol de Amor resulta em grande parte de uma escolha nada inocente de palavras, de uma sugestão de cheiros e cores.Quem percorrer os limbos da Literatura e tirar a febre aos livros encalhados longe do favor dos manuais, terá por vezes a compensação de um sobressalto. O Farol de Amor é um grande sobressalto. No século XIX escrevia-se bem. Porque a leitura era a ocupação preferida de quase todos os que soubessem ler, vivia-se uma idade de ouro que activava, onde se acolhessem, os grandes talentos de contar. […]O Farol de Amor é agora mal-esquecido depois de uma assinalável presença no favor do público, do registo de algum arrepio na inteligência da época. […]Aníbal Fernandes, tradutor
Diário de um Fuzilado
precedido de Palavras de um Fumador de Ópio
de Jules Boissière
Do texto de apresentaçãoO meu sonho flutuava no azul, no éter infinito onde o tempo e o espaço já não existem.A Indochina seduziu muitos colonos. Era quente, era exótica, consentia liberdades de comportamento e de sexo que agradavam a europeus de tendências reprimidas; permitia a muitos uma desenvoltura de meios materiais dificilmente alcançável no solo natal.E tinha ópio ao virar de cada esquina, aberto, tolerado como costume entre os anamitas, visto com olhos meio fechados pelo poder francês. […]Paraíso artificial, chamou-lhe Baudelaire, oculto na flor das papaver somniferum, as papoilas que a irmã de Rimbaud fervia no chá e lhe abrandavam as dores do cancro terminal […][…] Diário de um Fuzilado destaca-se pela intransigência da sua recusa ao politicamente correcto. […]Aníbal Fernandes, tradutor
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