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terça-feira, 20 de novembro de 2018

«O Secador de Livros», de Carla Maia de Almeida e Sebastião Peixoto

Editora: Caminho
Data de publicação: 25-09-2018
N.º de páginas: 32
Todos os leitores que andam sempre com um livro para todo o lado, já viram por entre as suas páginas areia, humidade ou os livros acumularem pó nas estantes. Há quem manuseie com cuidado as páginas e é obsessivamente protector dos seus livros ao ponto de não os emprestarem, não os sublinharem, e leem-nos com a máxima cautela e devoção, para depois de virada a última página, os livros irem direitos para as estantes e aí permanecerem ainda como novos. Há quem chame paranoia, há quem chame amor.
Há uma família que figura num novo livro infantil que pelo amor que tem aos livros — um amor «tão grande, tão forte, tão dedicado» —, decide inventar uma máquina para combater as nódoas, o pó e as traças dos seus livros. Todos os membros da família Bronca tem uma relação de paixão para com o objecto-livro, começando pelo patriarca, o avô Ernesto, até ao pré-leitor de fralda e chucha Nicolau. Os dez membros desta família «quando começavam a ler, era como se entrassem noutro mundo», e por isso não é de estranhar que uns leem à chuva, outros enquanto tomam banho, outros enquanto pescam, outros enquanto preparam a comida. Essa sensação de estarem num mundo à parte, faz com que os livros fiquem em mau estado. Então, depois de inventarem um lavador de livros, que não resolve por completo o problema da família com os livros, a prima Patrícia, que é ágil a solucionar enigmas, desvenda um secador muito utilitário.
O Secador de Livros, a mais recente obra infantil da jornalista, escritora e tradutora Carla Maia de Almeida (já traduziu para português vários títulos infanto-juvenis de autores de renome no panorama mundial de livro infantil, como Maurice Sendak, Judith Kerr e Tomi Ungerer), é uma história encantadora sobre uma família muito peculiar, daquelas que todos os leitores que têm amor aos livros gostariam de pertencer. O sentimento de união, de falar a mesma língua (leia-se um assunto comum entre todos), está bem patente nesta história sobre um tipo de amor.
Impossível descurar toda a parte ilustrativa deste sexto livro da autora que a Editorial Caminho publica (após O gato e a Rainha Só, Não Quero, Óculos, Ainda Falta Muito?, Onde Moram as Casas e Amores de Família). Sebastião Peixoto tem quota-parte no magnificente resultado final de O Secador de Livros. As ilustrações que preparou para adornar esta obra têm o seu traço e estilo bem próprios (figuras esguias, narizes pontiagudos e esfumados, olhos negros, etc.), possíveis de reconhecer nos mais de dez livros que tem publicados (na Opera Omnia, na Livros Horizonte e na LeYa editoras).
Uma nota para o paginador do livro: poderia ser evitado a repetição, por três vezes, da mesma página dupla. O conteúdo das páginas de sobrecapa iniciais e finais poderia ter sido montado de forma menos repetitiva.

2 comentários:

  1. Já tendo passado a infância há muito tempo, também eu gostava de ler este livro. Eu sou das que gosta de manter os seus livros impecáveis.

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