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terça-feira, 10 de março de 2020

A Assírio & Alvim traz-nos obras poéticas de Rainer Maria Rilke e Yosa Buson

Do poeta alemão Rainer Maria Rilke (1875-1926), a Assírio & Alvim publica esta semana duas obras da sua autoria: O Livro de Horas e As Elegias de Duíno, ambos traduzidos por Maria Teresa Dias Furtado.
De Yosa Buson (1716-1783), poeta e pintor japonês, hoje considerado um dos quatro grandes poetas de poesia haiku do Japão, a mesma editora lança, com tradução para português assinada por Joaquim M. Palma, Os Quatro Rostos do Mundo.
Chama-se «Livro de Horas» aos breviários (livro de orações usado pelos sacerdotes) destinados a leigos, contendo orações para determinados momentos do dia, como é notório, em registo poético, no primeiro livro deste volume de Rilke. Foram amplamente difundidos do século XII ao XVI e ainda hoje são conhecidos os livros de horas franceses especialmente ilustrados e ricamente adornados. Os outros dois livros deste volume do Autor apontam para a vida como peregrinação, enfrentando adversidades como a pobreza e a morte. [...]
O Livro de Horas não só está na base da fama de Rilke enquanto poeta - foi o primeiro dos seus livros que se tornou muito conhecido - mas também marcou uma época na sua Obra. É o primeiro ciclo poético verdadeiramente acabado: não só por ter surgido de um triplo impulso inspirador investido de uma validade imediata, de tal modo que até a sequência da escrita pôde ser mantida como princípio ordenador, mas sobretudo porque no seu inventário de motivos, nas suas imagens e mitos, na sua estrutura formal e na sua fisionomia estilística projecta um modelo de mundo poético coeso. Deste modo alcançou o seu objectivo de «encontrar imagens para as minhas transformações» (SW III 699). Por isso O Livro de Horas marca o começo da sua obra poética da maturidade. [do Prefácio de Maria Teresa Dias Furtado]

Rainer Maria Rilke ergueu na sua obra maior As Elegias de Duíno a grande sinfonia da sua vida e do seu tempo, percorridos pela inquietação e pela angústia, dilacerados pela Primeira Guerra Mundial, envoltos nas vagas das novas filosofias - Kierkegaard, Nietzsche, Bergson -, atraídos pelas novas descobertas no campo da psicologia humana - Freud - e no campo da ciência e da tecnologia. Se a vida e a morte impressionam profundamente a sua sensibilidade, não menos o fazem o amor e a dor, a alegria e a tristeza. Na genial e dolorosa experiência da escrita d'As Elegias de Duíno, Rilke encontra o elo de união entre todas essas realidades diversas e o tom elegíaco, expresso em ritmos livres, dá lugar ao tom elegíaco-hínico, uma vez que o equilíbrio encontrado se exalta e proclama. [...] [da Introdução de Maria Teresa Dias Furtado]

«À data da morte do poeta [...], um restrito grupo de amigos [...], desejando dar uma imagem minimamente coerente da grandeza poética de Buson, decidiu fazer uma recolha alargada de haikus, seleccionando aqueles que poderiam dar uma imagem inequívoca dessa realidade criativa. No final, tinham seleccionado oitocentos e sessenta e oito poemas, agruparam-nos por estações do ano, em dois volumes, e deram ao trabalho o título de Haikus Escolhidos do Mestre Buson, que foi publicado em 1785, um ano após a morte do autor. E é precisamente essa antologia que agora apresentamos aos leitores portugueses.» [da Introdução de Joaquim M. Palma]

Outros livros de poemas haicai:
A Papoila e o Monge, de José Tolentino Mendonça
Os Animais, de Kobayashi Issa
Haikus do Japão e do Mundo, de António Graça de Abreu
A Oriente do Silêncio, de Rui Rocha

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