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sábado, 29 de agosto de 2020

10 romances que marcarão a rentrée literária 2020

Das próximas novidades de ficção traduzida, a publicar durante o mês de Setembro, após a silly season, destaco o livro distinguido com o Prémio Renaudot 2019, um dos mais renomados da literatura francesa. A Pantera das Neves é o primeiro livro do escritor Sylvain Tesson a ser publicado no nosso país, e será já no final da próxima semana, dia 4, com o selo Bertrand Editora.
Outro grande destaque merece o romance vencedor do Man Booker Prize 2019, que a Elsinore lançará no dia 7, da autora britânica Bernardine Evaristo.
A Alfaguara publica a 8 de Setembro o novo romance de Colson Whitehaed, obra distinguida com o Prémio Pulitzer 2020; este escritor americano já soma dois Pulitzer em ficção.
Do escritor russo Ivan Búnin, Prémio Nobel da Literatura em 1933, a Dom Quixote dá a conhecer aos leitores um dos seus livros de contos mais conhecidos.
Viajo Sozinha, de Samuel Bjørk
Um homem que passeia no bosque encontra o corpo de uma criança pendurado de uma árvore. Um cenário dantesco no meio do bosque. Pendurada do pescoço da menina, uma nota onde se lia: Viajo Sozinha.
Holger Munch, um homem solitário, experiente investigador da polícia norueguesa fica encarregue do caso e de formar uma unidade de investigação, na qual vai ter de integrar e procurar a sua anterior parceira na polícia Mia Krüger, entretanto afastada da civilização e a lidar com os seus próprios fantasmas.
Uma perturbada mas brilhante detective que será uma das peças chaves para desvendar o mistério que se vai adensado à medida que ambos descobrem que esta vítima é apenas a primeira, quando Mia descobre que também nas unhas da menina estava mais uma pista.
A Faca, de Jo Nesbø
Harry Hole está em maus lençóis. Rakel, a única mulher que algum dia amou, deixou-o de vez. A Polícia de Oslo ofereceu-lhe uma nova oportunidade, mas para resolver casos menores, quando na realidade o que ele pretendia era investigar Svein Finne, o violador e assassino em série que, em tempos, pusera atrás das grades. E agora, Finne está livre depois de mais de uma década na prisão, e Harry determinado a investigar todas as suspeitas que continuam a recair sobre ele.Mas nada lhe corre como gostaria e a cada dia que passa só vê piorar a sua situação. Quando, depois de uma noite de embriaguez total, Harry acorda de manhã completamente desmemoriado e com sangue nas mãos, percebe que algo de estranho se passou. Porém, o que nessa altura Harry ainda não sabe, é que acordou apenas para viver o pior pesadelo de toda a sua vida.

Os Rapazes de Nickel, de Colson Whitehead
«Temos de acreditar, no fundo das nossas almas, que somos alguém, que somos importantes, que temos valor.» Elwood Curtis leva muito a sério as palavras de Martin Luther King, escutadas vezes sem conta no gira-discos da casa da avó. Como ele, sonha fazer do mundo um lugar mais justo. Abandonado pelos pais em pequeno, Elwood é criado pela avó Harriet, e vê nos estudos a única saída. Um terrível mal-entendido, no primeiro dia da universidade, frustrará os seus planos. Porque para um rapaz negro a viver no Sul dos Estados Unidos, na década de 60, não existiam segundas oportunidades.
O seu destino acaba no reformatório Nickel, uma instituição que se vangloria de fazer dos seus rapazes «homens honrados e honestos». Mas por trás da fachada de rigor esconde-se uma câmara de horrores.
À medida que o cerco aperta no reformatório, parece haver apenas dois caminhos possíveis: fugir ou aceitar o cruel destino dos que ousam rebelar-se. Turner, o novo amigo de Elwood, está convicto de que a solução passa por repetir a crueldade dos opressores. Já Elwood acredita que é possível seguir o pacifismo que Luther King advogava. O cepticismo de um e o idealismo do outro levá-los-á a desembocar numa decisão com repercussões inescapáveis.
Baseada no caso real de um reformatório da Flórida que destruiu a vida de milhares de jovens, Os rapazes de Nickel é um romance de brutal impacto emocional. Uma obra literária que exibe a pujança de um escritor em plena forma, que explora a ferida aberta da segregação racial nos Estados Unidos e levanta uma poderosa voz contra a injustiça.

A Vida Brinca Comigo, de David Grossman
Por ocasião da festa dos noventa anos de Vera, Nina regressa a Israel: apanhou três aviões, que a trouxeram do Ártico até ao kibutz para se reencontrar com a euforia da mãe, a raiva da filha, Guili, e a veneração intacta de Rafi, o homem que, apesar de tudo, ainda perde todas as suas defesas quando a vê. Desta vez, Nina não pretende fugir: ela quer que a mãe acabe por contar o que aconteceu na Jugoslávia durante a primeira parte da sua vida, quando, jovem judia croata, se apaixonou por Milosz, filho de camponeses sérvios sem terra. Nina quer saber mais sobre o seu pai, Milosz, preso sob a acusação de ser um espião estalinista. E porque é que Vera foi deportada para o campo de reeducação na ilha de Goli Otok, abandonando-a quando tinha apenas seis anos.Para desvendar os mistérios do passado, Nina sugere um regresso ao lugar de horror que sugou Vera, marcando o destino de todas elas. A viagem de Vera, Nina, Guili e Rafi a Goli Otok acaba por se transformar num confronto dramático que quebra o silêncio, despertando sentimentos e emoções com a violência da tempestade que atinge as falésias da ilha. Uma viagem catártica, confiada à filmagem de uma câmara de vídeo, onde a memória e o esquecimento se fundem num único testemunho imperfeito. 

Pequenos Acidentes, de Sarah Vaughan
Qual é o pior pesadelo de uma mãe? Jess Curtis é uma mãe dedicada e com uma família perfeita. Tem três filhos, de quem cuida com reservas ilimitadas de paciência, energia e amor. Liz Trenchard é amiga dela há mais de dez anos, e é assim que a vê. Mas tudo muda quando Jess aparece com a filha bebé nas urgências do hospital em que Liz trabalha, colocando-a perante um dilema. Como pediatra, Liz tem o dever de proteger todas as crianças que dão entrada no seu serviço, e a bebé da amiga, com uma fratura craniana, levanta de imediato suspeitas. Jess não se apercebeu de que a filha tinha batido com a cabeça, e a história que conta não é compatível com a lesão da bebé. E até que ponto conhecemos realmente um amigo?À medida que pensamentos sombrios atormentam Jess e segredos cuidadosamente guardados começam a vir ao de cima, Liz começa a pôr em causa tudo o que achava saber sobre a amiga, e também sobre si própria. A verdade acabará por ser revelada, e trará consigo factos que muitos prefeririam nunca ter conhecido.

Alamedas Escuras, de Ivan Búnin
Alamedas Escuras é um conjunto de contos delicadamente poéticos sobre o amor. Histórias que retratam pequenas epifanias, instantes fugazes marcados pelo prazer sensual da existência e a fragilidade da vida. Em cada uma delas é-nos contado um episódio da vida de uma personagem completamente diferente e, em todas elas, os heróis de Búnin veem o seu amor testado pelo drama da separação, provocada pela loucura, a guerra, a morte ou, simplesmente, pela ambição pessoal e os acasos da vida. Em Alamedas Escuras encontramos também a angústia pelo tempo perdido, a dor pelo destino da Rússia, o peso da memória, a beleza dos sentimentos e os recantos mais obscuros da alma humana, que colocam obstáculos à luta pelo que é bom e amado.

Quichotte, de Salman Rushdie
Inspirado pelo clássico de Cervantes, Sam DuChamp, um medíocre autor de livros de espionagem, cria Quichotte, um cortês e apatetado vendedor ambulante obcecado pela televisão que é vítima de uma paixão impossível por uma estrela de TV. Acompanhado pelo seu filho (imaginário) Sancho, Quichotte empreende uma picaresca busca pela América a fim de se mostrar digno da sua mão, arrostando valorosamente com os tragicómicos perigos de uma era em que «Tudo-Pode-Acontecer». Entretanto, o seu criador, que vive uma crise de meia-idade, enfrenta igualmente os seus imperiosos desafios. Tal como Cervantes escreveu Dom Quixote para satirizar a cultura do seu tempo, Rushdie transporta o leitor numa desvairada corrida através de um país à beira do colapso moral e espiritual. E, com aquela magia narrativa que é a imagem de marca da obra de Rushdie, as vidas amplamente realizadas de DuChamp e Quichotte interpenetram-se numa busca profundamente humana do amor e num retrato perversamente divertido de uma época em que os factos são tantas vezes indistinguíveis da ficção.

Tudo se desmorona, de Sheena Kamal
Quando era pequena, Nora Watts só conheceu o pai. Quando este se suicidou, recusou-se a sentir dor e seguiu em frente com a sua vida. Contudo, um encontro fortuito com um veterano de guerra que conhecera o pai fê-la fazer-se perguntas que não podia continuar a ignorar, para além de criar emoções sombrias que não conseguia controlar. Para se livrar do passado, terá de o enfrentar.
Ao descobrir a verdade sobre a vida do pai e sobre a sua morte violenta, Nora viaja de Vancouver para Detroit, onde Sam Watts foi criado, longe do seu povo e do lugar onde nasceu. Devido a uma política governamental desastrosa que começou na década de 1950, milhares de crianças nativas canadianas, como Sam, foram adotadas por famílias americanas. Na Cidade do Motor, Nora descobre que as circunstâncias que rodearam o suicídio de Sam são inquietantes.
No entanto, por muito que se afaste de Vancouver, Nora não consegue deixar os problemas para trás. De regresso ao noroeste do Pacífico, Jon Brazuca, um antigo detetive de polícia que se tornou investigador privado, está a investigar a morte por overdose da amante de um multimilionário. A sua busca expõe uma rede desumana de contrabando de opiáceos e um vínculo surpreendente com Nora, a mulher distante e irritante de quem, certa vez, tentara ser amigo…

A Pantera das Neves, de Sylvain Tesson
Em 2018, o fotógrafo de vida selvagem Vincent Munier convidou Sylvain Tesson a acompanhá-lo numa viagem ao Tibete numa tentativa de tentarem avistar a esquiva pantera-das-neves.
O grupo de quatro pessoas aterra em Pequim e enceta a viagem até ao planalto, a cinco mil metros de altitude, que é o seu destino, avançando para panoramas cada vez mais majestosos e desérticos.
Quanto mais se afastam da presença humana, mais a natureza se afirma, vibrante de vida selvagem, protegida dos efeitos nefastos da civilização. Aqui, manadas de antílopes, cabras montesas, iaques viajam quilómetros por prados sem fim. O autor descobre a possibilidade de um ritmo diferente. Enérgico e sempre insatisfeito, descobre na contemplação de Vincent, o apelo da quietude. E encontra, na natureza intocada à sua volta, o desejo de renúncia e a vontade de pertencer a um todo. A viagem torna-se uma exploração interior pela contemplação, pelo silêncio e por um outro ritmo de vida a par de uma reflexão sobre as consequências desastrosas da atividade humana sobre o mundo animal.
Rapariga, Mulher, Outra, de Bernardine Evaristo
As doze personagens centrais deste romance a várias vozes levam vidas muito diferentes: desde Amma, uma dramaturga cujo trabalho artístico frequentemente explora a sua identidade lésbica negra, à sua amiga de infância, Shirley, professora, exausta de décadas de trabalho nas escolas subfinanciadas de Londres; a Carole, uma das ex-alunas de Shirley, agora uma bem-sucedida gestora de fundos de investimento, ou a mãe desta, Bummi, uma empregada doméstica que se preocupa com o renegar das raízes africanas por parte da filha.
Quase todas elas mulheres, negras e, de uma maneira ou de outra, resultado do legado do império colonial britânico. As suas histórias, a das suas famílias, amigos e amantes, compõem um retrato multifacetado e realista dos nossos dias, de uma sociedade multicultural que se confronta com a herança do seu passado e luta contra as contradições do presente.
Um romance atual, brilhantemente escrito, que repensa as questões de identidade, género e classe com o pano de fundo do colonialismo, da emigração e da diáspora.
Força narrativa e escrita cativante num empolgante mosaico de histórias de vida que farão o leitor repensar a sua maneira de ver o mundo.

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