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segunda-feira, 4 de outubro de 2021

«Nomadland» e «Entre Dois Reinos» estão entre os novos títulos de não-ficção

A 7 a 12 deste mês chegam às livrarias os livros de não-ficção Nomadland (que inspirou o filme homónimo que venceu os Óscares de Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Actriz (Frances McDormand)) e Entre Dois Reinos, a publicar pela Cultura e Lua de Papel editoras, respectivamente.

Numa América que parece distópica, mas é real e atual, a jornalista Jessica Bruder, na melhor tradição de um jornalismo imersivo, viveu três anos e vinte e cinco mil quilómetros em acampamentos nómadas, acompanhando empregados low-cost que, sem outra forma de subsistência, desistiram das casas tradicionais para habitar rulotes e furgonetas que transportam, de costa a costa e do México à fronteira com o Canadá, na obsessiva busca de um pagamento quase mendigado.
Bruder, num estilo que oscila subtilmente entre o rigor jornalístico e a emoção literária, contorce de forma dolorosa os tradicionais conceitos de comunidade e família e eterniza uma viagem pela alma dos Estados Unidos do século XXI. São as histórias comoventes, e destemidas, de antigos professores, gerentes, empregados de mesa e de quem mais possa imaginar-se, todos à procura de um sonho americano que tiveram e perderam sem perceber onde nem como.

Naquele ano, o mundo parecia sorrir a Suleika Jaouad. Tinha acabado o curso e ia começar uma nova vida em Paris, ao lado de Will, por quem se tinha apaixonado perdidamente. Podia ser um conto de fadas, não fosse aquela comichão que crescia de dia para dia, o cansaço, a falta de força. No meio do sonho em construção, e aos 23 anos, chegou o diagnóstico: leucemia.
Suleika regressou aos EUA sem emprego, casa ou liberdade. E começou a sua longa caminhada contra um monstro invisível: passaria os anos seguintes no hospital, fechada entre quatro paredes, e começou a relatar o seu dia a dia num diário publicado pelo
New York Times.
A coluna, que lhe valeu um
Emmy, tornou-se viral. Recebeu cartas e e-mails de milhares de pessoas que se reviam nela ou admiravam a sua infinita resiliência. Quando a deram como curada, Suleika tentou voltar ao reino que abandonara, mas descobriu que era agora outra pessoa. À procura de si e de uma casa que fosse sua, fez-se à estrada, acompanhada pelo seu rafeiro, chamado Oscar. Percorreu os EUA, conheceu as pessoas com quem se correspondera: desde uma adolescente com cancro a um prisioneiro no corredor da morte.
Entre Dois Reinos é essa viagem real e metafórica pela memória de uma mulher que se reconcilia com o seu novo corpo, a sua nova alma, a sua nova vida. E nessa paisagem íntima, revelada em páginas tão belas que julgaríamos pertencer a um romance, Suleika mostra-nos o que é procurar (e encontrar) o caminho para casa. 

Outro livro que pode interessar: O Lado Selvagem, de Jon Krakauer.

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