Da colecção 'A Água e a Sede', da Modocromia, faz parte o livro de poesia Rosto em Ruínas, de Domingos Lobo. Na editora, publicou mais recentemente o livro infantil O Concerto de Miau e Piu P.
As palavras para descrever um rosto, o rosto e seus desmandos, suas feridas.O rosto espelho de caminhos, ultrajes, paixões, inquietudes, desânimo. Também a força que há nos músculos, no olhar perscrutando a hulha do devir, ou percorrendo, pelas veredas das rugas, as notícias dos dias amplos, da solidão, do silêncio, dos vazios que enxameiam as estradas do mundo: consciência solidária em busca do lado justo.
As marcas que percorrem o rosto, um rosto desabrigado e confuso como a palma da mão.
Um percurso de ruínas, pela memória, planando as paixões, os medos, a angústia existencial. Combate absurdo contra os fantasmas que ainda teimam em desarrumar os dias e açoitar as noites. O Amor e os seus lanhos, suas perplexidades.
A carga das palavras, tão urgentes como respirar, que transportamos aos ombros e crepitam no escuro, nos limitam em sua efémera transgressão.
Poemas sobre o rosto, a idade, o lúcido derruir dos dias da alegria.
Sem ilusões nem mágoa.Domingos Lobo
Sobre o autor
Nasceu em Nagosela, concelho de Santa Comba Dão, em 1946. Estudou Teatro no Conservatório Nacional. Licenciado em programação e gestão cultural. Publicou os primeiros textos no Diário de Lisboa/Juvenil e na revista Antena, então dirigida por David Mourão-Ferreira. Fez rádio/teatro (como actor e autor) nos Parodiantes de Lisboa e escreveu teatro para o programa Tempo de Teatro, de Samuel Diniz, na RDP 1. Foi redactor principal do jornal ABC – Diário de Angola, iniciando aí actividade como crítico literário, e crítica de cinema e teatro e nos semanários A Palavra, O Momento e Semana Ilustrada. Foi chefe de redacção do Jornal do Vale do Tejo. É diretor do jornal A Voz do Operário. É, desde 2002, presidente do conselho fiscal da APE.
Tem colaboração ensaística dispersa por várias publicações. Recebeu vários prémios literários como o Prémio Literário Cidade de Torres Vedras, em 1993 (romance) e o Prémio Alves Redol (conto), em 2013. O seu romance Faz Frio Neste Lado da Noite, foi um dos textos finalistas do Prémio Leya/2017.
Da sua extensa obra publicada, fazem parte, por exemplo Cartografia de Ossos [romance] (Nova Vega, 2012), Para Guardar o Fogo – Epitáfios [poesia] (Ed. Página a Página, 2012), Cenas de Um Terramoto [teatro] (Edição Fonte da Palavra, 2010) e Origens e Derivações do Neorrealismo Literário Português [Ensaio e Crítica] (Página a Página, 2021).
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