Baiôa sem data para morrer marca a estreia literária de Rui Couceiro (n. 1984). Este romance, a publicar no próximo dia 23 pela Porto Editora - grupo editorial onde o autor foi assessor de comunicação durante dez anos -, tem na sua consciência a finitude do ser humano.
Sobre a obra, diz Rui Couceiro «A ficção sempre me fascinou. Não tenho tanto interesse em escrever sobre o que aconteceu, estimula-me é escrever sobre o que não aconteceu, ou, melhor dizendo, sobre o que poderia ter acontecido. Truman Capote disse que o aspeto mais pessoal e mais revelador de um autor é a sua imaginação. E eu concordo. O que mais diz sobre mim é a minha imaginação e o que eu consigo ou não fazer com ela e com as ferramentas narrativas de que dispuser. Neste caso, eu quis deixar o leitor sem direção até a uma fase muito adiantada do romance. Quis tirar-lhe referências, mergulhá-lo em informações múltiplas, de vários universos. E, só mais tarde, aos poucos, ir encaminhando a história para onde ela deveria ir. »
Rui Couceiro é, desde 2016, editor da Contraponto, uma chancela do Grupo BertrandCírculo, onde já editou livros de Cristina Ferreira, António Raminhos, Pedro Strecht, Joana Marques, Susana Torres, entre outros.
Sinopse
Quando um jovem professor decide aceitar a mão que o destino lhe estende, longe está de imaginar que, desse momento em diante, de mero espectador passará a narrador e personagem da sua própria vida. Na aldeia dos avós, no Alentejo mais profundo, Joaquim Baiôa, velho faz-tudo, decidiu recuperar as casas que os proprietários haviam votado ao abandono e assim reabilitar Gorda-e-Feia, antes que a morte a venha reclamar. Eis, pois, o pretexto ideal para uma pausa no ensino e o sossegar de um quotidiano apressado imposto pela modernidade. Mas, em Gorda-e-Feia, a morte insiste em sair à rua, e a pacatez por que o jovem professor ansiava torna-se um tempo à míngua, enquanto, juntamente com Baiôa, tenta lutar contra a desertificação de um mundo condenado.
Num romance que tanto tem de poético como de irónico, repleto de personagens memoráveis e de exuberância imaginativa, e construído como uma teia que se adensa ao ritmo da leitura, Rui Couceiro põe frente a frente dois mundos antagónicos, o urbano e o rural, e duas gerações que se encontram a meio caminho, sobre o pó que ali se tinge de vermelho, o mais novo à espera, o mais velho sem data para morrer.
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