Editora: Self
Data de publicação: 08/02/2022N.º de páginas: 464 |
É um dos livros mais elogiados nos últimos tempos na área de Psicologia e autoajuda. Tem a fantástica pontuação de 4,38 (de 1 a 5), média atribuída por cerca de 225 mil leitores que leram o livro e que estão registados no Goodreads. Talvez Devesses Falar com Alguém já vendeu mais de 1 milhão de exemplares só nos E.U.A. e será adaptado para uma série televisiva.
Lori Gottlieb vive em Los Angeles, é uma psicoterapeuta de 40 anos que tem um filho e uma profissão que adora. A sua vida estava a correr optimamente até que o seu namorado, inesperadamente, rompe o relacionamento que tinham há dois anos. Este grande choque - «Perder alguém que se ama é uma experiência profundamente solitária, algo que só conseguimos suportar à nossa maneira» - faz com que ela decida consultar um terapeuta, para a ajudar a ultrapassar esse acontecimento, um lugar onde possa se descontrolar e desabafar completamente, sem ser alvo de julgamentos.
Ao longo do livro, a autora vai revelando ao leitor alguns detalhes da sua vida pessoal e, principalmente, profissional: o seu trabalho como assistente de produção em Hollywood, a profissão de jornalista que exerceu para várias revistas, a sua incursão na Medicina e, finalmente, a sua decisão em se formar em Psicologia.
Lori intercala a narração das suas memórias pessoais com as histórias inspiradoras de pacientes seus: John (um produtor de seriados de meia-idade narcisista e arrogante), Julie (uma professora recém-casada com diagnóstico de cancro terminal), Rita (uma mulher idosa a caminho dos 70 anos, completamente sozinha, sem objectivos e cheia de arrependimentos por ter sido uma mãe negligente) e Charlotte (uma jovem ansiosa, com adições e sem relações amorosas significativas). Luto, suicídio, solidão e divórcio são alguns temas que a autora aborda neste livro, baseando as suas afirmações sobre esses assuntos em estudos científicos, citando vários psicólogos e psiquiatras - como Carl Rogers, Viktor E. Frankl e Irvin D. Yalom - e tendo em conta a sua experiência como terapeuta.
Talvez Devesses Falar com Alguém é um livro de não-ficção que por vezes lê-se como um romance, de tão cativante e absorvente que é a escrita da autora. É um livro bem-humorado, contundente e instigante e sincero, que nos instiga a reflectir sobre diversas matérias relacionadas com a condição humana.
Estudos demonstram que o factor mais importante no êxito de uma terapia é a relação entre terapeuta-paciente; Lori Gottlieb, ao tornar pública a experiência terapêutica, a dos seus pacientes e a sua, prova que o resultado desses estudos são verdadeiros.
Talvez Devesses Falar com Alguém é um livro transformador. Altamente recomendado.
Excertos
«Como terapeuta, sei muito sobre a dor, sobre como ela está ligada à perda. Mas também sei algo que, em geral, não é tão compreendido: que a mudança e a perda andam de braços dados entre si.» (p. 21)
«Por muito abertos que sejamos como sociedade acerca de assuntos que costumavam ser privados, o estigma em volta das nossas dificuldades emocionais mantém-se enorme (…). Se mencionarmos ansiedade, depressão ou um sofrimento insuportável, a expressão no rosto que nos olha dirá, provavelmente: “tirem-me já desta conversa”.» (p. 22)
«A terapia provoca reações estranhas porque, de certa forma, é como a pornografia. Ambas envolvem alguma nudez.» (p. 34)
«O que torna a terapia desafiante é o facto de exigir às pessoas que se vejam de formas como, normalmente, optam por não se ver. Um terapeuta segura no espelho da forma mais compassiva possível, mas cabe ao paciente olhar bem para o reflexo…» (p. 147)
«Às vezes, as pessoas abandonam a terapia porque esta as faz sentir-se responsável pelos seus atos.» (p. 365)
«… nenhum de nós pode amar e ser amado sem a possibilidade de perda….» (p. 408)
«Para muitas pessoas, mergulhar nas profundezas dos seus pensamentos e sentimentos é como entrar numa viela escura – não querem fazê-lo sozinhas. As pessoas vêm à terapia para terem alguém que entre lá com elas…» (p. 442)
«Na vida, as relações não terminam realmente, mesmo que nunca mais vejamos a pessoa. Todas as pessoas que nos foram próximas continuam a viver algures dentro de nós.» (p. 449)
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