Onde Está a Felicidade?, o primeiro grande romance de Camilo Castelo Branco, e um dos mais surpreendentes do autor português, chegou à rede livreira nacional no dia 6 deste mês. Uma edição da reconhecida colecção de clássicos da Guerra e Paz, que inclui textos complementares que ajudam o leitor contemporâneo a enquadrar o romance na sua época e na história da literatura.
Do mesmo autor, no catálogo da editora, constam títulos como Amor de Perdição, O Romance dum Homem Rico e Maria! Não Me Mates, que Sou Tua Mãe!
Texto de apresentação
Publicado por Camilo em 1856, Onde Está a Felicidade? é por vezes classificado como um «retrato da sociedade portuguesa» da época. De um lado, temos um rico proprietário, Guilherme, e do outro, a costureirinha de suspensórios de homens que é Augusta, cada um deles representando classes sociais opostas, revelando-se na trama um cortejo de ambições e de hipocrisia moral, com o dinheiro a ser um rio subterrâneo, cujo rumor ensurdece a trama passional.
Mas o verdadeiro tema de Onde Está a Felicidade? é outro, é o da insatisfação. O trio protagonista, Guilherme, Augusta e o poeta, exprime e testemunha uma profunda insatisfação existencial, insatisfação muito mais espiritual do que material. As questões materiais se não são negadas, são, no mínimo, secundarizadas, sendo a felicidade, o romance, a poesia e a literatura os motores de uma busca ética e estética que desemboca quase sempre no cepticismo, justificando o que, em O Penitente, Teixeira de Pascoaes escreveu sobre Camilo: a cara do autor de Onde Está a Felicidade? é muito mais a de Dostoévski do que a de Balzac ou Victor Hugo. Jorge de Sena resumiu assim este primeiro grande romance de Camilo: «Subtil complexidade.»
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