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segunda-feira, 4 de março de 2024

Modocromia publica romance «A Essência das Cinzas», de Conceição Oliveira

Uma das mais recentes publicações da Editora Modocromia é de Conceição Oliveira, autora aveirense que escreveu entre outros, o livro de poesia A Palavra e o Fogo (2022). Segundo Domingos Lobo, o prefaciador de A Essência das Cinzas, esta obra que passa-se entre 2017 e 2020, é «um romance de queda e recomeço, de culpa e de sublimação, de consciência do trágico que a vida pode conter e da coragem para ultrapassar os tempos da reclusão e do desespero, através da vontade de mudar, de fazer a catarse e seguir em frente: a morte dos que amamos não pode, não deve condicionar o nosso desejo de viver, de ir de novo em busca do sol.»

Domingos Lobo, também autor da mesma editora com os títulos Rosto em Ruínas (2020), A Morte Tão Perto que a Não Vemos (2023) e um outro infantil, adianta que este romance (cuja pintura da capa é da artista plástica Gina Marrinhas) traça «o percurso de Ana Clara desde a licenciatura, o início da docência, a paixão por Eduardo e o seu fim trágico (...), a catarse psicologicamente dolorosa, os dias de solidão e de silêncio e a viagem aos Açores, culminando com a ligação da protagonista a João Moniz (...)»

Texto de apresentação
«Mastigando, desfiando e enredando as horas num ciclo vicioso, qual novelo de estopa impregnado ora de bílis, ora de mel, vivemos em completo torpor. Nós, simples mortais, não conseguimos encontrar a ponta do novelo capaz de nos libertar, sacudir os encostos, que é como quem diz — afastar os dias azarados. Dos outros dias, os felizes, desejamos eternizá-los, arrumadinhos, conservando o novelo em gaveta perfumada — como reserva de memória destinada a suavizar momentos cruéis que sempre chegam. Quando acontece, os movimentos da terra perdem intensidade e nós madornamos… tudo deixa de fazer sentido. Os relógios páram — por falta de corda, por solidariedade, como chuva em dia de tédio.
O espaço que pensámos ser nosso torna-se estranho, a existência, dolorosa. Adotamos o nada como companhia. Entramos em tempo letárgico.»

E esse, era o tempo que habitava Ana — depois da tragédia que a assolou.

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