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terça-feira, 8 de outubro de 2024

Novas publicações da autoria de Jean-Paul Sartre e de Simone de Beauvoir

Livros do Brasil publica As Palavras, as memórias de infância de Jean-Paul Sartre, nas quais é-nos dada a ler uma reflexão sobre o lugar da leitura na construção da experiência humana.

Excerto
«Foi nos livros que encontrei o Universo: assimilado, classificado, etiquetado, pensado, temível, ainda; e confundi a desordem das minhas experiências livrescas com o curso fortuito dos acontecimentos reais. Daí veio esse idealismo do qual levei trinta anos a desfazer-me.»

Texto sinóptico

Jean-Paul Sartre era uma criança de colo quando o pai morreu. Esse acontecimento, considera, moldou definitivamente a sua vida: se a mãe se viu acorrentada ao triste papel de jovem viúva, ele cresceu livre, adorado por todos, acolhido em especial por um avô dedicado que lhe abriu as portas da sua biblioteca e o convidou a explorá-la. «Comecei a minha vida como provavelmente a irei terminar: no meio dos livros», lemos nestas páginas dadas à estampa poucos meses antes de a Academia Sueca anunciar a atribuição a Sartre do Nobel da Literatura, em 1964. Evocando a França provinciana do período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial e uma infância entregue a uma imaginação sem limites, alimentada pela leitura e pela descoberta da escrita, As Palavras é simultaneamente o retrato de um tempo e uma brilhante autoanálise de um dos maiores pensadores do século xx.

Pela Quetzal Editores, saiu no passado dia 26, A Cerimónia do Adeus, obra publicada depois da morte do parceiro de vida de Simone de Beauvoir. Nestas memórias, a autora escreve sobre os últimos anos de Jean-Paul Sartre, de 1970 a 1980, descrevendo o declínio de Sartre e a maneira como ele o encarou, o seu amor à vida, as suas posições políticas e a sua morte.

Texto sinóptico
A primeira data do livro é 1970: a carreira literária de Beauvoir encontrava-se entre Balanço Final e o que viria a ser o seu último livro de memórias (este).
Ainda se sentiam as ondas de choque do Maio de 68, momento em que fora necessário repensar tudo. Beauvoir afirma que Sartre pensa contra si próprio e considera-o o «novo intelectual» (por oposição ao clássico), o que tende a fundir-se com as massas para fazer triunfar a verdade universal.
Em 1971, por exemplo, serão relatadas as posições de Sartre em relação à questão basca e ao caso Padilla - e a carta aberta que Sartre escreveu a Fidel Castro em defesa do escritor cubano. Em 1972, Sartre crê ter esgotado o seu manancial de saúde. em 1973, surgem as primeiras confusões mentais. Sartre clama que já não consegue trabalhar.
No entanto, o convívio com raparigas e mulheres jovens continua a entretê-lo e ele continua a beber e a fumar às escondidas. Em 1980, voltou-se para Deus. No mesmo ano, entrou em coma e morreu. As suas cinzas estão no cemitério de Montparnasse.

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