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sexta-feira, 7 de março de 2025

«A Biblioteca: Uma segunda casa», de Manuel Carvalho Coutinho

Editora: Fundação FMS
Data de publicação: Fevereiro de 2024
N.º de páginas: 116

«Por todo o edifício é possível ouvir o rumor das ondas e, através das suas grandes janelas de vidro, temos luz natural e vistas sobre uma paisagem idílica.» Este é um dos elogios que o autor deste livro faz à Biblioteca Municipal de Câmara de Lobos, que afirma ser uma das mais belas de Portugal. Revisitei esta biblioteca madeirense, pois é uma das retratadas neste ensaio, A Biblioteca: Uma segunda casa, publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. Além de virada para o Oceano Atlântico, debruçada sobre a Praia do Vigário a cerca de 30 metros acima do nível do mar, esta biblioteca com traços arquitectónicos modernos é virada para o futuro e para a comunidade local. «Aqui se fez um edifício tão grandioso para promover a cultura», escreve Manuel Carvalho Coutinho, que elegeu como melhor lugar para ler a Secção de Adultos, num dos confortáveis sofás do piso envidraçado, com vista-mar.
O Professor e investigador doutorado em Ciências da Comunicação também visitou outras duas Bibliotecas da Região: a de Ponta do Sol e a do Funchal. O que o autor relata sobre esta última, não é novidade para quem mora na capital da ilha – como é o meu caso. Menciona que a Biblioteca Municipal do Funchal tem má localização (fica situada num «ruidoso terminal rodoviário») e más condições («espaço isolado e apertado», «exíguo e pouco apelativo», «sem uma única janela»).
Para a feitura deste livro, decidiu ir ver in loco a situação actual das Bibliotecas Municipais espalhadas pelo território português: se servem o seu propósito, o que têm de bom e de mau e o que pode ser feito para as melhorar. Para tal, entrevistou bibliotecários, técnicos e utentes de 21 bibliotecas, das cerca de 303 existentes em Portugal. Pelo seu caminho, conheceu Isilda Pereira, uma jovem leitora com mais de 90 anos de idade: «Passa pouco das 10 h quando a primeira leitora do dia chega à Biblioteca de Figueiró dos Vinhos (...) Avança confiante e de forma habitual pelo átrio da Biblioteca, e, como ávida leitora que é, traz na sacola, junto às primeiras compras do dia, um livro já lido e pronto a devolver». Para ela «a Biblioteca é como uma segunda casa».
Este curto Retrato sobre aquelas que deviam ser as portas de acesso local ao conhecimento, espaços de cultura, informação e lazer, foi uma leitura muito informativa e uma viagem acompanhada.

“Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de biblioteca”, disse uma vez Jorge Luis Borges.

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