Opinião:
Quando fala-se de Patrick Süskind aparece logo no nosso motor de pesquisa que é o nosso cérebro, o romance “O perfume”. Mas tal como na obra de Leonardo Da Vinci não consta apenas a “Monalisa”, também este escritor alemão não escreveu unicamente “ O perfume”.
Neste “O Contrabaixo” o tema central é a música e especificamente um instrumento, o contrabaixo.
O contrabaixista é um homem de 35 anos, solitário e um amante não correspondido. É em tom de monólogo dramático e quanto baste cómico e irónico que Patrick Suskind dá a conhecer este personagem, bastante sui generis.
Este solilóquio apenas tem como espectador o leitor. O cenário é uma sala imune ao som, e é neste inaudível compartimento que o contrabaixista de uma Orquestra Nacional Alemã, nos relata a sua relação com o seu instrumento, inicialmente falando apenas das vantagens:
“..aonde quero chegar é à constatação de que o contrabaixo é, sem dúvida, o instrumento orquestral mais importante”.
“..qualquer músico vos poderá assegura, de boa vontade, que uma orquestra dispensa sempre o maestro, mas nunca o contrabaixo.”
e posteriormente das inúmeras desvantagens e de que modo o contrabaixo afectou-lhe a sua vida:
“..instrumento arcaico, que melhor se ouve quanto mais nos afastarmos dele, de aparência hermafrodita, desajeitado e incómodo”
“..parece uma velha gorda. As ancas muito descaídas, a cintura perfeitamente fora do sítio, moldada muito acima e muito estreita; e para além disso estes ombros estreitos, raquíticos e pendentes..”
Mas não pensem que este homem passa o tempo todo dando voz aos seus devaneios e desânimos, e até para controlar as suas emoções ele de vez em quando brinda-nos com música, de som extraído do seu tão amado/odiado instrumento.
Comecei a ler, a ler..e quando ia lá na primeira dezena de páginas dei por mim a estranhar o modo de escrita. Primeiro estranhei, mas depois entranhei-me! O narrador foi conquistando-me através da sua eloquente e erudita sapiência acerca da música, da orquestra, de compositores famosos como Wagner, Mozart, Beethoven, Schubert, Brahms e no fim da “peça” senti-me um leigo autêntico na matéria.
Patrick Suskind é um escritor com uma temática muito própria, e que parece ser abordada em todos os seus livros. Em “O Perfume” com o personagem Jean-Baptiste Grenouille, em “A Pomba” com o personagem Jonathan Noel, e neste “O contrabaixo”. Notei que existe um elo de ligação entre os 3 personagens: a solidão, a frustração e o descontentamento.
Obrigada pela crítica. Como gosto muito de música clássica, se calhar vou apreciar o livro. Eu não gostei muito d'"O perfume", mas é pessoal...
ResponderEliminarBom domingo e boas leituras,
Moura Aveirense
Olá Miguel, aqui estou a retibuir a sua visita.
ResponderEliminarDeste autor li "O perfume" e "A pomba". Gostei muito de ambos. Não conhecia este livro. Quando foi editado?
Gostei do seu cantinho. Vou vê-lo com calma porque já deu para perceber que há coisas muito interessantes.
Acho que ainda não li nada do autor.
ResponderEliminarVou procurar, já que me aguçaste o apetite...
Caro amigo, tem uma boa semana.
Abraço.
Só li "O Perfume", que achei uma obra genial, nunca mais li nada do autor. Mas se calhar ainda vou a tempo, embora não nos tempos mais próximos, dado o número de livros que aguardam a sua vez pendurados nas duas prateleiras da estante... :)
ResponderEliminarTeresa,
ResponderEliminarEste livro foi editado em 1997 pela Editora Difel.Esteja à vontade no SQF ;)
Moura Aveirense, tem todo o direito e liberdade de não ter gostado do "O Perfume". Gostos são gostos..
Nilson, aconselho a leitura de um livro do autor. A mim, pelo menos, satisfaz-me a leitura ;)
Teté, é verdade, convém "dar cabo" dos livros pendentes na estante. Também os tenho cá por casa, em pilha pra ler.
Tua síntese é perfeita. Assim me senti, comecei lendo e quando fui acordar, já tinha acabado a leitura.
ResponderEliminarSem querer eu fui sendo cativado pelo tom do personagem (gosto de ver ele tomando as cervejas)...
Do autor, já procurei de tudo, só achei essas 3 obras. Muito bem dito, entre os 3, a solidão impera.
É dificil dizer de qual gosto mais... O Noel é fantástico...
mas se eu fosse escolher um personagem, escolheria o meu Grenouille e seu faro muito fino.
Não tenho esse livro mas gostaria muito de o ler, vou tentar arranjá-lo.
ResponderEliminarEu assisti à peça na Alemanha! Muito boa!
ResponderEliminarOlá Érica.
ResponderEliminarDeve ter sido fantástica a peça. Leu o livro antes?
Foi uma surpresa encontrar os vossos comentários, do Miguel, de todos. Interessa-me ler O contrabaixo de P. Suskind antes da peça. Aproveito para divulgar a peça de teatro que estará em cena em Almada no Teatro Estúdio António Assunção a 8 e 9 de Março.
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