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domingo, 1 de abril de 2012

Entrevista a Joel Neto

A partir de hoje, dou início – no blogue - uma nova rubrica de entrevistas a escritores. 
O estreante deste novo espaço é o autor Joel Neto, a quem agradeço desde já, ter aceite o meu convite e atenciosamente ter respondido às perguntas seguintes.

 Foto: Pedro Loureiro

Doze anos após a publicação do seu primeiro romance, “O Terceiro Servo” (2000), o Joel acaba de lançar um novo livro, “Os Sítios Sem Resposta”. Conte-nos um pouco acerca dele.
Fala de homens devastados e da paixão do futebol como linguagem possível entre eles. Como refúgio emocional, talvez. Fala de um pai e de um filho que têm no amor a um mesmo clube de futebol a forma ideal de se dizerem mutuamente que se amam sem terem efectivamente de verbalizá-lo. E fala da traição que esse filho comete para com esse pai, mudando de repente de clube.

O Miguel João Barcelos – protagonista do romance – tem alguma quota-parte de traço biográfico?
Tem. Não o escondo: o Miguel João Barcelos tem bastante do Joel Neto. Mas penso que o Pedro e o Alberto, até a Glória, a Cristina, a Cláudia e a Andreia também. Todas as personagens dos nossos livros são, até certo ponto, alter egos para nós próprios.

Como é que surgiu o título “Os Sítios Sem Resposta”?
É um verso do Tolentino Mendonça, seu conterrâneo. Surgiu por furto qualificado. Usei-o sem autorização. Entretanto, enviei um livro ao autor e agora estou sentado, à espera da sentença. Não tenho atenuantes nem vou recorrer.

Regressa à ficção dez anos depois d’“O Citroën Que Escrevia Novelas Mexicanas” (2002), que teve boa recensão por parte da crítica. Porquê um hiato tão extenso?
Precisava de ler, de melhorar a minha escrita, de amadurecer. E precisava que a vida me reencaminhasse para aqui. Penso que não volto a fazer um hiato tão grande.

O Joel Neto escreve em diversos jornais e revistas; tem um sítio na Internet; é blogger; tem conta em várias redes socias. Que peso tem o mundo da Internet e das críticas literárias em sites e blogues para a promoção (ou não) de um autor?
Não sei. A ver se o percebo agora, a partir desta entrevista (risos). Uma coisa parece-me provada: as redes sociais não vendem livros.

Nasceu em Angra do Heroísmo e cresceu e vive(u) na ilha Terceira. De algum modo essa vivência de “ilhéu” influenciou ou inspirou o seu modus operandi na escrita?
Influenciou o conteúdo dos meus livros, seguramente. O meu modus operandi, se bem entendo a pergunta, talvez não muito. Mas não tenho a certeza.

Esteve recentemente no Festival Literário da Madeira. Qual o seu feed back sobre o evento?
Foi um evento extraordinário, muito bem organizado, com bastante público e, apesar disso, surpreendentemente íntimo. Foi uma honra participar.

Quais as suas maiores referências literárias?
Não sei dizer. Tudo o que lemos nos influencia, inclusive os bilhetes da empregada a dizer que há comida no frigorífico. Mas, assim de repente, eu diria talvez os romancistas anglo-saxónicos.

Como vê o momento actual da Literatura em Portugal?
É um momento muito pujante, penso eu. Mas continua a faltar diversidade à nossa literatura. Nem tudo devia ser formalismo. Tem de haver mais espaço para o romance clássico. E também devemos procurar uma literatura popular de qualidade, sem a qual continuaremos mais pobres do que poderíamos ser.

Considera “Os Sítios Sem Resposta” o seu melhor livro?
Sim. De muito longe.

3 comentários:

  1. Não conhecia este escritor Miguel.

    Vou estar atento a esse novo livro dele.

    Fica bem e parabens pela iniciativa

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  2. http://www.rtp.pt/noticias/?article=543370&layout=122&visual=61&tm=4

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  3. Estou de acordo quanto à "literatura popular de qualidade". Portugal parece-me ser um país de extremos: ou se publica literatura muito erudita, ou livros muito comerciais, sem qualidade. Não há um meio termo. As pessoas compram essa literatura erudita, mesmo que não a leiam, para a pôr na estante. E lêem "O Segredo", ou coisas assim.

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