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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Passatempo: Óscar e a Senhora Cor-de-Rosa, de Eric-Emmanuel Schmitt

«Um livro que perdurará no tempo»
Télé-Matin

«Uma pequena obra de arte»
Le Matin

«Um conto filosófico do qual saímos cheios de esperança»
La Dernière Heure

Algumas críticas de imprensa sobre o livro Óscar e a Senhora Cor-de-Rosa, do autor francês Eric-Emmanuel Schmitt, cujo lançamento decorreu no dia 30 de Janeiro.
A Marcador disponibilizou, gentilmente, 2 exemplares para a realização deste passatempo.
Ficha Técnica do Livro

Para te habilitares a ganhar uma das agendas tens de:  
- Fazer 1 "Gosto" na página do Silêncios que Falam no Facebook [aqui], caso ainda não sigas a página;  
- Fazer 1 "Gosto" na página da Marcador no Facebook [aqui], caso ainda não sigas a página; 
- Partilhar este link no teu Mural do Facebook (se participares mais do que uma vez neste passatempo, basta partilhares uma vez).
 (Advertência: Só as participações com as partilhas públicas serão contabilizadas);
- Responder acertadamente ao Formulário e respeitar as regras dos passatempos. 


nota: Poderás participar neste passatempo uma vez por dia, todos os dias, até ao último dia de passatempo. Já sabes que a matemática não falha; quantas mais vezes participares, mais hipóteses tens de ganhar!



O passatempo decorrerá até ao dia 7 de Fevereiro.

Regras do Passatempo:
1) O passatempo decorrerá entre os dias mencionados, sendo exclusivo a participantes residentes em Portugal (Continental e Ilhas);
2) Será validado exclusivamente as participações com as respostas acertadas e será aceite apenas uma participação por pessoa ou email;
3) O vencedor será sorteado aleatoriamente através do Random.org e o seu nome publicado aqui neste post, além de ser comunicado ao mesmo via e-mail. Se ao fim de 15 dias, após ser contactado pelo administrador deste blogue, o vencedor não reclamar o prémio, será escolhido outro vencedor;
4) O administrador deste blogue e/ou a editora não se responsabiliza por eventuais extravios dos livros, aquando da expedição dos mesmos ao vencedor. 


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Hilary Mantel conquista Costa Book Award of the Year

A britânica Hilary Mantel volta a surpreender, ao adicionar o Costa Book Award of the Year (antigo Whitbread) ao Man Booker. É a primeira vez que um autor vence os dois prestigiados prémios no mesmo ano com o mesmo romance – Bring Up the Bodies. No espaço de três meses, a autora de Wolf Hall, conquistou, ambos pela segunda vez, o National Book Award na categoria ‘Autor do Ano’ e o Man Booker. O novo romance vai ser publicado pela Civilização esta Primavera.

Em outubro, Hilary Mantel fez história ao ser o primeiro autor britânico – e a primeira mulher – a receber duas vezes o Prémio Man Booker e o seu livro, Bring Up the Bodies, ser a primeira sequela a vencer a prestigiada distinção literária nos seus 43 anos de história. O romance Wolf Hall, em 2009, e agora Bring Up the Bodies, a publicar em 2013, são dois títulos com a chancela da Civilização.

Hilary Mary Mantel, escritora e crítica literária britânica, nasceu em Derbyshire (Inglaterra) em 1952. Com mais de uma dezena de obras publicadas, Hilary Mantel foi já distinguida com diversos prémios e condecorações ao longo da sua carreira. Em 1987 venceu o Shiva Naipaul Memorial Prize; em 1990 venceu o Southern Arts Literature Prize, o The Cheltenham Prize e o Winifred Holtby Memorial Prize pelo seu livro Fludd. Ainda na década de 1990, a autora ganhou o Sunday Express Book of the Year e o Hawthornden Prize. Em 2006, Hilary Mantel foi finalista do Commonwealth Writers Prize (Eurasia Region, Best Book) e do Orange Prize for Fiction com o livro Beyond Black.

«A Fórmula do Amor», de Francesc Miralles e Álex Rovira

Editora: ASA
Ano de Publicação: 2013
Nº de Páginas: 326
«Há uma força extremamente poderosa para a qual a ciência não encontrou uma explicação formal até agora. É uma força que inclui e governa todas as outras, e que está até por trás de qualquer fenómeno que opera no Universo…» (p. 321)
Primeiro a não-ficção. Até 1980 pensava-se que eram dois os filhos que Albert Einstein e Mileva Marić – a sua primeira mulher – tinham tido. Depois de tornadas públicas as cartas trocadas entre o casal, soube-se da existência de Lieserl (1902 - 1903?), a filha nascida antes de se casarem. Tudo leva a crer que o cientista alemão nunca chegou a conhecê-la, havendo quem diga que o bebé não resistido à escarlatina; outras informações apontam que ela tenha sido dada para adopção; a verdade é que a sua existência permanece incerta.
Onde entra a ficção? Precisamente, a partir dos factos reais em torno desta filha «secreta» (e seus descendentes) do génio, somando-se algumas suposições científicas e uma acção decorrida em lugares plausíveis (Zurique, Belgrado, Nova Iorque, etc.), tendo em conta o percurso geográfico de Einstein. Suspense, tensão, romance, ciência e adrenalina, são alguns dos compostos que os autores idealizaram para A Fórmula do Amor.
O prólogo da história surge quando Javier, um guionista e jornalista especializado em ciência, de uma rádio em Barcelona, perante milhões de ouvintes, esmiuça um reputado escritor que vem apresentar a sua biografia de Einstein, fazendo ressurgir a possibilidade de o mundo científico encontrar e descodificar a última teoria de Einstein, «um outro tipo de energia», extremamente importante para a Humanidade.
Logo ao sair do estúdio, Javier recebe um envelope com uma mensagem, e a partir desse momento ele envolve-se num jogo perigoso. Há quem não queira ver essa fórmula descoberta, e surgem as primeiras mortes. Com o auxílio da inebriante Sarah, Javier inicia um rol de viagens que o levam ao local onde o génio alemão guardou a sua «tese», cuja equação matemática, redigida, é a única resposta deixada aos futuros cientistas.
No epílogo de A Fórmula do Amor, a dita resposta é uma recompensa meritória para quem folheou com ânsia os breves 72 capítulos (que dão alento à leitura), cada um precedido por citações, da sua maioria de Einstein, como a que consta da p. 301: «Poucos se atrevem a ver com os próprios olhos e a sentir com o próprio coração.»
A distribuição eficiente do romance em 4 partes, Terra, Ar, Fogo e Água, formas representativas nas quais a energia se manifesta, e finalmente a Quintessência (da qual consta a resposta), é um pró do livro tal como: a veste psicológica dos personagens e o mistério que desperta e faz manter continuadamente o leitor virar página após página.
Este é já o segundo livro da dupla Francesc Miralles (em Portugal tem publicados os livros: O Quarto Reich (ASA), O Melhor Lugar do Mundo é Aqui Mesmo (Presença) e Um Coração Cheio de Estrelas (Pergaminho)) e Álex Rovira (tem várias obras traduzidas para português, de índole espiritual e de auto-ajuda), dois dos mais prestigiados escritores espanhóis.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

«(...) não é o cérebro que rege o nosso destino.»

in A Fórmula do Amor, de Francesc Miralles e Alex Rovira, ASA, 2013


Filme: A Vida de Pi (Life of Pi)

Trailer
O best-seller do escritor Yann Martel A Vida de Pi, publicado em 2001, valeu-lhe o Man Booker Prize de 2002 – um dos mais prestigiados prémios de literatura. Poucos são os leitores que desconhecem o título do livro ou a história que nele é contada. Conta-se que até Barack Obama já elogiou o livro publicamente - qual o escritor que precisa de melhor divulgação do que esta?
Quem leu sabe que, a priori, parece quase impossível transportar a história do livro para o ecran, isto porque a acção, talvez em 90%, decorre em pleno mar do Pacífico.
A verdade é que o realizador Ang Lee, que também adaptou para o cinema o romance O Segredo de Brokeback Mountain em 2005, não encontrou nenhuma imposição logística e levou adiante a produção deste filme. O resultado do seu trabalho poderá valer-lhe receber 11 estatuetas douradas, o número das indicações aos Oscar deste ano. Alguns aspectos por que acho devidamente justo a Academia ter apontado o foco para este filme são as que em seguida nomeio (não vou abordar o enredo, pois este podem conhecer na minha recensão sobre o livro).
As filmagens iniciais decorridas em Pondicherry, na Índia, são reveladoras da cultura e religiões autóctones e reflectem um realismo absoluto. Todo o trabalho brilhante de fotografia, edição, montagem em 3D, etc. Não obstante, é detectável muitas vezes a «artificialidade» que estas tecnologias utilizadas em computador produzem. Suraj Sharma foi o actor que interpretou o jovem Pi na sua «jornada» física e, principalmente, espiritual. Muitas cenas são de monólogo, que transparecem emoções díspares, desde a solidão à extrema alegria. Embora bem conseguidas, não chegam a ser brilhantes. Aliais, a parte onde falha um pouco, este filme, é na categoria de representação – e isso é notado nas não indicações ao Oscar de melhores actores.
Em suma, o filme é primoroso, é egrégio pela soma de simbolismos espirituais, filosóficos, que podemos encontrar. O surreal, o utópico, conjuga-se em medida perfeita com o real. Quatro estrelas de nota.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

São notícias como esta que deveriam abrir telejornais

Jovens estudam sob as luzes do estacionamento do aeroporto de Conakry, na Guiné.

Apenas cerca de um quinto dos 10 milhões de guineenses têm acesso à eletricidade.


A longa rua dá a sensação de ser uma biblioteca silenciosa, cada estudante sentado calmamente a ler.



Grupos de estudantes do ensino superior e médio deslocam-se ao estacionamento do aeroporto de Conakry, no crepúsculo, na esperança de reservar um lugar cobiçado sob a luz oval lançada por uma dúzia de postes de iluminação no estacionamento. Alguns vêm de mais de uma hora de caminhada de distância.


«Eu estudava à luz de velas em casa, mas feria os meus olhos. Então eu prefiro vir aqui», diz Mohamed Sharif, de 18 anos.


«Os meus pais não se preocupam comigo, porque eles sabem que eu estou aqui para buscar o meu futuro», diz Ali Mara, de 10 anos.

A Balada de Johnny Sosa: um clássico contemporâneo da literatura latino-americana

A Balada de Johnny Sosa
de Mario Delgado Aparaín

Género: Romance
Tradução: Margarida Amado Acosta
N.º de páginas: 112

A vida quotidiana em tempos de arbitrariedade e atropelos, com os seus medos e valentias, as suas cedências e heroísmos, abre-se diante do leitor num relato cativante e pleno de humor.
Durante a ditadura uruguaia, o negro Johnny Sosa, um humilde cantor de blues da cidade de Mosquitos, revela um ato de coragem inimaginável para os que julgam conhecê-lo – e que acabará por converter-se num belíssimo canto à dignidade humana.
Mario Delgado Aparaín oferece-nos, numa época de desconcerto, algo mais do que um romance ameno e aprazível: põe-nos em contacto com a condição do homem, complexa e imprevisível.

«A Balada de Johnny Sosa enquadra-se, com toda a justiça, na série de romances curtos magistrais produzidos pela narrativa hispano-americana contemporânea. Este relato pode converter-se num clássico.» 
El País

«Quero assinalar, com a toda a euforia possível, que esta formidável parábola da opressão e da liberdade é a primeira história escrita por um latino-americano na qual os bons dão uma abada aos maus.» 
Luis Sepúlveda
Mario Delgado Aparaín nasceu em Florida, no Uruguai, em 1949. Escritor, professor e jornalista, é autor de três livros de contos, Las llaves de Francia (1981), Causa de buena muerte (1982) e La leyenda del Fabulosísimo Cappi y otras historias (Alfaguara, 1999); e de cinco romances, Estado de gracia (1983), El día del cometa (1985), La balada de Johnny Sosa (1987), Por mandato de madre (Alfaguara, 1996) e Alívio de luto (Alfaguara, 1998). O livro A Balada de Johnny Sosa ganhou o Prémio de Literatura de Montevideu em 1988. Foi publicado em Espanha e traduzido no Brasil, Holanda, França, Itália, Alemanha, Portugal e Grécia.

Passatempo: Agendas 2013 l José Saramago

O blogue, com o gentil apoio da Artwear, tem para sortear 3 agendas 2013, de bolso, da Fundação José Saramago.

Caracteristícas:
Produto: Agenda Normal 2013
Autor: Fundação José Saramago
Descrição: Formato 9x14 cm, 160 páginas, 32 imagens, capa em polipele gravada em baixo relevo com elástico
Preço: 9,90 € (c/IVA)
Visitando o site da Artwear poderão adquirir, além das agendas, outros produtos de merchandising da Fundação José Saramago (como marcadores de livros, porta-chaves, ímanes, etc.)

Para te habilitares a ganhar uma das agendas tens de:  
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 (Advertência: Só as participações com as partilhas públicas serão contabilizadas);
- Responder acertadamente ao Formulário e respeitar as regras dos passatempos. 


nota: Poderás participar neste passatempo uma vez por dia, todos os dias, até ao último dia de passatempo. Já sabes que a matemática não falha; quantas mais vezes participares, mais hipóteses tens de ganhar!



O passatempo decorrerá até ao dia 31 de Janeiro.

Regras do Passatempo:
1) O passatempo decorrerá entre os dias mencionados, sendo exclusivo a participantes residentes em Portugal (Continental e Ilhas);
2) Será validado exclusivamente as participações com as respostas acertadas e será aceite apenas uma participação por pessoa ou email;
3) O vencedor será sorteado aleatoriamente através do Random.org e o seu nome publicado aqui neste post, além de ser comunicado ao mesmo via e-mail. Se ao fim de 15 dias, após ser contactado pelo administrador deste blogue, o vencedor não reclamar o prémio, será escolhido outro vencedor;
4) O administrador deste blogue e/ou a editora não se responsabiliza por eventuais extravios dos livros, aquando da expedição dos mesmos ao vencedor. 

sábado, 26 de janeiro de 2013

«Markéta Lazarová», de Vladislav Vančura

Editora: Quidnovi
Ano de Publicação: 2012
Nº de Páginas: 152
A citação do narrador de Markéta Lazarová «Muitas coisas transcendem o entendimento humano.» é um excelente preâmbulo para compreender a história decorrida na época medievalista.
A protagonista da trama é Markéta Lazarová, uma jovem educada desde à nascença para seguir a sua religião e vida num convento. Markéta é a filha primogénita de Lazar, um homem dado à desordem e ao bandidismo.
Quando a jovem é raptada pelo descendente do principal inimigo de Lazar, é iniciada a disputa feroz entre os clãs, não havendo meios-termos para atingir os fins – a morte do opositor.
Nunca ensinada sobre as leis do amor, ou nem mesmo da sanguinidade, Markéta começa a nutrir sentimentos afectuosos por Mikolas Kozlic, o seu sequestrador. Mesmo que esse afecto tenha sido fruto de uma agressão física e psicológica.
A relação dos dois é levada adiante, mas eles sabem que os pais nunca poderão vê-los juntos. Kozlík e Lazar, são dois indivíduos violentos, possuídos pela raiva, rivalidade, poder e cólera, além de pertencerem a facções religiosas diferentes: cristianismo e paganismo.
Será neste clima de opressão e chantagem, alimentado pelas lendas e mitos, que homens e mulheres combaterão pela sobrevivência, enquanto no limbo da «guerra» entre famílias, o amor se vai «consumindo».
Mais do que uma relação improvável em tempos de turbulência política e religiosa, a história é tecida de forma a que o leitor capte uma época onde o papel da mulher era inexistente, em que homens eram educados/«treinados» para derrubarem obstáculos, não os da vida – os adversos – mas os físicos, os que obstruíssem o caminho.
Neste livro do escritor checo, o amor e a morte são as duas caras de uma moeda. As moedas são lançadas á sorte. A sorte é falível. Sai sempre cara ou coroa.
Vladislav Vančura é uma figura omnipresente em toda a narração. Começa pela veste principal dos personagens - a sua psique -, e apresenta-nos. Pára a trama inúmeras vezes para perguntar ao leitor se este acha por bem o caminho que ele traçou para a história; conta-nos histórias reais passadas com ele, fala dos seus romances anteriores; e neste «companheirismo» autor-leitor faz-nos sentir também um pouco co-autores do romance. Algumas provas: «Mas espreitemos», «Meus caros senhores», «Oiçam a seguir algo sobre…», «vejam», «Acabemos de uma vez por todas…», «Devem acreditar, ilustres senhores, quando digo…», «Pois bem, meus amigos», «Ai que espectáculo mais louco! Temos de pôr um pouco mais de seriedade na nossa narração!», «Não vos comove…?», «Mas sejamos mais tolerantes, atirem fora o livro…».
Um romance composto por vocabulário rico, de difícil compreensão; um pró e um contra que contrabalançam e que são saudáveis para o bom «saborear» de um livro.

Passatempo: À Procura do Amor, de Jodi Picoult

Um exemplar do mais recente livro de Jodi Picoult será enviado para a morada do(a) vencedor(a) deste passatempo. Um livro gentilmente oferecido pela Civilização Editora.
Ficha Técnica do Livro




Para te habilitares a ganhar um dos livros tens de:  
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 (Advertência: Só as participações com as partilhas públicas serão contabilizadas);
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nota: Poderás participar neste passatempo uma vez por dia, todos os dias, até ao último dia de passatempo. Já sabes que a matemática não falha; quantas mais vezes participares, mais hipóteses tens de ganhar!


O passatempo decorrerá até ao dia 31 de Janeiro.

Regras do Passatempo:
1) O passatempo decorrerá entre os dias mencionados, sendo exclusivo a participantes residentes em Portugal (Continental e Ilhas);
2) Será validado exclusivamente as participações com as respostas acertadas e será aceite apenas uma participação por pessoa ou email;
3) O vencedor será sorteado aleatoriamente através do Random.org e o seu nome publicado aqui neste post, além de ser comunicado ao mesmo via e-mail. Se ao fim de 15 dias, após ser contactado pelo administrador deste blogue, o vencedor não reclamar o prémio, será escolhido outro vencedor;
4) O administrador deste blogue e/ou a editora não se responsabiliza por eventuais extravios dos livros, aquando da expedição dos mesmos ao vencedor.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Sextante publica: «Cartas de Casanova – Lisboa 1757», de António Mega Ferreira


Título: Cartas de Casanova – Lisboa 1757
Autor: António Mega Ferreira
Págs.: 208

O LIVRO
No verão de 1757, o aventureiro Giacomo Casanova, que se evadira pouco antes da prisão dos Piombi, em Veneza, desembarca em Lisboa. O espetáculo das ruínas provocadas pelo terramoto ultrapassa tudo aquilo que ele podia imaginar. Durante seis semanas, Casanova faz os possíveis por entender os portugueses: como é possível que a vida dos habitantes da cidade se tenha acomodado a uma tal desorganização? Conhece o comerciante Ratton e o conde de S. Lourenço, o livreiro Reycend e o marquês de Alegrete, o poeta Correia Garção e a condessa de Pombeiro. E até se encontra com o misterioso marquês de X. Chega finalmente à fala com Sebastião José de Carvalho e Melo, ainda não Oeiras, ainda não Pombal, a quem tenta vender o projeto de uma lotaria real. Exaspera-se e diverte-se, seduz e perde ao jogo, e encontra tempo para escrever seis cartas a cinco personagens importantes da sua vida. «Rien ne pourra faire que je ne me sois amusé» é a divisa que o guia. Mesmo em Lisboa.
Mesmo depois do Grande Terramoto.

Novo livro do escritor dá voz ao aventureiro italiano aquando da sua passagem por Lisboa depois do Grande Terramoto
Giacomo Casanova é uma das grandes figuras europeias do século XVIII e a sua vida sempre fascinou António Mega Ferreira, que, no seu novo romance, o imagina a desembarcar em Lisboa após o terramoto de 1755. É esse o ponto de partida para Cartas de Casanova, que é publicado pela Sextante Editora no dia 28 de janeiro.

A edição de Cartas de Casanova vem ilustrada com imagens selecionadas pelo autor.
António Mega Ferreira é um dos convidados da 14.ª edição do Correntes d’Escritas, que se realiza em fevereiro na Póvoa de Varzim.

O AUTOR
António Mega Ferreira escritor, gestor e jornalista, nasceu em Lisboa, em 1949. Foi jornalista no Expresso, RTP2, O Jornal e JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias. Fundou as revistas Ler e Oceanos. Chefiou a candidatura de Lisboa à Expo’98 e foi comissário executivo da exposição mundial. Foi presidente da Parque Expo, do Oceanário de Lisboa e da Atlântico, Pavilhão Multiusos. De 2006 a 2012, foi presidente da Fundação Centro Cultural de Belém. Tem cerca de três dezenas de títulos publicados, entre ficção, poesia, ensaio e crónica. Em 2002, recebeu o Grande Prémio Camilo Castelo Branco pela recolha de contos A expressão dos afectos. Traduziu livros de Annie Kriegel, Mishima, Cendrars, Stendhal, Unamuno e Perec. Na Sextante Editora publicou A blusa romena, Lisboa Song, Roma – Exercícios de reconhecimento e, mais recentemente, Macedo – Uma biografia da infâmia.

Porto Editora publica o primeiro livro em Portugal de Martin Suter


No dia 28 de janeiro, a Porto Editora publica Cinzas do Passado, do escritor suíço, inédito em Portugal, Martin Suter. Trata-se de um romance envolvente, digno de rasgados elogios por parte da imprensa estrangeira, cujo protagonista é vítima da doença de Alzheimer.

Cinzas do Passado é uma história emocionante, inspirada na própria experiência do autor – o pai sofria da doença de Alzheimer –, e insere-se dentro do que Martin Suter designa «a sua trilogia neurológica». É também um enigmático thriller, comparável a um filme de Hitchcock, com um mistério que só a progressão da doença do protagonista poderá resolver, à medida que as suas memórias mais antigas vão ressurgindo.

Este livro (Small World, no original) foi adaptado ao cinema por Bruno Chiche, que contou com Gérard Depardieu no papel principal.
O LIVRO
A história comovente de um homem arrastado para o passado por uma doença que o despoja do presente.

Aos sessenta e cinco anos, Konrad Lang ainda vive às custas da abastada família Koch. Durante anos, foi um parasita tolerável, inicialmente enquanto companheiro de brincadeiras de Thomas Koch, o herdeiro da fortuna da família, mais tarde enquanto zelador da mansão de férias em Corfu, embora sempre sujeito aos caprichos da família. Certa noite, porém, Konrad pega acidentalmente fogo à mansão, reduzindo-a a cinzas. A princípio, atribui-se a causa desse incidente ao seu alcoolismo, mas os esquecimentos de Konrad sucedem-se.

São os primeiros sintomas de um mal misterioso, que trará consigo consequências perturbadoras. No entanto, à medida que a memória recente de Konrad se vai esvaindo, as recordações que muitos esperavam estar soterradas vão ressurgindo pouco a pouco… A doença de Alzheimer instala-se, ameaçando pôr a descoberto segredos guardados a sete chaves.

O AUTOR
Martin Suter, nascido em Zurique em 1948, é escritor e argumentista. Até 1991 trabalhou em publicidade, como diretor criativo, altura em que decidiu dedicar-se exclusivamente à escrita. Vive com a família entre a Espanha e a Guatemala. Os seus romances encontram-se traduzidos em mais de trinta países, estreando-se agora em Portugal. Cinzas do Passado (Small World) foi adaptado ao cinema por Bruno Chiche e protagonizado por Gérard Depardieu.

IMPRENSA
Um final envolvente, digno de qualquer filme de Hitchcock.
Die Zeit

Um livro admirável sobre o insólito mundo do esquecimento.
Le Monde

Martin Suter recorre à memória e à ausência dela para viajar no passado e assim deslindar as ações das personagens no presente. Neste romance, esse trajeto intriga-nos e, quanto mais revela, maior é o nosso desejo de conhecer o seu desfecho.
El País

Suter teceu um romance de estrutura clássica entre o misterioso e o psicológico, integrando uma doença como a peça-chave para a resolução de um mistério.
La Vanguardia

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

«Psicologia para Principiantes», de Nigel C. Benson

Editora: Vogais
Ano de Publicação: 2012
Nº de Páginas: 176
O que é a psicologia? Qual a diferença entre ser psicólogo e ser psiquiatra? Quais as metodologias e ramos do estudo da mente que são mais conhecidas e adoptadas in loco (seja em escolas, em hospitais, em tribunais, etc.)?
Este pequeno livro, literalmente, introduz ao leitor principiante na temática, e a outros, cada um dos métodos de investigação defendidos por egrégios e pioneiros homens da ciência, do séc. XIX e XX. A primeira vez que ouvimos falar do termo Psicologia data de 1879. E em que país? Alemanha.
O Estruturalismo, o Funcionalismo e o Behaviorismo foram as primeiras correntes teóricas conhecidas e abriram caminho para as seis que nos dias actuais existem. Toda a evolução, críticas e admoestações surgidas na época, por parte dos cientistas, são observadas neste livro.
Um denso capítulo é dedicado, inevitavelmente, a Freud e ao «seu» inconsciente. É exemplificado, através de imagens – muitas das quais com elevado sentido de humor -, o «famoso» icebergue, de que Freud se serviu para distinguir a mente consciente, pré-consciente e Inconsciente.
Carl Jung, Erik Erikson, Pavlov, Maslow, Kohler, são outros ciêntistas das quais teorias defendidas são postas em síntese.
Na recta final o livro mostra os cursos a seguir, para quem quiser se formar em psicologia. Psicologia para Principiantes é composto por 176 páginas diminutas (168 x 118 x 11 mm), cada uma contendo ilustrações apropriadas a cada assunto descrito. Diria que é um livro de bolso indispensável a estudantes de psicologia e a profissionais
Este título faz parte da coleção publicada nos anos 80 dos quais fazem também parte os volumes: Economia para Principiantes e Filosofia Política para Principiantes, ambos publicados pela Vogais.

Novidades editorias da Gradiva de Janeiro


Novas & Velhas Tendências 
no cinema português contemporâneo
Que ideia do cinema têm os realizadores e produtores portugueses? O que pensam dos seus públicos nacionais e estrangeiros? Quais lhes parecem ser as suas maiores insuficiências e fraquezas? Como se definem face ao art cinema e ao world cinema contemporâneos? O que os distingue da indústria cinematográfica dominante e do main stream? Que tipo de identidade pensam ter adquirido desde os tempos do cinema novo? Como vêem o seu próprio futuro e o do cinema? Quem os influencia, e quem são os seus aliados e adversários nacionais e internacionais? O que os aproxima e o que os separa? Como se adaptaram ao fim tendencial da película e à era da convergência digital? Que pensam do actual ensino do cinema? Este livro, resultante de um projecto de investigação apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e desenvolvido na Escola Superior de Teatro e Cinema, no âmbito do Centro de Investigação em Artes e Comunicação, com a colaboração de investigadores da Universidade do Algarve, esboça, nos seus textos introdutórios, nas entrevistas nele antologiadas e nas suas conclusões, respostas a estas e outras questões. É ao mesmo tempo um inquérito à cultura organizacional do meio cinematográfico português e um retrato inter-geracional dos agentes criativos que contribuem para a definição dos perfis marcadamente sui generis da cinematografia portuguesa nestes primeiros anos do século XXI.


Do Livro e da Cultura 
de Gil Jouanard

O papel do livro e da cultura na sociedade actual e numa altura em que se aventa ou teme a extinção de ambos. Com enorme elegância de expressão, o autor, personalidade destacada na defesa do livro em França, demonstra a importância de uma cultura literária não elitista, que não confunde com «populismo cultural»: «[...] não há portanto ‘cultura popular’ nem ‘cultura elitista’: há obras que exaltam, elevam, transcendem, embelezam, engrandecem, acrescentam, e outras que diminuem, rebaixam, aviltam, condenam à estagnação. O cúmulo do mal-entendido, ou da cobardia ambiente, é que um grande número de ‘meios de comunicação’ e de divulgação escolheu com cinismo (pois os seus promotores não são imbecis a tal ponto; são simplesmente criminosos) promover a todo o custo o ‘populismo cultural’ [...]. O livro, quando se mantém no espaço específico da sua vocação intrínseca, ainda é este objecto de sentidos e de pressentimentos que veicula o melhor que a humanidade tem a propor a si mesma. É ele que ainda persiste, hoje, em justificar que o Homo sapiens sapiens continue a poder avaliar-se um pouco acima, em consciência e em aspirações, dos seus vizinhos de patamar à escala terrestre.»


Breviário de um Repúblico - Entre o estadão e as teias neofeudais do micro-autoritarismo 
de José Adelino Maltez

Um «diário» composto por reflexões de um autor e professor universitário que sempre recusou conformismos e cobardias, não temendo apontar o dedo e chamar as coisas pelos nomes. Ao estilo de As Farpas, de Ramalho Ortigão e Eça de Queirós, são apontados, nomeados e contextualizados os «podres» da nação, não se poupando nenhuma classe nem nenhum interesse instituído. Nas palavras de Alexandre Herculano, em citação escolhida pelo autor: «Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las...» Um livro que é o retrato que o Autor faz da época que vivemos.
 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Entrevista à escritora brasileira Adriana Lisboa

É autora de uma dezena de livros, quatro dos quais editados em Portugal: Rakushisha e Azul-Corvo (ambos pertencentes ao catálogo da Quetzal), e Sinfonia em Branco e Um Beijo de Colombina (publicados pela Temas e Debates). Foi-lhe atribuído em 2003, pela Fundação Círculo de Leitores o Prémio Literário José Saramago - um dos mais importantes prémios literários atribuídos no âmbito da lusofonia - pela obra Sinfonia em Branco, que segundo o escritor José Eduardo Agualusa «Não é um livro que se devore: é um livro para saborear (…) O estilo é elegante, sóbrio, delicado.»
A entrevistada nasceu no Rio de Janeiro, viveu na França, passou algum tempo no Japão e vive atualmente nos Estados Unidos. Foi cantora de música popular brasileira e tradutora de autores como Cormac McCarthy. Todavia, «escrever sempre foi a atividade mais genuína» desde a sua infância e é por isso que dedica-se em exclusivo à escrita. De traduzir os outros, passou a ser traduzida pelos outros. Os seus livros já são lidos em variadas línguas.
Marguerite Duras, Machado de Assis e Guimarães Rosa são apenas alguns autores que a inspira(ra)m no acto de escrever.
Em 2012, foi realizado um documentário sobre a autora, intitulado Lisboa. O sobrenome está descortinado. O nome: Adriana.

Texto: Miguel Pestana
Fotos: Daniel Hirsch

Servindo-se de quatro adjectivos, descreva a Adriana Lisboa. Um por cada decénio da sua vida, respectivamente.
Primeiro decênio: tímida. segundo decênio: ansiosa. terceiro decênio: confusa. quarto decênio: curiosa.

O que recorda de mais precioso da sua infância no Rio de Janeiro?
Tive uma infância muito privilegiada, acho. Morava numa rua pouco movimentada no Rio e brincava muito na rua, talvez minhas melhores lembranças dessa época. Mas também passava as férias no interior do estado, na pequena fazenda do meu avô, e eram as temporadas em que era mais feliz: poder andar descalça por três meses. Os amigos que tinha lá. As brincadeiras absolutamente simples, a casa sem eletricidade, e o modo como tudo me parecia justo.

De que sente mais saudade quando está ausente do Brasil?
De andar na rua e me reconhecer na fisionomia, nos gestos, na voz das pessoas.

O gosto pela música despertou quando?
Cedo. Meus pais eram musicistas informais, minha mãe tocava violão e meu pai cantava. Havia serestas em casa com alguma frequência. No início da adolescência comecei a tocar violão, estudei canto, baixo elétrico, flauta transversa, piano. Meu primeiro trabalho foi como cantora de música popular brasileira na França, aos dezoito anos. Durante toda a adolescência eu passava boa parte do meu tempo livre lendo, escrevendo e ouvindo música.

Ensinar música, traduzir, escrever. Qual a profissão que lhe dá mais prazer?
Escrever, sem sombra de dúvida – e por isso as duas outras se encerraram. Escrever sempre foi a atividade mais genuína para mim, desde a infância. A música é extremamente importante na minha vida ainda hoje, e sou feliz em morar numa casa onde todos fazem música, de um jeito ou de outro. Mas prefiro não ser profissional. Traduzir é uma atividade interessante, mas desgastante e cansativa, que me acompanhou por uma década mais por necessidade do que por prazer.

Algum escritor tem influência no que a Adriana escreve?
Acho que muitos. Cada fase da minha vida teve os seus preferidos, alguns marcaram mais do que outros – Machado de Assis, que li pela primeira vez aos catorze anos e foi uma revolução, José Saramago e Guimarães Rosa, que encontrei aos dezoito ou dezanove (perdi a conta das vezes que reli Memorial do convento e Grande Sertão: Veredas). Também me marcaram muito, em épocas distintas, Marguerite Duras, Marguerite Yourcenar, Yasunari Kawabata, Virginia Woolf, os contos de Clarice Lispector, a poesia de Manuel Bandeira, Alberto Caeiro, Emily Dickinson, Rumi e Bashô. Poderia incluir vários outros nomes na lista. Neste momento ando fascinada por Nabokov e por alguns poetas americanos contemporâneos como W.S. Merwin e Elizabeth Spires, e brasileiros, como Mariana Ianelli e Eucanaã Ferraz.

Vencer o Prémio José Saramago foi um marco na sua vida profissional e pessoal, suponho. Que «peso» atribui a essa egrégia distinção?
O prémio foi importantíssimo por muitos motivos. Eu jamais, jamais teria sonhado em recebê-lo, foi uma surpresa que me pegou na contramão e me apresentou uma imagem de escritora profissional que eu ainda nem tinha de mim mesma (nem sei se hoje tenho). Graças a ele passei a ter uma agente – Ray-Güde Mertin, e hoje Nicole Witt, que herdou sua agência – e o prémio abriu as portas do mercado internacional. O dinheiro do prémio me permitiu pagar a casa onde morava, eu que vivia de traduções e de uma magra bolsa de doutorado. Mas principalmente o prémio me permitiu conhecer um dos autores que mais admirava (e admiro), José Saramago, pela obra que criou e pelo homem que era. Nem sempre as duas coisas vêm de mãos dadas, e não raro conhecer um autor que admiramos é frustrante – no meio literário, a vaidade grassa como uma peste. Saramago era sóbrio, sério e comprometido com uma ética que norteou, me parece, sua escrita e sua vida.

Sinfonia em Branco, Rakushisha e Azul-Corvo são os seus romances publicados em Portugal. Qual das obras aconselha a leitura, em primeiro?
Um beijo de colombina também foi publicado, pela Temas e Debates, mas acho que está esgotado. Eu tendo a julgar, o que talvez seja saudável, que o meu romance mais recente é sempre o mais bem sucedido. Por isso, eu indicaria Azul-corvo. Por outro lado, julgo os três romances bem distintos. De modo que é difícil estabelecer para mim mesma uma escala muito nítida.

A acção narrativa em Azul-Corvo decorre em parte no Rio de Janeiro e em parte no estado do Colorado (EUA) - onde a Adriana vive actualmente. O caminho trilhado pela protagonista do romance, Vanja, assemelha-se em algum aspecto ao da autora que a «criou»?
Ao vir para o Colorado há seis anos, a paisagem física do estado me impressionou muito. Eu era pesquisadora visitante na Universidade do Novo México, então fazia algumas vezes essa viagem de carro de Denver a Albuquerque, no NM. Sempre me tirava o fôlego. E foi assim que esse canto do mundo entrou na minha história.

Azul-Corvo tem-lhe trazido muitas alegrias?
Sim. Tem, principalmente, me rendido muitas respostas incríveis de leitores, e acho que esse contato pessoal, individual, a certeza de que o meu trabalho teve algum impacto na vida de alguém, é o que faz com que tudo realmente valha a pena.


A obra já foi traduzida para quantas línguas?
Foi traduzida para o espanhol (na Argentina, pela Edhasa) e o sérvio (Clio), sai este ano em italiano (La Nuova Frontiera) e francês (Métailié), e no próximo ano em inglês nos EUA e no Reino Unido (Bloomsbury). Estamos conversando sobre uma tradução para o árabe com um editor egípcio. O que acontece na minha carreira é que há países – como a Alemanha e a Romênia, por exemplo – que estão começando agora a traduzir a minha obra, e fazem isso quase sempre pelo Sinfonia em branco. Então, pode ser Azul-corvo venha a seguir na lista.

Em 2012, o cineasta Eduardo Montes-Bradley realizou um documentário sobre sua vida, intitulado Lisboa. Como surgiu o convite?
Eduardo é um cineasta argentino radicado nos EUA. Tínhamos tido um breve contato por email graças a um amigo comum, e quando Azul-corvo saiu na Argentina eu lhe mandei um exemplar. Ele gostou do livro e decidiu fazer o documentário. Veio até minha casa e passamos três dias viajando de carro e filmando o dia inteiro. Foi uma experiência muito interessante.

Este ano será lançado no Brasil uma nova edição de Sinfonia em Branco, obra pela qual lhe foi atribuído o Prémio Literário José Saramago, há dez anos. Contará com um prefácio especial…
Sim, Pilar del Río escreveu um prefácio maravilhoso que muito me alegrou e emocionou. Estou feliz com essa reedição, que espero também aconteça em Portugal.
O seu romance Rakushisha, na tradução americana Hut of Fallen Persimmons, foi indicado ao prémio IMPAC Dublin 2013 (Portugal está representado com Aprender a rezar na era da técnica, de Gonçalo M. Tavares). Obras de David Lodge, Haruki Murakami, Alan Hollinghurst e Umberto Eco, também fazem parte da lista. É gratificante ou/e estimulante saber que o seu trabalho é reconhecido além-fronteiras?
Claro, embora eu saiba que há um grau imenso de sorte e de arbitrariedade em tudo isso. Como em qualquer prémio. A gente comemora, fica feliz com o fato de estar construindo uma carreira apesar de todas as dificuldades enfrentadas por alguém que escreve em português, mas é preciso que nos recordemos de que prémios são atribuídos por pessoas, não por entidades sobrenaturais. E pessoas têm preferências, implicâncias, simpatias. Ganhar e perder prémios não deixa de ser sempre um grande lance de sorte. Ou de azar.

O que pode nos contar acerca do livro que já terminou de escrever e que já intitulou por Hanói?
Não gostaria de contar muito, ainda, mas adianto que é sobre um rapaz relativamente jovem, um músico semi-profissional que não tem muitas ambições e leva uma vida relativamente simples, até que descobre não ter mais muito tempo pela frente, devido a uma doença terminal. A cidade de Hanói aparece no livro como uma espécie de Shangri-Lá, uma terra impossível de páginas em branco, onde tudo poderia, se pudesse, recomeçar.

Será publicado em Portugal ainda em 2013?
Realmente não sei. Deve sair no Brasil em meados do ano, mas julgo que o mais provável é que saia em Portugal mais adiante.

Qual o último livro que leu? Pode transcrever a frase de abertura desse livro?
“Meu avô não gostava de falar do passado.” Diário da queda, do romancista brasileiro Michel Laub.

O nome de um escritor brasileiro de eleição?
João Guimarães Rosa, sempre.

O nome do maior poeta de todos?
Poucos me emocionam como Emily Dickinson. Provavelmente ela não é a maior de todas, mas é a mais próxima do meu coração. Se pudesse escolher dois, Emily viria lado a lado com Alberto Caeiro... o poeta inocente, como disse Octavio Paz.

Lê com que regularidade?
Não tenho ideia... depende do(s) livro(s). Posso me arrastar por semanas com um livro chato, ou devorar em dois dias se for um trabalho interessante como o do Michel Laub, que citei acima. Em geral não leio depressa, e estou sempre transitando entre livros de ficção, não-ficção e poesia. Cada um tem o seu momento, sua hora, e para cada um tenho um fôlego distinto.

Costuma ler para o seu filho?
Costumava, muito. Mas hoje ele tem catorze anos. Estou pensando em pedir a ele que leia para mim...

Tem um blogue, que esteve 6 meses em absoluto silêncio. Foi reactivado, em Agosto último, por seu ensejo. Qual a força motriz para o «retorno» à blogosfera?
Não sei. Na verdade o “momento” do blog passou, e talvez tenha sido um erro reativá-lo. Inaugurei esse blog, chamado Caquis Caídos (a tradução de Rakushisha é “a cabana dos caquis caídos) em 2007, após um encontro de 39 autores em Bogotá, porque queria compartilhar fotografias. Foi crescendo, e dando vazão a reflexões e impressões que não cabiam, naquele formato, nos meus livros. Escrevi muito ali sobre direitos animais, por exemplo, um dos temas éticos que julgo mais importantes no mundo atual. Opinei sobre filmes, livros e música. Contei breves histórias pessoais, compartilhei fotos idem. Mas depois de cinco anos a vontade de prosseguir com o blog simplesmente se esgotou. Voltei a ele em agosto, como sabe, mas estou pensando em fechar as portas de novo. Parece-me que é mais um (longo, caótico, despretensioso) livro que já concluí