Páginas

quarta-feira, 24 de abril de 2013

«Contos Capitais»

Editora: Parsifal
Ano de Publicação: 2013
Nº de Páginas: 404
Vinte e seis escritores portugueses e quatro de língua espanhola, aceitaram o desafio de escrever sobre uma cidade capital que lhes tivesse proporcionado bons ou/e maus momentos. Aos textos juntou-se ou fotografias ou ilustrações ou desenhos constituídos ora por linhas ora por sombras, tudo imprimido em papel de dura resistibilidade. Uma profícua e delineada junção de artes, tanto escritas, como visuais, assim se compõe e se carateriza o primeiro livro da Edições Parsifal.
Contos Capitais é um livro bem limado em todos os vértices, desde o design, passando pela concepção, acabamentos, e nas várias mãos que devem terem-se unido para o nascimento deste objecto livro.
Mas vamos ao miolo da obra. Dados a conhecer, maioritariamente sob a forma de conto, os textos têm algo que os distinguem, além das cidades abordadas por cada escritor: a profusão de estilos, tons, vozes utilizados. Falar dalguns dos escritores maiores como Borges, Neruda, Joyce, é remetermo-nos também às cidades que os viram nascer e inspiraram-os escrever algumas obras. Borges é referido nos textos de José Jorge Letria e por Miguel Real, por exemplo.
Eis outros destinos conhecidos através da leitura deste livro: Havana (por José Carlos Barros); às ruas de Londres por onde Jack, o estripador deixou «sombras» (por Filipa Vera Jardim); a La Paz da Bolívia e a La Paz do México, de Ernesto Honesto, um jovem que nunca mais irá comprar um bilhete de avião por «impulso» (quem nos conta esta história trocada e humorada é a viajante Raquel Ochoa); a Paris, através de um conto suculento, sobre um rapazinho que atraiçoa um coração para o receber… (por Maria do Rosário Pedreira); Montevideu, muito bem apresentada por João Ricardo Pedro, que afirma: «…todas as viagens são viagens de regresso….» (p. 237).
Três dos textos imperdíveis desta colectânea, foram escritos na primeira pessoa, em tom intimista, pertencem a José Manuel Saraiva, Tiago Salazar e José Mário Silva. O primeiro é sobre uma homenagem que o escritor, todos os anos, presta a um ex-militar que jaz na cidade do Luxemburgo. Um texto emocionante.
O segundo, conta como o Kósmos encarregou de juntar-lhe (ao escritor) a um outro ser, no (a)caso, o (re)encontro deu-se numa viagem a Brasília, que o autor de Hei-de amar-te mais (livro a publicar brevemente) aceitou fazer, sem saber bem porquê. Salazar fala-nos das energias do Brasil e da sua propensão ao magnetismo.
Por fim o texto de José Mário Silva, que logo a abrir escreve: «Esta é a história de uma derrota. Esta é a derrota de uma história. As minhas mãos tremem.» A história passa-se/passou-se em Washington, por entre jogos de xadrez, encontros e desencontros, e uma carta. É uma história que transmite muito de quem a escreveu. As feridas que não se veem são as que mais se sentem. E quando as copiamos para o papel e partilhamo-las, elas passam a ser de quem as sentiu e as interpretou [sejam histórias ficcionadas ou não].
O feedback de Contos Policiais é ser esta uma obra rara no meio editorial.

3 comentários:

  1. Parece-me uma obra muito interessante.

    ResponderEliminar
  2. Este livro tem a particularidade de ter a participaçãode 26 escritores portugueses, escrevendo sobre uma cidade capital. Está de parabéns a editora "Parsifal".

    ResponderEliminar
  3. Livro muito interessante e bem conseguido :)

    ResponderEliminar