Qualquer
pessoa por mais leiga que seja em matéria de arte, conhece com certeza algumas
das criações de Salvador Dalí. Relógios maleáveis e coloridos, praias e dunas
desertas, animais de patas compridas e disformes, elefantes com pernas quebradiças,
formigas e gafanhotos desproporcionais, etc. Enfim, o pintor espanhol nascido a
11 de Maio de 1904 criou inúmeras peças de arte com temáticas ilusionistas e
utópicas – muito sui generis.
O
ovo é uma das imagens comuns nas obras de Dalí, que aliais, é um dos marcos
arquitectónicos que podemos mirar na Casa-Museu Salvador Dalí – situada em Port
Lligat, onde o pintor viveu. Desde muito cedo Dalí – afirma na sua
autobiografia, em 1942 – descobre a sua vocação: ser um artista. Nascido numa família
catalã de classe-média, Salvador Domingo Felipe Jacinto Dalí i Domènech –
o seu nome completo – foi o segundo descendente do casal. O seu irmão, também chamado
Salvador, foi o filho primogénito, mas faleceu antes do pequeno Dalí nascer; a irmã
mais nova chamava-se Ana Maria e foi, posteriormente, além da sua futura
esposa, o único modelo que pousou para ele ao longo de toda a sua carreira. Podemos
vê-la, por exemplo, em Menina à Janela.
O
jovem frequentou o ensino numa escola de Desenho, e em 1916 – Dalí com doze
anos – descobriu a pintura impressionista.
Aos
dezasseis, Dalí sofreu com o falecimento da sua mãe, afirmando ele ter sido o
maior golpe na sua vida, até então. É nesse ano de resiliência afectiva que muda-se
para Madrid e inicia os estudos na Academia de Artes de San Fernando, concluindo-os
cinco anos depois.
Dono
de um modo peculiar e arrojado, Dalí apresentava-se de forma excêntrica e
teatral na sociedade, muito devido ao seu refinado bigode (imagem de marca) e
olhar inquisidor. Era detentor de atitudes e pensamentos extravagantes, sendo o
elemento Ilusão seu apanágio. Estas características
de personalidade criaram-lhe alguns atritos e muita celeuma na sua vida pessoal
e profissional.
Após
os estudos, e em viagem por Paris, o pintor é apresentado ao célebre Pablo
Picasso, no ano de 1929, e a partir desta data a sua vida artística ganha uma
força motriz avassaladora. Até os anos 40 Dalí produz obras em quantidade e em
qualidade, sempre surpreendendo os espectadores das mesmas com imagens
surreais, dotadas de ficção e humor. No plano familiar Dalí, após cinco anos de
namoro, casa com Gala Éluard, a sua eterna musa inspiradora. Aquando da Segunda
Guerra Mundial o casal muda-se para os E.U.A., hiato esse que durou oito anos. Nessa
temporada o artista realizou, no Museu de Arte Moderna de Nova York, a sua
maior exposição, e colaborou com o cineasta Alfred Hitchcock e com a Walt
Disney.
De
regresso a Espanha, o génio transforma todo o suporte material onde toca em
arte. Trabalhos em pintura, escultura, cenografia, litografia, desenho, fazem
da sua obra – cerca de de 1.500 obras –, uma das mais ricas e pioneiras no seu estilo.
Uma das suas principais obras, a sua magnum
opus, intitula-se A Persistência da
Memória, tela onde o artista pintou três relógios sob um raio de sol,
marcando horas diferentes. Sobre
essa obra Dalí
mencionou: «No dia em que decidi pintar os relógios, pintei-os moles. Isso
aconteceu numa noite de fadiga.»
A
segunda maior perda que o célebre pintor teve aconteceu em 1982, quando Gala
morreu. Nos dois anos seguintes Dalí passa por períodos depressivos. A vida de
um dos maiores génios de todos os tempos tem o epílogo em 1989. O seu legado
para a Arte Contemporânea, esse é indelével.
«A minha única
diferença em relação a um homem louco é que eu não sou louco!»
Salvador Dalí
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