Editora: Pergaminho
Data de publicação: 07/10/2016 N.º de páginas: 264 |
Vivemos numa época em que comunicamos cada vez mais depressa e cada vez pior. As palavras, nas quais depositamos tanta confiança, não representam mais de dez por cento da nossa comunicação, dizem os especialistas. Muito da nossa linguagem corporal é inconsciente e no mundo actual, tão complexo e competitivo, a capacidade de comunicarmos com clareza, confiança e credibilidade é vital para o nosso sucesso pessoal e profissional. Se nunca prestamos atenção à maneira como transmitimos informação aos outros, se nunca nos foi dito que saber comunicar bem é essencial para vivermos e estarmos em sociedade, não é de estranhar que muitos de nós tenhamos dificuldade em saber comunicar com os outros no sentido de construir e estabelecer relacções de empatia.O autor deste livro, Thomas d'Ansembourg, é psicoterapeutra e especialista na arte da Comunicação. A base que suporta toda a sua formação é a Comunicação Não violenta (CNV) – método fundado pelo americano Marshall Rosenberg –, que tem como principal objetivo resgatar o que há de mais genuíno nas pessoas: suas emoções e valores.Os elementos deste processo de comunicar que privilegia a assertividade são: Observação (O), Sentimento (S), Necessidade (N), Pedido (P). Ao longo do livro, o autor relata vários testemunhos de pessoas que ao pôr em práctica os seus ensinamentos constataram que as suas mensagens eram melhor compreendidas pelos outros, e vice-versa.O primeiro princípio da CNV, diz-nos o especialista, é substituir todo e qualquer juízo – i.e., toda e qualquer crítica – por uma observação objectiva. Frases que comecem por «eu» em vez de «tu» podem fazer toda a diferença quando quisermos revelar ao nosso ouvinte algum desagrado por x situação; se falarmos do que «nós» sentimos, ninguém pode discutir connosco. Esta é uma das chaves mestras da comunicação emocional, diz-nos o autor de Being Genuine, Être heureux ce n'est pas necessairement confortable e De Je au Nous.A seguinte citação encontrada no epílogo de Deixe de Ser Simpático, Seja Verdadeiro, resume bem o quanto a CNV pode fazer por nós: «a violência não é a expressão da nossa natureza. Ela é a expressão da frustação da nossa natureza (...) A violência serve para exprimir as nossas necessidades quando estas não são reconhecidas ou satisfeitas.» (p. 241)Na óptica do desenvolvimento pessoal, este livro, muito fácil de assimilar e recheado de conselhos práticos, ajuda-nos a saber comunicar com os outros, a enquadrar-se no nosso ambiente e, mais importante, a saber comunicar connosco próprios.Deixe de Ser Simpático, Seja Verdadeiro constitui uma leitura enriquecedora para qualquer tipo de leitor, independente da sua idade, até porque quem não quer comunicar com sucesso?Há a salientar que, visto que este livro foi originalmente publicado em 2001, o tema da comunicação (violenta) nas redes sociais não é referido. Sem dúvida que esse capítulo teria muito conteúdo por revelar.Citações«O julgamento aprisiona o outro. Ele afasta-nos do outro, da realidade e de nós (...) Quando julgo, não me interrogo sobre mim, nem sobre o outro, pelo contrário, separo-me do meu ser profundo e do ser profundo do outro (...) o julgamento paralisa, congela a realidade.» (p. 74)«A empatia é a chave da qualidade da relação connosco próprios e com os outros. É ela que cura, alivia, vivifica.» (p. 147)«Estar à escuta é ter confiança na capacidade de ser do outro, que lhe permitirá encontrar por si próprio as suas soluções.» (p. 177)
A má comunicação realmente pode levar a equívocos!
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