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domingo, 31 de dezembro de 2017

Balanços leituras 2017

De todos os livros publicados em 2017, selecionei os seguintes como os que marcaram-me mais pela positiva, nos géneros ficção, não-ficção e infanto-juvenil:
A Rapariga de Antes – JP Delaney (Ed. Suma de Letras)
As Nossas Almas na Noite – Kent Haruf (Ed. Alfaguara)
Nada – Jane Teller (Ed. Bertrand)

Pequeno Manual para a Vida – Epicteto (Ed. Alma dos Livros)
A Falta de Sentido na Vida – Viktor Frankl (Ed. Pergaminho)
Pensar. Sentir. Viver.Diogo Telles Correia e Judite Sousa (Ed. Bertrand)

O Urso e o Piano David Lichtfield (Ed. Booksmile)
Em Que Pensas Tu? Laurent Moreau (Ed. O Bichinho de Conto)
Há um Tigre no Jardim Lizzy Stewart (Ed. Fábula)
Esconder-se num canto do mundo Jimmy Liao (Ed. Kalandraka)

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Novo livro da autora madeirense Patrícia Jarimba: «Uma Viagem de Cura pelo Seu interior»

Uma Viagem de Cura pelo Seu interior, da autora madeirense Patrícia Jarimba, um livro que contém exercícios, orações, mantras e acesso exclusivo a meditações guiadas, é o título de uma das novidades da Editorial Planeta, que chega às livrarias a 2 de Janeiro. Os outros títulos de não-ficção a serem publicados também no mesmo dia pela mesma editora são Educar na Realidade, de Catherine L’Ecuyer, e Digital Scale, de Jürgen Meffert e Pedro Mendonça.

Texto sinóptico
Um autêntico guia prático de saúde espiritual para uma viagem de transformação profunda, reveladora e muito libertadora, que ninguém vai querer dispensar.
Com exercícios práticos e simples, mas ao mesmo tempo intensos e profundos, que vão mexer com a essência de cada um, os leitores vão aperceber-se do que é realmente importante nas suas vidas, reconhecer e aprender a lidar com medos, reduzir os seus níveis de stress e ansiedade, aprender a aceitar os seus defeitos e a gostar de si como são, minimizar reacções de zanga, raiva e sentimentos negativos, aprender a proteger-se de más energias, praticar a gratidão e, até, perceber qual a sua verdadeira missão nesta vida.
«Você merece tudo o que de bom a vida tem para lhe oferecer. Acredite nisto, pois o poder para triunfar e ser feliz reside dentro de si. E não se esqueça: quando tem de acontecer, o Universo conspira a nosso favor.»
Outros títulos da mesma autora: A Magia do Baralho Cigano e A Magia do Oráculo dos Anjos

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

«Há um Tigre no Jardim», de Lizzy Stewart

Editora: Fábula
Data de publicação: Nov. de 2017
N.º de páginas: 40
Nora está aborrecida em casa da avó. Ao aperceber-se que a neta está entediada de brincar e pintar desenhos, ela diz-lhe que existe um tigre no jardim da casa: «Pareceu-me ver lá um tigre, esta manhã». Mas Nora acha-se já muito crescida para cair na artimanha da avó. Mesmo assim, para provar que não existe tigre nenhum — afinal, todos sabem que os tigres vivem apenas na selva, não em jardins —, ela decide procurá-lo.
Acompanhada por Rafa, a sua girafa de peluche, assim que Nora inicia a sua visita ao jardim repleto de plantas, arbustos e muita vegetação, ela descobre um mundo que nunca havera imaginado onde habitam, entre outros, libelinhas gigantes e ursos-polares.
Deslumbrada com esse novo universo encantatório, Nora deixa a sua imaginação divagar e dá de caras com um vulto alaranjado, que lhe sussurra: «Se tu acreditares em mim, talvez eu exista de verdade».
Há um Tigre no Jardim é o livro que venceu a edição de 2017 do prestigiado prémio Waterstones para Melhor Livro Ilustrado. Depois de publicar o livro vencedor de 2016 desta mesma categoria, O Urso e o Piano, o Grupo 20|20, através da chancela Fábula, faz chegar agora aos leitores amantes de histórias ilustradas, este álbum encantador. A relação de carinho entre avós-netos é bem explorada nesta história, não só através do texto pleno de metáforas e simbolismo, mas também, e principalmente, por meio de lustrações coloridas, vívidas e dinâmicas, que fomentam a imaginação de qualquer criança (e adulto).
Há um Tigre no Jardim é a primeira obra infanto-juvenil da ilustradora e artista plástica Lizzy Stewart, que já anunciou o título do seu próximo livro: Juniper Jupiter, a ser publicado em Março do próximo ano.
Uma nota especial para um dos grandes atrativos deste álbum ilustrado: além da capa estar muito bem conseguida visualmente, ela apresenta relevos em algumas partes das figuras e vegetação da ilustração estampada; uma verdadeira tela interativa. Este livro é realmente um regalo para os sentidos.

«Reino de Feras» é o título de um dos primeiros livros de 2018

Até onde vai uma mãe para proteger o seu filho?
Esta é premissa do livro Reino de Feras, a primeira incursão da escritora Gin Phillips no mundo do thriller. Esta obra, que está a ser aclamada pelo público e pela crítica, é segundo o Washington Independent Review of Books «Uma potente leitura que equilibra empatia e medo, pois levanta questões complexas sobre a natureza humana.»

A Suma de Letras disponibiliza este livro nas livrarias a partir do dia 2 de Janeiro. Que tal iniciar 2018 com muita adrenalina?
Texto sinóptico
Lincoln é um bom menino. Aos quatro anos, é curioso, inteligente e bem-comportado. Lincoln faz o que a mãe diz e sabe quais são as regras.
«As regras hoje são diferentes. As regras são que temos de nos esconder e não deixar que o homem da pistola nos encontre.»
Quando um dia comum no Jardim Zoológico se transfoma num pesadelo, Joan fica presa com o seu querido filho. tem de reunir todas as suas forças, encontrar a coragem oculta e proteger Lincoln a todo o custo - mesmo que isso signifique cruzar a linha entre o certo e o errado, entre a humanidade e o instinto animal.
É uma linha que nenhum de nós jamais sonharia cruzar.
Mas, por vezes, as regras são diferentes.
Um passeio de emoção magistral e uma exploração da maternidade em si - desde os ternos momentos de graça até ao poder selvagem. Reino de Feras questiona onde se encontra o limite entre o instinto animal para sobreviver e o dever humano de proteger os outros. Por quem deve uma mãe arriscar a sua vida?

Elogios de imprensa
«Philips constrói as personagens de forma extraordinária e a sua prosa é habilidosa e evocativa. Aflitivo e profundo, este thriller cheio de adrenalina quebrará os leitores como uma bala atravessa o osso.»
Kirkus Review

«Gin Philips capta habilmente o terror da situação mas também a beleza das minúcias da nossa vida quotidiana.»
Library Journal

«Um tiro de adrenalina pura. Mas não é apenas a acção que o manterá a virar estas páginas: Reino de Feras é também uma história comovente.»
Entertainment Weekly

«Não conseguirá parar de ler. Adrenalina pura.»
The Guardian

«Ao introduzir a ameaça de violência, o livro amplifica as preocupações domésticas quotidianas, produzindo uma espécie de cristalização da experiência da paternidade.»
New Yorker

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

«Vou Amar-te para Sempre», de Owen Hart e Sean Julian

Data de publicação: Out. de 2017
N.º de páginas: 32


O Ursinho acordou entusiasmado no aconchego seguro dos braços da mãe.
No Inverno, uma mãe ursa e a sua cria recém-nascida partem numa aventura juntas. Imberbe, ávido de experienciar os primeiros contactos com o meio natural, mesmo com receio do desconhecido, o pequeno urso diz para a mãe: «Eu quero ver o mundo!». E lá iniciam uma jornada para, segundo a progenitora, «tão longe quanto pudermos!».
Consoante os dias e estações vão transmutando, ambos passeiam pela floresta onde o urso menor: vislumbra pela primeira vez uma flor; mergulha no oceano e descobre as preciosidades que se escondem nas profundezas do mar; vê os flocos de neve a cobrir os ramos das árvores; conhece outros animais que partilham o mesmo habitat: «Nós partilhamos o nosso mundo com muitas criaturas especiais».
Passam-se assim as quatro estações e numa noite de lua cheia, a ursa-mãe diz uma coisa muito especial à sua cria: «Não importa quão longe estejas, o meu amor irá sempre alcançar-te.»
Ao longo da longa caminhada dos protagonistas de Vou Amar-te para Sempre, vamos presenciando a conexão e vínculo entre mãe-filho. Muita desta relação é-nos revelada através de um texto pleno de lirismo, metáforas e simbólica, mas também através de bonitas ilustrações elaboradas em aguarelas e cera, que preenchem 13 páginas duplas do álbum. Através desta combinação, esta curta história mostra de forma ternurenta as transformações que ocorrem na vida dos pais com o nascimento dos filhos, mas também o amor e carinho entre pais e filhos, que neste álbum é apresentado de forma muito atraente.

Sabes, um dia, quando fores mais velho, também poderás ter a tua própria aventura

Este álbum direcionado para pré-leitores e primeiros leitores foi traduzido para português por Pedro Costa a partir de I’ll Love You Forever. Referir que este é o terceiro livro de Owen Hart, autor que publicou anteriormente I Can't Sleep! e Best Friends Forever. Sean Julian já ilustrou mais de 10 livros como A Friend like You, Bear Can’t Sleep! e Sloppy Wants a Hug.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

«A Mais Absurda das Religiões» é o título do novo livro de Nuno Costa Santos

O argumentista e escritor Nuno Costa Santos, autor também de programas radiofónicos e televisivos, acaba de lançar um novo livro: A Mais Absurda das Religiões. A Escrit'orio Editora é quem chancela esta obra chegada recentemente às livrarias. Pela mesma editora o autor tem publicados Vou Emigrar para o meu País (2014) e Melancómico (2011).

Texto sinóptico
A Mais Absurda das Religiões reúne um conjunto de crónicas, entre originais e textos publicados em jornais, revistas e blogues (Sábado, Observador, Ler, A Capital, Atlântico, etc.) do escritor e argumentista Nuno Costa Santos. Usando de um apurado poder de observação relativamente ao que o rodeia, e dominando a frase curta, certeira, o autor parte quase sempre dos pormenores do quotidiano, de um acontecimento, uma expressão, para iluminar através do seu foco as pessoas comuns, as manias, os sentimentos, as contradições. As dos outros e as suas. As nossas. Fala-nos do que é isto de ser português, mas também da condição da paternidade, da insularidade, dos Açores, dos que o marcaram e marcam. Do que acontece na pastelaria, no bairro, das redes sociais, da amizade, da solidão, de música, de escritores, de expressões do arco-da-velha, do drama maior de comprar um par de sapatos um número acima. Da condição de cronista. E quase sempre, em quase tudo, de uma certa poesia.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Editora Arena publica «O Livro do Natal»

Numa época em que só se sente o espírito de Natal, O Livro do Natal (Edição: Arena) é um livro para o celebrar.

Sinopse
Livro com histórias, tradições, receitas, etc., alusivos ao Natal, que parte das tradições do mundo, passa para as portuguesas, as de cada família e termina nas memórias pessoais do leitor.
O Natal é o que cada um faz dessa época do ano. Sem culpas, nem juízos, este livro vai ajudar a não esquecer presentes, receitas e decorações.
Guarde todas as suas tradições e desejos, e conte com este livro para celebrar um Natal com tudo o que se passou ao longo dos outros meses. Guarde tudo no seu Livro de Natal, e abra-o em dezembro, pronto a usa.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

«O Homem de Giz», o livro que antes de ser publicado já é aplaudido internacionalmente

https://www.facebook.com/silenciosquefalam/photos/a.187362988008873.45353.178784915533347/1561686003909891/?type=3&theater
Booktrailer
Eu já tenho O livro que vai dar muito que falar em 2018. Um fenómeno editorial antes da sua publicação. O Homem de Giz, o tríler de estreia da inglesa C. J. Tudor, só chega às livrarias portuguesas a 16 de Janeiro, numa edição a cargo da Planeta, editora que está a apostar fortemente numa campanha de promoção desta obra.

Toda a gente tem segredos.
Toda a gente é culpada de alguma coisa.
E as crianças nem sempre são inocentes.

«[Há] muito tempo que não tinha uma noite em branco devido a um livro. O Homem de Giz mudou isso. Muitos parabéns C. J Tudor!»
Fiona Barton, autora best-seller de A Viúva e O Silêncio

Eis um excerto do prólogo: «A cabeça da rapariga descansava sobre um pequeno monte de folhas castanhas e cor de laranja.
Os olhos cor de avelã fitavam o dossel frondoso dos sicómoros, das faias e dos carvalhos, mas sem verem os dedos hesitantes dos raios de Sol que se insinuavam por entre as ramadas, a polvilhar de ouro o solo da floresta. Não pestanejaram quando os escaravelhos negros de dorso brilhante fugiram apressadamente sobre as pupilas. Já não viam nada, além das trevas.»

«Allumette», de Tomi Ungerer

Editora: Kalandraka
Data de publicação: 17/11/2017
N.º de páginas: 40

É época de Natal e a cidade está cheia de transeuntes, que em frenesim entram e saem das lojas. As pessoas estão tão concentradas no que para elas é tido como essencial, que por nenhum momento reparam numa menina com ar sombrio e tristonho que tenta vender caixas de fósforos. Allumette, a menina com aspecto raquítico e moribundo, não tem casa, deambula pelas ruas e os restos de comida que encontra nas lixeiras são o seu único sustento.
O frio e a fome amarguram o âmago desta criança órfã que gostava também de sentir o espírito de Natal, mas todos a olham de soslaio, com indiferença; é chamada de «verme» e «monte de lixo».
Já no fim da noite, «Allumette parou junto de um prédio em construção. Com o último fósforo que tinha, acendeu uma fogueira» e incandescia-se um pequeno incêndio. Assustada com a luz do fogo, ela tenta fugir o mais rápido possível, mas as suas forças impedem-na de ir até muito longe. Desfalecida, caída no chão, e a julgar que os seus últimos momentos de vida estavam a se esgotar, Allumette começa a rezar e a vislumbrar coisas que nunca teve: bolos, perus, bonecos, camas, televisores, banheiras, etc. Mas o que ela não imaginava é que «alguém a tinha escutado».
Em Allumette (1974), o autor e ilustrador francês Tomi Ungerer (n. 1931), cuja produção literária contabiliza cerca de 140 obras, aponta o dedo a comportamentos inapropriados de uma sociedade que rege-se pelo preconceito, crueldade e superficialidade. A pequena protagonista, embora frágil é destemida — esta dualidade é um dos elementos que estão presentes em muitos dos livros do autor; numa entrevista, Tomi Ungerer afirmou: «Eu acho que é crucial mostrar às crianças que, independentemente das falhas de qualquer um, sempre há uma maneira de sobreviver e vencer por ser diferente e tirar o melhor proveito do que tem. Quero mostrar às crianças que todos são diferentes, mas igualmente únicos.»
As aguarelas que dão vida a esta história têm cores vivas, mas é o preto a cor que predomina, nos contornos das figuras e nas manchas que servem de pano de fundo para algumas ilustrações. Este estilo sombrio evidencia a dor e o sofrimento de Allumette que acompanha as primeiras páginas da história; no entanto, dado que com o evoluir da ação a sua vida ganha cor e esperança, talvez o autor pudesse ter suavizado mais este efeito nas últimas ilustrações. Em todo o caso, em nada este pormenor técnico minimiza a mensagem de esperança, justiça e resiliência que ele faz passar através desta história inspirada no clássico A menina dos fósforos (1845), do escritor Hans Christian Andersen (1805-1875).

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Novo romance de John Green: «Mil Vezes Adeus»

O escritor norte-americano John Green, autor de best-sellers como A Culpa é das Estrelas e Cidades de Papel (ambos já adaptados ao cinema), está de regresso à ficção com um livro cujo mote é: O amor não é uma tragédia ou um fracasso, mas uma dádiva. Para o autor, Mil Vezes Adeus (Edições ASA) foi o seu livro mais difícil de escrever, porque sentia uma grande expectativa por parte dos seus fãs, que ansiavam uma nova história arrebatadora.
Mil Vezes Adeus, um livro sobre o amor, a resiliência e o poder da amizade, é para o The New York Times, o mais espantoso romance de John Green.
Sinopse
Não era intenção de Aza, uma jovem de dezasseis anos, investigar o enigmático desaparecimento do bilionário Russell Pickett. Mas estão em jogo uma recompensa de cem mil dólares e a vontade da sua melhor amiga Daisy, que se sente fascinada pelo mistério. Juntas, irão transpor a distância (tão curta, e no entanto tão vasta) que as separa de Davis, o filho do desaparecido.
Mas Aza debate-se também com as suas batalhas interiores. Por mais que tente ser uma boa filha, amiga, aluna, e quiçá detetive, tem de lidar diariamente com as suas penosas e asfixiantes «espirais de pensamentos». Como pode ser uma boa amiga se está constantemente a pôr entraves às aventuras que lhe surgem no caminho? Como pode ser uma boa filha se é incapaz de exprimir o que sente à mãe? Como pode ser uma boa namorada se, em vez de desfrutar de um beijo, só consegue pensar nos milhões de bactérias que as suas bocas partilham?

sábado, 9 de dezembro de 2017

«A Festa das Bruxas», de Agatha Christie

Editora: ASA
Data de publicação: Out. 2017
N.º de páginas: 304

O título n.º 6 da nova coleção da ASA dedicada às obras de Agatha Christie que, dado o seu grafismo colorido e dinâmico, visa cativar o público juvenil para conhecer as histórias policiais desta que foi e continua a ser a grande escritora do crime, intitula-se A Festa das Bruxas. Datado de 1969 — na altura a autora tinha 79 anos —, este romance apresenta um dos mistérios mais elaborados que Agatha escreveu.
Na vila de Woodleigh Common, em Inglaterra, é com pompa e circunstância que uma festa da Noite das Bruxas é preparada. A anfitriã da festa, que terá como convidados na sua maioria adolescentes, é Mrs. Drake Rowena. Uma das convidadas especiais é a famosa escritora de romances policiais Ariadne Oliver (podemos encontrar esta personagem carismática criada por Agatha Christie em romances como O Cavalo Amarelo e Os Elefantes Não Esquecem). É durante os preparativos da festividade que Joyce, uma das adolescentes presentes, talvez com o intuito de chamar a atenção da sua escritora favorita, afirma: «uma vez vi um assassinato». Ninguém acredita, porque a jovem de 13 anos era conhecida por se gabar de coisas que não haviam acontecido e por se meter onde não devia. O certo é que alguém que estava a ajudar nos preparativos e que cometeu um assassinato há pouco tempo e escapou, alguém que nunca esperava ser descoberto, teve subitamente um grande choque com a revelação de Joyce. Quando a festa termina ela aparece estrangulada e afogada num balde com água, que serviu para um dos jogos da noite. Chocada com o crime, Ariadne pede ajuda a Poirot, para que ele a ajude a descobrir o culpado.
Poirot começa a questionar todas as pessoas presentes antes e durante a festa, e começa a investigar os homicídios mais recentes que deram-se na vila, entre os quais o de uma professora estrangulada e um funcionário de escritório de advogados esfaqueado. Mas o puzzle deste mistério só fica completo quando Poirot ouvir o que a mulher que se fez passar por bruxa na festa, tem a dizer…
Em A Festa das Bruxas, a Rainha do Crime prova que mesmo com uma idade avançada, continuava no auge da sua imaginação, ao criar um enredo e personagens bens contruídos. As últimas páginas desta história, onde o leitor fica a conhecer as ilações do detective belga sobre o culpado ou culpados da morte que centraliza toda a intriga, são simplesmente surpreendentes. Talvez, para esta obra ter ficado aprimorada, algumas informações que preenchem algumas páginas no meio do livro, poderiam ter sido um pouco depuradas; e se a personagem Ariadne Oliver tivesse mais protagonismo nesta história, tornaria A Festa das Bruxas um policial de excelência.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

«As Nossas Almas na Noite», de Kent Haruf

Edição: Alfaguara
Data de publicação: Set. 2017
N.º de páginas: 178

Numa noite de Maio na pequena cidade de Holt, no Colorado, Addie Moore bate à porta de Louis Waters, um vizinho de longa data, e faz-lhe um convite inóspito: «Pensei se tu poderias ponderar a hipótese de ires uns dias a minha casa para dormires comigo.» Ambos são septuagenários, viúvos e vivem sozinhos. Embora não mantenham relações próximas, ambos sempre foram cordiais um para o outro. É por isso que Louis, mesmo um pouco atordoado com esse convite inesperado, aceita o desafio. Assim, nos dias seguintes, ao anoitecer ele percorre o quarteirão que separa as suas casas. Antes de adormecerem, muitas vezes no escuro do quarto, ambos conversam sobre o quotidiano, os cônjuges falecidos, os filhos — que reprovaram a companhia nocturna entre ambos —, e assim, aprendem a dividir os seus medos, segredos e sonhos, nessas conversas noite dentro — o sexo não era algo que fosse questionado sequer, nos primeiros tempos. Nas manhãs seguintes, Louis volta para casa.
Numa vila onde todos se conhecem, os encontros noctívagos entre ambos logo começam a ser falados e ambos começam a ser olhados de soslaio, mas para Addie esses burburinhos não lhe fazem impressão: «Já resolvi que não vou ligar àquilo que as pessoas pensam.»
Com o passar do tempo, começa a surgir uma inesperada relação entre os dois, de companheirismo, afecto e amor. Mas os filhos por vezes não compreendem que os pais podem e devem refazer a vida, e tudo se complica: Gene, o filho de Addie, faz um ultimato à mãe, e esta terá de escolher entre manter um laço de consanguinidade, o único que lhe resta, ou continuar a receber as visitas de Louis.
As Nossas Almas na Noite, tradução de Paulo Ramos a partir de Our Souls at Night, título originalmente publicado em 2015, é um romance que capta de modo singelo e franco o amor que pode surgir inesperadamente entre duas pessoas que já viveram muito. Neste curto romance, o escritor norte-americano Kent Haruf (1943-2014) retrata com ternura e delicadeza a fase de chegar-se a velho, mas ainda com vontade para amar.
É um livro enternecedor, escrito de forma despretensiosa através de diálogos reduzidos, purgados ao essencial, que tem passagens súbtis e sublimes como a seguinte: «No quarto de Addie, Louis pôs a mão fora da janela para apanhar uns pingos de chuva que escorriam pela goteira, voltou para a cama e tocou com a mão molhada no rosto macio dela.» (p. 99)
As Nossas Almas na Noite, o último livro que o autor escreveu (nos últimos dos seus dias), foi adaptado para a tela, e estreou no passado dia 29 de Setembro na Netflix, contando com Jane Fonda e Robert Redford nos principais papéis (trailer).

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Uma das novidades de Dezembro: «O Último Natal em Paris»

O Último Natal em Paris
de Hazel Gaynore e Heather Webb
Um romance histórico, passado na cidade do amor, que tem como história base a época natalícia.
Agosto de 1914. Inglaterra está em guerra. Evie Elliott vê o seu irmão, Will, e o seu melhor amigo, Thomas Harding, partirem para as trincheiras e acredita, como toda a gente, que tudo terá terminado antes do Natal, altura em que os três pretendem festejar nos cafés de Paris. Mas a História diz-nos que as coisas não foram bem assim…
Evie e Thomas vivem uma guerra bem diferente. Frustrada pela vida privilegiada de senhorita de bem, Evie anseia por desempenhar um papel mais relevante no conflito… Mas como? Por sua vez, Thomas debate-se com batalhas pessoais e familiares, além da dura realidade da guerra. Por meio de cartas, Evie e Thomas partilham as suas maiores esperanças e receios, e o afeto mútuo cresce à distância. Poderá o amor florescer no meio do horror da I Guerra Mundial, ou irá o destino impedi-lo?
Natal de 1968. Com a saúde debilitada, Thomas regressa a Paris com um molho de cartas precioso nas mãos e determinado a deixar partir os fantasmas do seu passado. Mas uma última carta aguarda lá por ele…

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

«Talvez para Sempre», de José Gameiro

Edição: Matéria-Prima
Data de publicação: 25-10-2017
N.º de páginas: 176

O psiquiatra e terapeuta de casais José Gameiro (n. 1949) tem um novo livro de crónicas. São mais de cinquenta textos que na sua maioria foram publicados originalmente no Expresso, semanário para qual o autor escreve há quase dez anos.
Em Talvez para Sempre, o especialista em terapia familiar aborda temas crónicos e rotineiros relacionados com a vida conjugal. Sejam baseados em casos verídicos ou simplesmente fruto da imaginação do autor, nas duas primeiras partes da obra, o leitor vai conhecendo, através de narradores masculinos e femininos, histórias muito sui generis de casais modernos e tradicionais, que procuram, encontram, vivem e desistem do amor. São exemplos as três histórias seguintes: Um casal maduro com filhos jovens decidem ir à discoteca depois de muitos anos sem lá porem os pés e acabam por fazer as compras da semana no supermercado; um marido diz que vai viajar em trabalho e afinal quer se escapulir para os braços da amante, mas dado um imprevisto, volta mais cedo a casa e oferece à mulher jóias que afinal eram para a amante; um homem mata a amante porque esta faz chantagem com ele, dizendo que ia contar à sua mulher sobre o affair deles: «(…) peguei na seringa com o cloreto de potássio e entrei no teu coração, como nunca te tinha penetrado. Olho para ti uma última vez antes de fechar a mala do carro. És uma morta linda, deixei-te os olhos abertos para os poder ver pela última vez.»
No preâmbulo da terceira e última parte do livro, o co-fundador da Sociedade de Terapia Familiar, afirma que «O que há de fascinante em fazer terapia de casal é a imprevisibilidade da evolução da sua relação.» Os textos coligidos nestas últimas páginas são relatos de casais que passaram pelo consultório de José Gameiro à procura de uma alternativa ao divórcio. Enquanto que nas crónicas das duas primeiras partes, o leitor não consegue perceber o que é real e o que é ficção, aqui a escrita e o tom de Gameiro é mais íntimo e objectivo. «(…) porque é que temos de viver com a pessoa que amamos? Muitas vezes isso estraga tudo.», podemos ler na página 159.
Quem ler Talvez para Sempre, o terceiro livro de crónicas do autor, vai ouvir falar sobre amor, traição e sexo por quem lida há mais quarenta anos com estes assuntos da esfera conjugal. Tudo através de uma escrita irreverente e um humor inteligente, uma linguagem que podemos encontrar também em livros como Até que Consigas Voar (2014) e Até que o Amor nos Separe (2011).
Um apontamento para a capa bonita e cativante que a editora do livro escolheu apresentar. Quem lê o texto sinóptico nas badanas e contracapa do livro, tenderá a comprar o livro porque tudo dá a impressão de se tratar de um romance. Em nenhuma parte vem escrito que Talvez para Sempre é um livro de crónicas. Fica a pergunta: será que os livros de crónicas vendem menos que os romances e por isso há necessidade de “camuflar” o género literário a que uma obra pertence?


Excertos
«O amor faz-nos descobrir coisas que nunca imaginámos ser capazes de sentir, ou, ainda mais difícil, de dizer.» (p. 27)

«O casamento já não impede nada, estamos todos no mercado.» (p. 86)

«O casal é a relação mais estranha e imprevisível da natureza humana. Vale tudo, é uma espécie de relação com sete vidas, quando parece que tudo está acabado, renasce.» (p. 126)

«Os casais são como os gatos, têm sete vidas.» (p. 126)

domingo, 3 de dezembro de 2017

sábado, 2 de dezembro de 2017

Dois novos livros, divertidos e didácticos, de Maurice Sendak

Dois clássicos de Maurice Sendak, de 1962, chegam aos nossos dias plenos de frescura e de humor. João e Mais Oito - Um Livro para Contar e Vida de crocodilo - Um alfabeto, ambos traduzidos para português por Carla Maia de Almeida, chegam às livrarias já na próxima quinta-feira pela Kalandraka.
João e mais oito abre com um menino absorto na leitura de um livro, até ao momento em que ele é sobressaltado pela repentina chegada de vários animais e outros acontecimentos que, bruscamente, quebram a sua solidão. João, o protagonista, é o primeiro elo de uma cadeia que, até ao número 10, soma o rato, o gato, o cão e outras tantas personagens turbulentas. Após a respetiva enumeração por ordem ascendente, o protagonista decide retomar a sua tranquilidade e, uma a uma, vai-se libertando delas por ordem decrescente.
Vida de crocodilo é um divertido alfabeto protagonizado por uma família de crocodilos que, a brincar, a cozinhar, ou disfarçada, leva o leitor a descobrir as Letras do alfabeto, através de situações muito diversas. Em cada página, a cena representada é descrita por uma estrofe rimada que começa, sucessivamente, pela letra A, B, C…

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

«O Lápis Mágico de Malala», de Malala Yousafzai e Kerascoët

Data de publicação: 16-11-2017
N.º de páginas: 48
Eu sou Malala. Sempre desejei contribuir para que o mundo seja um lugar mais pacífico.

O Lápis Mágico de Malala é a história encurtada e aligeirada, contada na primeira pessoa, de uma menina paquistanesa que cresceu num mundo onde as mulheres deveriam ficar caladas. Mas Malala Yousafzai, uma criança corajosa e que sempre desejou «contribuir para que o mundo seja um lugar mais pacífico», recusou-se a ficar em silêncio.
Quando ela era mais nova, costumava ver um programa na televisão sobre um menino que tinha um lápis mágico. A ideia de poder proteger e transformar a vida das pessoas que precisavam de ajuda, «para tornar as outras pessoas felizes», era para Malala uma ideia-fixa.
Com o passar dos anos, ela aplicou-se nos estudos: «A escola era o meu lugar preferido». Contudo, em 2012, um acontecimento tenebroso fez com que o seu sonho fosse quase desfeito para todo o sempre: os talibãs, ao tomarem posse da região onde ela e a família viviam, entre outras limitações desumanas, proibiram todas as raparigas de frequentar a escola. Mas Malala, educada a defender os valores e sonhos em que acredita, não baixou os braços, pois para ela o direito à educação é irrevogável.

A minha voz tornou-se tão poderosa que os homens perigosos tentaram silenciar-me. Mas falharam.

O Lápis Mágico de Malala revela uma história única e inspiradora. Através de um texto simples, parco em caracteres mas pleno de simbolismo, Malala conta a sua história de forma resumida, mas tem o cuidado de não revelar em demasia os acontecimentos mais trágicos da sua vida, para não ferir a sensibilidade e ingenuidade do público-alvo desta obra: o infanto-juvenil.
A premissa de mudar o mundo com um lápis mágico é desenvolvida com sucesso, não só através da narração mas também com a parte visual do livro. As aguarelas que acompanham grande parte da história, da autoria de Kerascoët (uma dupla de ilustradores franceses: Marie Pommepuy e Sébastien Cosset), comunicam com grande subtileza as diversas emoções que a protagonista foi vivenciando, conforme cada momento por que passou.
Esta obra infantil é, portanto, um livro que passa mensagens importantes que desde tenra idade os pré-leitores devem estar já cientes.
Para quem deseja conhecer em pormenor a biografia inspiradora desta jovem agora com vinte anos, a Editorial Presença tem já publicado os livros Eu, Malala (2013) e Eu Sou Malala (2015).

Passatempo: «Done! Negócio Fechado», de Jacques Peretti

Com o apoio da Self Editora, temos para oferecer um exemplar de Done! Negócio Fechado, um livro que aborda temas acutilantes, da autoria do repórter da BBC Jacques Peretti.

No livro, fruto da suas investigações rigorosas e fidedignas, o autor esclarece tópicos como os seguintes: A crise dos bancos e a salvação com o dinheiro da droga; Os verdadeiros culpados da obesidade e a venda da sua cura; A corrupção das organizações e os estudos manipulados; A medicação excessiva e a venda de curas desnecessárias; Os robôs e o fim do emprego.

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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

«Jalan Jalan - Uma Leitura do Mundo» é o título do novo livro de Afonso Cruz

O novo livro de Afonso Cruz, chegado às livrarias a 15 deste mês pela Editora Companhia das Letras, reúne textos filosóficos, poéticos e pensamentos do autor sobre a sociedade em que vivemos. Jalan Jalan - Uma Leitura do Mundo (656 pp.), um livro com encadernação em capa dura, contém também diversas fotografias de Afonso Cruz, que além de escritor, também é ilustrador, músico e cineasta.

Sobre o livro
O mundo, dizem, é um livro. E um livro também pode conter o mundo.
Partindo das suas muitas viagens, Afonso Cruz apresenta neste livro a sua leitura do mundo, um passeio que nos leva a lugares tão diversos como a geografia, a arte, a ciência, a filosofia, e a literatura. Partilhando com o leitor as suas experiências, sugere que façamos com ele percursos idênticos, bastando, para passear assim, dar «um passo para o lado ou usar a imaginação». O resultado poderá ser, se aceitarmos o convite, uma visão nova do mundo.
Excertos
Os livros ficam muitas vezes fechados, as dedicatórias ficam escondidas em lugares que ninguém vê. Eu, que já perdi a minha infância há muito tempo, ainda espero e acredito que de cada vez que abro um livro abro também um futuro. E por vezes uma frase faz toda a diferença. (p. 255)
A arte e a literatura têm a obrigação de lacerar a realidade e de abrir a cortina para novas possibilidades - como diria Rumi, é pela ferida que entra a luz -, a arte não deve estar em harmonia com a realidade, deve magoá-la, deve ser uma dissonância, deve recriá-la, colocar hipóteses, caminhos e perguntas. E já se sabe que uma pergunta é capaz de magoar, é tirar o tecto a uma casa e deixá-lo exposto ao céu, à luz e à tempestade.  (p. 282)
Os ratos em cativeiro, se lhes derem um espaço demasiado reduzido, começam a ter comportamentos que facilmente identificamos como os mais triviais males da sociais: roubo, violação, assassinato, tec. Esta falta de espaço, teórico ou físico, será uma das explicações mais evidentes para a dificuldade em criar uma sociedade harmónica. (p. 397)