MemóriasOs anos do exílio em Itália (Volume 1)de Élisabeth Vigée Le Brun«Pintar e viver nunca foram, para mim, senão uma e a mesma coisa.»Figura controversa na sua época, Jean-Jacques Rousseau é o autor escolhido por Élisabeth Vigée Le Brun [Paris, 1755-1842] para dar voz à epígrafe das suas Memórias. A escolha, não sendo inocente, revela-se mesmo inevitável. Mais do que as memórias da pintora oficial da rainha Maria Antonieta, ou do seu exílio de doze anos, as páginas de Vigée Le Brun reflectem um ponto de vista idêntico ao que encontramos nos textos de Rousseau, sobretudo nas Confessions ou Rêveries: o da sensibilidade que vive no olhar, o da subtileza e cadência da poesia, o da verdade de um ritmo musical ou dos múltiplos matizes da cor, o da convicção que se forma na audácia de quem se confessa sugestionável ou na intimidade visionária de quem cria. É sob esta luz que se desdobram os acontecimentos relatados pela autora.[…]Memórias ou autobiografia, estamos perante um texto que se divide em dois grandes momentos (dos quais o primeiro se publica agora em tradução). Esta primeira parte, ou volume, consta das doze cartas à princesa Kurakin (relato da vida da autora, incluindo uma viagem à Flandres, as sessões de pintura com a rainha Maria Antonieta, os anos que antecederam a Revolução, até 1789, e a sua saída de Paris) e dos dez capítulos (correspondentes a cerca de dois anos e meio, entre 1789 e 1792) que relatam a fuga e o percurso através dos Alpes e a sua estada em Itália, até à partida para a Áustria, continuando o exílio que durou cerca de doze anos.[Maria Etelvina Santos, tradutora]A autoraNasceu em Paris no ano de 1755. Foi uma das grandes retratistas do seu tempo. Tendo nascido no seio da pequena burguesia, acabará por encontrar o seu lugar entre os grandes do reino, especialmente junto do rei e da sua família, acabando por se tornar a pintora oficial da rainha Maria Antonieta.A sua vida atravessou momentos cruciais da história de França, antes e depois da Revolução Francesa, tendo acabado por se ver forçada a sair de França, em doze longos anos de exilio que a levaram a viver em vários países europeus, como a Itália, a Áustria e a Rússia. No seu percurso durante os anos de exilo o talento de Élisabeth Vigée Le Brun foi sendo reconhecido por diversas academias artísticas.Onde quer que tenha estado, nos momentos e nos ambientes mais aparazíveis e nos mais atribulados, nunca parou de pintar e, ao mesmo tempo, de contactar directamente com as obras dos grandes artistas contemporâneos e do passado. É disso que nos falam as suas Memórias, uma verdadeira galeria de «pintura» de um tempo incontornável da história de França e da Europa. Morreu em Paris no ano de 1842.
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