Da recém galardoada Nobel de Literatura 2018, a polaca Olga Tokarczuk, chega hoje às livrarias Conduz o Teu Arado sobre os Ossos dos Mortos, romance que segundo o The Guardian, é «uma surpreendente junção de thriller, comédia e tratado político, escrito por uma autora que combina um intelecto extraordinário com uma sensibilidade anárquica.»
SinopseNuma remota aldeia polaca, a excêntrica Janina Duszejko, professora reformada, divide os seus dias a traduzir a poesia de William Blake e a observar os sinais da astrologia, fazendo por manter-se afastada das pessoas e próxima dos animais, cuja companhia prefere; mas a pacatez dos seus dias vê-se interrompida quando começam a aparecer mortos vários membros do clube de caça local. Certa de encontrar respostas, Janina decide lançar-se na investigação do caso, chegando a uma estranha teoria que espalhará o terror pela comunidade.Sob a máscara de policial noir ou fábula macabra, Conduz o Teu Arado Sobre os Ossos dos Mortos é um romance mordaz e desconcertante que questiona a nossa posição acerca dos direitos dos animais e responsabilidade sobre a natureza, bem como todas as ideias preconcebidas sobre a loucura, a justiça e a tradição.Incipit«Já atingi uma idade e, além disso, um estado em que, antes de me deitar, devia lavar muito bem os pés, no caso de uma ambulância ter de me levar durante a Noite.Se, naquela noite, tivesse consultado as Efemérides para saber o que se passava no céu, não teria mesmo ido para a cama. Mas, em vez disso, caí num sono profundo, com a ajuda de um chá de lúpulo, que acompanhei com dois comprimidos de valeriana. Por isso, quando a meio da Noite alguém me acordou, batendo à porta violenta e exageradamente — sinal de mau agoiro —, não fui capaz de recuperar a consciência de imediato. Saltei da cama e pus‑me de pé, hesitante, porque ensonada. O corpo alvoroçado não era capaz de pular do sono inocente para a realidade. Senti‑me tonta e cambaleei, como se estivesse prestes a perder os sentidos. Por infortúnio, isto acontece‑me ultimamente e tem a ver com as minhas Maleitas. Tive de me sentar e repetir a mim mesma, várias vezes: estou em casa, é de Noite, está alguém a bater à porta. Somente assim consegui controlar os nervos. Enquanto procurava os chinelos às escuras, ouvia a pessoa, que antes batera à porta, andando em redor da casa e murmurando de si para si.»De Olga Tokarczuk foi publicado em Março deste ano, pela Editora Cavalo de Ferro, o livro Viagens, que actualmente está na 2ª edição.

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