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segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Obras de Primo Levi e Samuel Beckett entre as novidades das Edições 70 e Minotauro

A Chave de Luneta, de Primo Levi
Faussone, o protagonista desta «primeira obra» de Primo Levi, ou melhor, do seu primeiro romance fictício, é um trabalhador qualificado que deixa para trás a dura experiência da linha de montagem da Lancia para viajar pelo mundo a montar gruas, pontes suspensas, estruturas metálicas e instalações petrolíferas. O livro mais otimista e irónico de Primo Levi.
Sobre ele, Bernard Levin, do The Times, escreveu: «Este não é um livro para jornalistas. Os funcionários públicos também se sentirão inquietos quando o lerem, e quanto aos advogados, nunca mais dormirão. Pois trata-se de um livro sobre um homem na sua qualidade de homo faber, de fabricante de coisas com as próprias mãos, e o que fizemos nós nas nossas vidas a não ser palavras?! Digo que é "sobre" o homem que faz; na verdade, é mais um hino de louvor do que uma descrição, e não só porque o herói do livro, que é um trabalhador, é, de facto, um herói - uma figura, na sua humanidade e simplicidade, digna de ser incluída no catálogo de gigantes míticos, ao lado de Hércules, Atlas, Gargântua e Orion. Ele é Faussone, um "armador".»

Teatro Completo, de Samuel Beckett
Pela primeira vez em Portugal, é reunida a obra teatral de Samuel Beckett. O presente volume compila todas as suas peças de teatro, incluindo para rádio e televisão, e um argumento para filme.
Traduções de Francisco Frazão, Jorge Silva Melo, José Maria Vieira Mendes, Luis Miguel Cintra, Margarida Vale de Gato, Miguel Esteves Cardoso, Pedro Marques, Rui Lage e Vasco Gato. 


O Erotismo, de Georges Bataille
Tabu e sacrifício, transgressão e linguagem, morte e sensualidade, economia e excesso, eis os temas deste estudo incontornável de Georges Bataille, filósofo, romancista, poeta, pornógrafo e fervoroso católico, que tinha nos bordéis de Paris a sua verdadeira Igreja. Para Bataille, o erotismo está intimamente ligado à morte e à religião, à nostalgia da continuidade que os seres sexuados, distintos uns dos outros, separados por um abismo, sentem como uma perda irreparável. O erotismo, como os ritos sacrificiais, busca redimir esta descontinuidade. Mas este excesso vital desafia a organização das sociedades, baseada no trabalho, na razão e na cooperação. Daí o nascimento das proibições e a institucionalização da transgressão, através da instituição do tempo da festa e da orgia sagrada. De Emily Brontë a Sade, de Santa Teresa a Claude Levi-Strauss e ao Dr. Kinsey, Bataille não deixa por estudar nenhuma manifestação do erótico, abrangendo temas como a prostituição, o êxtase místico, a crueldade e a guerra organizada. Para o autor, o erotismo é uma busca psicológica em nada estranha à morte.

A Casa das Borboletas, de Katrine Engberg
Os hospitais devem ser locais de cura. Mas na unidade de tratamento coronário de um dos principais centros médicos de Copenhaga, uma enfermeira enche uma seringa com uma overdose de um medicamento para o coração e entra furtivamente no quarto de um paciente mais velho. Seis dias antes, um rapaz que distribuía jornais no centro de Copenhaga depara-se com uma descoberta macabra: o corpo nu de uma mulher morta, deitado numa fonte com os braços marcados com pequenas incisões.
Claramente, este não é um assassinato comum. O investigador Jeppe Kørner, a recuperar de um divórcio e no meio de um novo relacionamento, assume a investigação. A sua parceira, Anette Werner, agora em licença maternidade após uma gravidez inesperada, está inquieta em casa com um recém-nascido exigente e um marido igualmente exigente. Enquanto Jeppe percorre as ruas em busca de respostas, Anette decide fazer uma pequena investigação autónoma. Mas operar por conta própria expõe-na a perigos que ela nem imagina.
À medida que a investigação se desenrola por caminhos turvos, vai-se revelando a ambição e ganância que grassam sob a égide das instituições de cuidados de saúde.


Da mesma autora: A Inquilina.

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