«Silêncio - O poder dos introvertidos num mundo que não para de falar», de Susan Cain

Editora: Temas e Debates

Data de publicação 2.ª edição: 19/05/2022
N.º de páginas: 440

Publicado em Portugal em 2012, Silêncio - O poder dos introvertidos num mundo que não para de falar revelou-se um sucesso de vendas à escala global, tendo sido traduzido em mais de quarenta línguas. Esta obra, que tem muita informação validada cientificamente, alertou para a necessidade de valorizar o potencial das pessoas que têm um traço de personalidade de introversão.
Na era actual, ser alegre, forte, enérgico, sociável, possuir uma vasta rede de contactos e participar em inúmeras atividades, é tido como os atributos de uma pessoa prestigiante e bem-sucedida. Mas, será isso mesmo verdade? O mundo em que vivemos discrimina os introvertidos? O ideal é ser-se extrovertido?
A ex-advogada, investigadora e oradora americana Susain Cain (ela própria uma pessoa introvertida) diz-nos de forma peremptória que «as pessoas introvertidas são, por norma, empáticas, com um mundo interior rico, que tendem a fazer a si próprias perguntas existenciais».
Os introvertidos, por norma, sentem que há algo de errado com eles, porque não são muito faladores, porque evitam ir a festas, porque gostam mais de estar em conexão com a Natureza, etc. Cain diz-nos, neste seu livro que levou sete anos a ser concluído, que ser introvertido não é problema nenhum, que a introversão não é uma doença, mas sim resultado de um temperamento inato.
A autora descreve o que é ser introvertido, como tal é experienciado e como podemos tirar mais benefícios desta capacidade para comunicar e conviver; «[As pessoas introvertidas] possuem recursos que elas próprias desconhecem.»
Através de um relato cativante e incisivo, a autora informa-nos que numa das mais prestigiadas universidades do mundo, existe um “ideal” que pode ditar o futuro dos estudantes, dependendo da sua baixa ou alta “reatividade” temperamental.
Um dos capítulos é dedicado exclusivamente a abordar a característica de personalidade designada por HSP - Highly Sensitive Person (ou PAS - Pessoas Altamente Sensíveis) - e a sua relação com as pessoas que são introvertidas. Susan Cain relata a conversa que teve com a psicóloga americana Elaine N. Aron, que através das suas investigações decorridas na década de 1990, deu a conhecer ao mundo este traço de personalidade. De acordo com esta especialista, a maioria das pessoas que têm uma índole muito sensível é introvertida, pensam antes de agir, são observadoras e boas ouvintes, e preferem ter conversas profundas.
Embora possam ser parecidas, após terminada esta leitura, ficaremos a saber que introversão, timidez e sensibilidade são termos muito diferentes. Sendo a introversão e a extroversão dois dos assuntos mais exaustivamente investigados pela psicologia da personalidade, não admira que existam extrovertidos tímidos e introvertidos não tímidos, e até, sim, existem pessoas que são ambivertidas.
Silêncio - O poder dos introvertidos num mundo que não para de falar é um livro impressionante, repleto de informações incríveis sobre Psicologia. Não é direcionado somente para pessoas introvertidas, tímidas e sensíveis, mas também para todos os que detêm traços de personalidade opostos, pois servirá como um guia para compreender melhor conhecidos, colegas, amigos e familiares.
Existe uma versão deste livro para leitores mais jovens intitulado Poder Silencioso – As capacidades secretas dos introvertidos (2016). O mais recente livro de Susain Cain, Agridoce - Como o pesar, a nostalgia e a saudade nos tornam completos, foi publicado há um mês, pela Temas e Debates.

Excertos
«A nossa vida é tão profundamente moldada pela personalidade como pelo género ou raça. E o aspeto individual mais importante da personalidade – “o norte e o sul do temperamento”, como referiu um cientista – é o que nos encaixa no espetro introvertido-extrovertido.»

«Se for um introvertido, saberá também que o preconceito contra o silêncio pode causar profunda dor psíquica.»

«A introversão e a extroversão interagem com os nossos traços de personalidade e respetivas histórias pessoais, dando origem a tipos de pessoas profundamente diferentes.»

«O nosso temperamento inato influencia-nos, independentemente da vida que levamos. Uma parte considerável de quem somos é determinada pelos nossos genes, pelo nosso cérebro, pelo nosso sistema nervoso.»